38.Nunca Sozinha

71 6 6
                                    

● AVISO: no começo do capítulo irei citar um assunto sensível ( SUIC××I×)
Irei colocar esse símbolo ■ quando o assunto acabar, boa leitura S2

Thalia

Minha cabeça dava mil e uma voltar em seu próprio eixo, meu estomago se retorcia e eu me recusava em acreditar de que tudo aquilo que estava acontecendo fosse real.

Eu não merecia tudo isso.

Mas agora é tarde demais para qualquer coisa. Aconteceu. Tudo foi jogado para cima de mim de repente, eu podia sentir o peso em meus ombros a ponto de quebrar meu ossos, tudo estava despencando em mim, sem eu ter feito ou merecido nada.

As lagrimas caiam dos meus olhos e gotejavam na pia da cozinha do meu apartamento. Minhas pernas estavam fraquejando depois de ter vomitado no lixo após ver o terror da cena onde o corpo de Frank foi encontrado.

Foi no banheiro, a beirada da banheira estava suja de sangue que derramava e transbordava os vãos dos azulejos. Quando cheguei com a equipe, o vermelho já estava seco e grudado no banheiro, marcando o incidente.

Segundo as circunstâncias, tudo indicava que Frank havia tirado sua própria vida. Uma lâmina, dois cortes profundos. Foi encontrado deitado dentro da banheira, com seu braço direito suspenso na beirada, onde deixava derramar seu sangue ao chão.

Eu não sabia o que sentir
Alívio? Tristeza? Raiva?

Uma mistura de tudo estava se embolando como um novelo de lã em minha mente. Eu devia estar chorando? Chorando por quem? Por Frank? Ou por mim mesma?

Estremeci ao sentir uma mão passando em minhas costas.

-Calma meu bem, tudo vai se resolver- Sal disse atrás de mim, acariciando minhas costas.

Eu fiquei calada.

Sabia que Sal tentava me fazer sentir melhor, queria que funcionasse, mas não dá. Eu estou cercada por uma nevoa densa, que não tem fim, que dói, que machuca, que me espreme entre paredes. Como isso se resolveria?

Eu nasci já acompanhada de problemas, e estou fadada a perecer com eles. É isso.

-Eu quero ir pro meu quarto- Falei, e Sally colocou meu braço sobre seu ombro e me guiou lentamente até meu quarto.

As pessoas reunidas na sala me acompanhavam com os olhos. Todd e Chug conversavam a porta do apartamento, Larry conversava com alguma profissional.

Entrei em meu quarto. Por alguma razão, aquele lugar que me deu tanta paz por tanto tempo parecia estranho. Depois de saber a verdade, minha casa não me fazia me sentir "em casa", não era mais meu lar.
Passei os dedos pelos moveis e por fim me sentei na minha cama, Sally sentou ao meu lado, me abraçando, em um silêncio.

Sally não era um expert em expressar com palavras, mas todos os seus atos valiam mais que cada letra. O seu abraço era tudo que eu estava precisando agora, eu estava me sentindo uma criança assustada.

Agarrei meu travesseiro, mas por acaso, um pequeno papel caiu no carpete. Eu e Sal nos encaramos e voltamos a olhar para o papel. De longe parecia que haviam pequenos respingos vermelhos.
Me inclinei rapidamente e agarrei o pequeno papel em meus dedos.

Era um bilhete, manchado de sangue, possuía apenas quatro palavras, que conseguiram deixar meus olhos arregalados.

"Você fez sua escolha"

Fiquei calada em choque

-Thalia? O que isso significa?

-Eu não sei

Fragmentos Da Verdade (Sally Face)Onde histórias criam vida. Descubra agora