O coração de Griffon

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Sua visão ainda embaçada encontrava uma rosa vermelha em sua mão. Bocejou longamente e em seguida suspirou esboçando um largo sorriso.

Acordar com um sorriso nos lábios não fazia parte da rotina da Estrela Celeste da Nobreza, até seu destino cruzar com o do cavaleiro de peixes.

Aproximou a rosa de sua face a admirando por um longo tempo.

— O que você fez comigo Rosa Alba? — questionou, como se ela lhe pudesse dar a resposta.

Mas Minos, sabia a resposta.

Estava apaixonado, era óbvio.

Seu coração palpitava acelerado só de lembrar que quem lhe dera aquela rosa fora aquele cavaleiro que tornou seus dias mais coloridos.

Seu coração parecia derreter só se imaginar-se ao lado dele novamente.

Sim, Griffon tinha um coração, e ele mesmo sorriu ao colocar sua mão involuntariamente em seu peito.

E dentro dele, somente um homem parecia ter o poder de fazer morada.

A rosa parecia estar murchando, rapidamente levantou-se e tratou de colocá-la num jarro com água. Estava no inferno, era mais do que óbvio que ela não duraria muito, mas faria seu máximo para mantê-la tão bela quanto seu portador.

A realidade veio à tona novamente.

Sentia-se vazio naquele lugar. Tudo era tão feio, tão morto.

Queria ele estar sempre perto de Albafica e manter aquela sensação de plenitude. Nunca pensou que sentir algo tão humano o fizesse cair em si.

No entanto, seus afazeres como Juiz o impeliam a planejar uma vida ao lado de Albafica.

Mas, espera aí. Desde quando o mero pensamento de uma vida ao lado de Albafica começou a surgir?

Outra pergunta óbvia demais para ser respondida.

Fora tudo tão rápido, tão intenso.

Tão...

Tão doce.

Era assim que imaginava o pisciano. Claro, sua beleza fora o que prendeu no início, no entanto, conhecer um pouco mais Albafica, só mostrou o quão especial ele era.

Que apesar de inimigo, o poupou

Que apesar de tê-lo machucado, o perdoou — bom, pelo menos era isso que achava.

Que além de tudo, preocupava-se consigo

Temia o próprio veneno e prezava pelo seu bem.

Tão forte, tão belo,

Tão ingênuo, tão gentil...

Será que Albafica sentia o mesmo? Ou será ele um tolo por criar tantas expectativas?

Inseguro...

Quanto tempo faz desde a última vez que sentiu aquela sensação de insegurança?

Meses?

Anos?

Décadas?

Aquele frio na barriga só de pensar que o veria novamente, juntamente com o medo de ser rejeitado.

Rejeição.

Um novo medo latente surgia dentro de si.

Logo ele, alguém tão louco, tão sádico e imponente, com medo da rejeição?

Droga! Se ao menos ele pudesse controlar todo aquele turbilhão de sentimentos que o aplacava.

Talvez o melhor fosse se declarar a ele. Já que o próprio não tinha mais ninguém a quem confiar.

Rosa AlbaOnde histórias criam vida. Descubra agora