Fragmentos Da Verdade (Sally Face)

24.Ela

Thalia

  Meus joelhos estavam tremendo como nunca, meu estomago se revirava e uma frente fria parecia acertar violentamente minha espinha, enquanto eu tentava regular minha respiração e me livrar da sensação de choque. Mas era impossível.

 É claro que eu nunca me senti muito segura nos apartamentos Addison, por inúmeras razoes. Mas o que eu e Sally presenciamos foi uma da piores.

 Eu e ele estávamos no corredor do quarto andar, ainda espantados, depois de uma visita a casa da velha senhora Rosenberg.

 Depois de lermos o diário de Jim ontem, resolvemos fazer uma visita a ela para tirar conclusões, e roubar respostas dela. Mas tudo ocorreu da maneira mais inesperada. Sally estava com seu Super Gear Boy em mãos, que detectou alguma energia estranha vindo da senhora.

 Quando Sally resolveu acionar aquele bendito botão, aconteceu quase como da ultima vez que fomos até aquele apartamento. Rosenberg tremeu em sua cadeira de balanço, mostrando sua forma podre em decomposição com sua caveira aos berros. Cena essa, que entra fácil para minha lista de ''Cenas traumáticas que nunca vão sair da minha mente'', e a lista já esta bem cheia.

 Foi em meio a isso que Rosenberg desapareceu. Ela sumiu, sumiu de verdade! Deixou de existir! Diante dos meus olhos.

- O que vamos fazer?- Disse me virando para Sal

-Não tem nada que possamos fazer, ela desapareceu- Ele respondeu

-Quanto tempo vai demorar até perceberem que aquela mulher sumiu?!-Falei

-Eu não sei!-Sally respondeu- Precisamos falar com o Todd...Talvez ele ajude, mas não agora, preciso esfriar a cabeça.

-Tudo bem, também vou voltar pra casa- Eu disse

-Nos vemos mais tarde?

-Provavelmente- Respondi, começando a andar na direção do meu apartamento- Diz pro Gizmo que eu mandei ''oi''

-Vou dizer- Sal respondeu se virando para a porta e entrando, não antes de acenar um tchau.

  Fui andando para a minha porta, mas parei assim que ouvi barulhos do lado de dentro. Eu não teria estranhado a principio, afinal hoje meu pai estaria livre em casa, mas os barulhos de dentro não eram só dele, tinha outra pessoa ali com ele. Eu conseguia ouvir murmúrios e risadas do lado interno, risadas femininas...?

 Sem demora abri a porta que estava destrancada.

   A cena diante de  mim me deixou confusa por uns sólidos segundos. Meu pai estava sentado no sofá da sala muito distraído a conversa que estava tendo com a mulher sentada ao lado dele. A mulher em questão estava virada de costas para a porta, me deixando ver apenas seus longos cabelos platinados da cor da lua. Ambos pareciam estar tendo uma conversa tão boa, a ponto de estarem imersos nela, e para acompanha-la, na mesinha de centro havia duas taças de vinho pela metade e um garrafa quase vazia.

 Eles se assustaram com minha entrada repentina, e logo ambos se viraram para mim em um pulo.

  Vinho em plenas cinco da tarde? An? Eu estou atrapalhando algo? Quem é ela?

  Pude ver a imagem da mulher mais claramente. Ela tinha olhos amarelos cativantes destacados pelo seu cabelo platinado, usava um vestido tubinho  vermelho carmim, extremamente justo em seu corpo, marcando muito bem suas curvas.

-Ah filha, eu achei que tinha ficado na casa do Larry assim que chegou da escola- Meu pai disse um pouco desajeitado, se levantando do sofá- Uh bem, tem alguém que eu quero que você conheça. Essa aqui é a Circe, uma amiga que conheci aqui na cidade.