36.Quem Realmente É

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Thalia

  Ao despertar, me vi naquele lugar escuro novamente, aquele vazio imensurável coberto pela mais densa escuridão. Dei alguns passos para frente tentando encontrar algo, mas a tentativa foi em vão.  

 Foi quando subitamente um barulho se fez presente invadindo meus ouvidos, um barulho ruidoso e incomodamente alto me fez virar para sua direção. Meus olhos se arregalaram em susto ao ver que me deparei com aquela forma fantasmagórica e fragmentada de Jim Jonhson, ou o que restou dele.

-hm, olá? Jim? Está tentando se comunicar comigo?

-ecov arap adaxied megasnem ahnim odnarficed atse euq ojev- O fantasma disse, em uma língua indecifrável.

-Hã? O que disse? Pode repetir?

-ecov ed ortned oatse asicerp euq satsopser sa sadot- Ele continuou- reuq euq o riugesnoc edop missa os, ailahT rarbmel es asicerp

-Senhor Jonhson, eu não entendo!

-ecov ed odidnocse res siam eved oãn euq otiderca e oçitief mu omoc é, amsem is rop rev asicerp, zapacni uos, odut rezid et ogisnoc oãn ue- Ele disparava sem se importar com meus protestos- meb ues mereuq sodot men

-Você não esta me ouvindo! O que quer dizer?- Enfim gritei para ver se tomava a atenção dele para mim, mas nada pareceu funcionar.

-Abra os olhos!

  E assim ele sumiu, levando minhas duvidas com ele e me deixando sozinha mais uma vez nesse lugar escuro e vazio. Comecei a olhar para qualquer lugar, mas era impossível, lá eu era cega, e a única coisa que me fazia ter noção de movimento era a sensação do meu pescoço virando de um lado para o outro. 

  Me assustei ao ouvir um ruído vindo atrás de mim. Me virei para trás rapidamente e por consequência me deparei com um toca-discos de vinil. A agulha do instrumento passava pelas impressões de vinil formando um ruído que normalmente antecedia a melodia. Olhei mais atentamente ao detalhes do toca-discos e pude ver grande semelhança com um que havia em casa, era quase o mesmo. Ao lado do toca-discos havia um pequeno calendário e atrás dele, escorado no mais puro vazio estava a capa do disco, a qual o titulo estava censurado por uma faixa preta.

-O que esta fazendo? Não é mais simples so me contar o que está acontecendo?- Perguntei a vasta escuridão, sem realmente esperar uma resposta de Jim ou qualquer outro alguém-Ah esquece, você não consegue...

 Me aproximei do calendário, e nele, a caneta vermelha marcava um dia antes da data do meu aniversario, olhei para o cabeçalho e nele estava escrito o ano em que eu completaria meus 10 anos. Em outras palavras, o dia e o ano em que minha mãe faleceu em um acidente de carro. 

 Sofri outro arrepio ao ouvir o ruído do toca-discos ser substituído por uma conversa, a gravação de uma conversa, duas vozes podiam ser ouvidas, ambas estavam modificadas e mal pareciam humanas, uma parecia mais feminina por estar extremamente aguda e outra masculina por estar em um tom muito grave. E assim a conversa se seguiu:

"Eu não quero que você faça isso. Deixe ela em paz, podemos ser uma família feliz, deixar tudo isso para trás e recomeçar''

''Deixar tudo pra trás? eu já cheguei muito longe pra deixar tudo pra trás''

''Você ainda pode-''

''Covarde!'' A voz grave urrou contra a outra ''Eu não vou deixar tudo pra trás, eu não quero isso, você quer!''

''Eu quero!...Eu sinto falta de como as coisas eram antes, quando nenhum deles havia feito a sua cabeça, quando éramos só nós dois'' A voz aguda soava tremula e suplicante.

Fragmentos Da Verdade (Sally Face)Onde histórias criam vida. Descubra agora