NOS TEUS BRAÇOS - OMEGAVERSE (ERERI - RIREN)

Kelinci

Levi havia acabado de descer do seu cavalo e olhava para um pequeno confinamento feito semanas atrás, seu rosto transparecia incredulidade.

Após aquela manhã fatídica na biblioteca, onde havia pego aquele ômega bisbilhotando suas anotações, levou o que Eren disse em consideração. Não seria possível que ele falasse aquilo por falar, sem algum conhecimento específico ou alguma base para tal. Mesmo que nas horas seguintes Armin e ele tenham debatido sobre a possibilidade da água ser a causadora da morte dos animais, ainda não colocava fé no palpite daquele ômega.

Para sua própria surpresa, os animais confinados não morreram como os outros estavam morrendo. Com água, pasto e alimentos encantados por Armin, os animais estavam fortes.

— Alteza, isso é... inacreditável, por assim dizer — Armin disse ao apoiar a mão na pequena cerca. — Não sabemos ainda o que aconteceu com as nascentes dos rios que cercam nosso reino, mas isso estava sendo crucial para que os nossos animais morressem. É como se algo interferisse diretamente nisso, ainda não achei o que poderia ser.

— Não pare de procurar, não até que esses animais fiquem vivos como antes — Levi murmurou. — Mais alguma novidade?

— Sim, descobri que as pessoas que cuidavam das nascentes morreram ou simplesmente se mudaram. Isso explica muita coisa, sem magia...

— Sem cuidado... — completou. — Por que ninguém viu isso antes?

— Foi avisado, mas ninguém fez nada sobre isso — o tom nervoso de Armin foi presente, principalmente seu cheiro azedo. — Não duvido nada que isso possa ser coisas de rebeldes, ultimamente andam surgindo muitos por aí para enaltecer o quanto a família real é egoísta e não liga para o reino — deu de ombros.

— Como? — Levi piscou, não escondendo sua surpresa ao ouvir aquilo. Nunca tinha ouvido falar de rebeldes ou coisas do tipo. Que Armin detestava o rumo que as coisas estavam tomando era óbvio, mas isso? Nunca.

— Sim, alteza. O povo está abrindo os olhos para como vocês estão deixando o reino definhar e não fazem nada. Animais morrendo, terras inférteis, ômegas que não engravidam, crise financeira, escassez de alimentos. A potência que um dia Eldia foi, não existe mais. As minas com joias preciosas estão abandonadas, ninguém nos aceita em outros reinos, vocês estão vendo o povo passar fome e não fazem nada — Armin não economizou nas palavras, seus pais foram uma das milhares de pessoas afetadas. — É mais fácil viver à espreita dentro de um castelo luxuoso do que encarar a realidade, não é?

— Mais do que ninguém, eu carrego marcas do que aconteceu aquele dia, Arlert — com o cenho fechado, Levi retrucou, recebendo um riso sarcástico em resposta.

— Seus pais estão vivos e você ainda vive na mordomia, majestade. Ande nos subúrbios por cinco minutos e reflita se você realmente carrega "marcas" do que aconteceu — ele se virou para Levi, vestindo o capuz azul marinho novamente. — Vou procurar saber o que está infectando a água e te informo o mais rápido possível.

Levi não respondeu, apenas caminhou até seu cavalo preto, só se voltou para o súdito quando ele falou uma última vez consigo.

— Aliás, agradeça ao Eren. Ele me contou como você foi grosso com ele quando ele apenas quis ajudar. No fim, ele estava certo mesmo, o problema era na água — com essa deixa, Armin começou a caminhar, deixando Levi para trás.

O Ackerman respirou fundo, montando no cavalo para voltar ao castelo.

Havia cruzado com Eren poucas vezes após o episódio da manhã na biblioteca, onde ele havia dito sobre a água, depois disso nenhuma palavra mais foi dita. Levi apenas via reflexos do ômega se esgueirando pelos corredores, sempre trabalhando com uma determinação assustadora e, mesmo que aparentasse estar cansado, observou como ele sempre sorria ou aceitava tarefas dadas por todos. Vez ou outra, da janela enorme da biblioteca, observava Eren nos jardins dos fundos, apreciando o pôr-do-sol ou a gigantesca coleção de flores boca de leão amarelas que sua mãe tinha plantado.