Reconstrução

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Para toda ação, uma reação. E definitivamente, Albafica já conhecia o lado inseguro de Minos, e aquela atitude inesperada levantou algumas dúvidas. Apesar de não querer parar de beijá-lo, precisava questionar.

— Seja sincero comigo. O que houve? — interrompeu o beijo o encarando seriamente.

O espectro sentia-se intimidado, mesmo com toda insegurança rondando seu coração, Albafica merecia a verdade.

— Estou com ciúmes de seu amigo. A proximidade de vocês me incomoda, principalmente a forma tão íntima que você tem com ele. É irritante, eu estive a ponto de perder a cabeça depois que nos separamos — desabafou.

E aquela informação foi um tanto inesperada.

— Manigold? Minos, ele é um amigo de longa data, nunca tivemos nada se é isso que está pensando.

— Eu sei, só que pra mim é difícil assimilar isso. Toda sua gentileza, seu carinho, seu amor, pertencem a mim. É egoísmo demais pensar assim? — abafou a voz ao abraçar seu amante.

Albafica agora conhecia o lado possessivo do outro. Sabia que ele poderia ser um tanto controlador, mas não tão possessivamente quanto estava demonstrando. E aquilo lhe incomodou.

— Você é um idiota! — respondeu sério, fazendo Minos apertar o abraço. — Você já teve outros amores, teve a oportunidade de amar mais de uma vez. Você é meu único, não me vejo com mais ninguém. É egoísmo desejar que eu fosse seu único amor?

Havia algo que o espectro não havia refletido, e era como Albafica se sentia em relação aos seus antigos amantes. E talvez fosse aquela conversa que eles precisavam ter.

—Você não é e nunca foi egoísta minha Rosa. Eu sou impulsivo demais, acabo estragando tudo, eu não tenho mais ninguém além de você.

Era notório que a briga com Lune também havia mexido consigo, e Albafica sabia que algo estava estranho.

— Minos, me conta o que houve!

Mesmo correndo o risco de despertar a ira de Albafica e até mesmo ele o largar, o Espectro decidiu expor a verdade sobre seu verdadeiro relacionamento com Lune.

— Nós não chegamos a conversar sobre nossos aliados.

— Bem, você já conhece o Many. Ele poderia ter te matado e me delatado, mas não fez! — sem nem perceber o comentário saiu um tanto rude.

Minos estremeceu.

— Aquele dia no Yomotsu. Você lembra?

— Um de seus lacaios veio te ajudar. Ele é um de seus aliados?

— Sim, na verdade era meu amigo. E quando digo era, é porque eu destruí a única amizade que conquistei em toda minha vida.

Albafica estreitou o olhar, sentia que algo naquela informação não parecia certo, talvez porque nunca havia demonstrado afeição a alguém além de si. Nem mesmo quando ele falou de seu primeiro amor sentiu seu coração tremer daquela maneira.

— Amigo? — Perguntou como se já soubesse de algo.

— Não vou mentir pra você. Antes de te conhecer, costumava me deitar com ele. Mas era somente isso, tudo era físico — estava visivelmente nervoso, sua voz além de rouca falhava.

O cavaleiro se desvencilhou do abraço e levantou-se. Por um momento, não queria ouvir o que Minos tinha pra falar, não queria ouvi-lo falar de outro homem. Mas por outro lado, ele precisava ouvir, mesmo que aquilo estraçalha-se seu coração. Era um sentimento infeliz e ao mesmo tempo intrigante, pelo simples fato de que quando Minos falou sobre sua falecida noiva aquele sentimento não se fez presente. Será por que agora Lune estava próximo e de certa forma se tornou uma ameaça? Ou era por ele simplesmente ser um homem ou pior, Minos poderia realmente sentir algo por ele e estar confuso. Foram tantas teorias que passou em sua mente em questão de segundos.

Rosa AlbaOnde histórias criam vida. Descubra agora