Conselheiro

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Os murmúrios de descrença vieram em peso.

Eren estava tão surpreso quanto Kuchel, Kenny e Mikasa. Os quatro encararam Levi como se pedissem algum tipo de explicação.

Nada daquilo fazia sentido na cabeça de Eren, já que na noite anterior ele havia conversado com o Príncipe e em momento algum foi citado o cargo e a possibilidade de assumir qualquer coisa daquele nível. Vindo de Paradis, Eren sabia bem o peso que era ser um conselheiro real, já que Grisha havia um para quem confidenciava todos os seus passos, além de ajudá-lo sempre com questões envolvendo o reino. Era um cargo importante e alvo vulnerável a cada coisa que eventualmente acontecesse de negativo em Eldia.

O burburinho se desfez assim que a porta se abriu novamente, revelando Armin com vestes que Eren nunca havia visto o amigo usando, claramente remetendo a como ele aparecia em público estando também na corte do rei. Se recordava que, além de curandeiro e mago real, Armin era o único conselheiro que Levi não havia enxotado dali como todos os outros.

— Bom dia, majestades, altezas. Me perdoem o atraso, tive contratempos no caminho e... — a voz do ômega soou na sala do trono, mas se cessou assim que viu Eren ali. — Oh... isso sim é uma surpresa — ele parou ao lado de Eren e se curvou para as quatro autoridades presentes ali e o encarou com as sobrancelhas arqueadas como se procurasse alguma resposta, mas recebeu apenas ombros dados e entendeu que nem o próprio amigo sabia o que estava acontecendo.

— A corte real está definhando, nem atender a horários de compromissos importantes estão servindo, quem dirá ajudar a vossa alteza a governar o reino — o mesmo alfa continuou a falar, fazendo muitos concordarem e novamente o burburinho se fez presente.

Armin se virou, debochado, e estreitou os olhos.

— Sinto muito se está frustrado por não ser mais da corte, senhor Ral — alfinetou, cruzando os braços. — Se não está mais entre nós, é porque se mostrou alguém não qualificado para tal, certo?

— Como ousa? — o alfa ruivo rosnou na direção de Armin, que não se moveu. Vendo que o ômega não cederia, se virou para Kenny e Kuchel. — Majestade, exigimos uma explicação! Dois ômegas ocupando assentos na corte real? Um que nem Eldiano é e está grávido! Onde está a marca do alfa que o atou? Está vestindo e comendo às nossas custas! Com dinheiro dos nossos impostos!

— Exigimos explicações! — outro alfa, dessa vez loiro, se levantou. — Não sabemos o que está acontecendo no reino, onde o dinheiro está sendo usado. Trouxeram dezenas de famílias das aldeias para a capital e nem sabemos o motivo de tirá-los da miséria de repente!

Armin notou Eren fechar as mãos em punhos e estreitar os olhos, o ômega tinha certeza que se pudesse, chamas estariam saindo dos olhos do amigo. O olhar determinado não passou despercebido por Levi e pelo alfa ruivo, que riu debochado na direção do ômega.

— Veio de onde para não se portar como um ômega decente? — zombou, apontando o dedo para Eren. — Quase rosnando na presença de tantos alfas como um animal selvagem, sem medo e sem pudor. Como um bicho pronto para o abate.

Levi trincou os dentes e estreitou os olhos, prestes a responder o alfa, mas Eren foi mais rápido.

— E você acha que agir como um nojento seja atitude de um alfa decente, senhor Ral? — rebateu. — Sua mente é tão fechada a ponto de não aceitar ômegas no lugar que um dia você esteve? Se é tão bom e imponente como quer mostrar para todos, por que não está entre nós? — apontou para ele e Armin. — Por que não está aqui, mas sim sentado aí?

A sala de repente ficou em silêncio, mas Kuchel, Kenny, Mikasa e Levi não conseguiram esconder os sorrisos pequenos e orgulhosos na direção de Eren, até mesmo Armin. A determinação de Eren era visível até para os que já não conseguiam ver a luz em seus olhos, olhos verdes tão intensos e injustos que fariam qualquer um dos presentes se curvar apenas com a imponência que demonstravam.

NOS TEUS BRAÇOS - OMEGAVERSE (ERERI - RIREN)Onde histórias criam vida. Descubra agora