13.O Fim do Começo

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Thalia

-Espera ai, quer dizer que talvez tenha um culto por trás das mortes relacionadas ao prédio?- Larry redisse em tom de duvida, tudo que Sally e Todd haviam contado para nós sobre suas investigações.

Sally moveu a cabeça positivamente.

Isso tudo parecia muito irreal de se pensar, mas ao mesmo tempo, com tudo o que conseguimos juntar, fazia sentido.
A ideia de haver uma seita oculta por trás das mortes por aqui condiz com outras coisas que encontramos, como o que os fantasmas relataram e o que minhas visões também mostraram.

Falando nelas, Sally disse que elas reforçaram e confirmaram essa teoria. Isso me deixa assustada, eu tento buscar no fundo de minha mente o que faz esse evento acontecer, mas nunca consigo uma resposta, é frustante.

Agora somos quatro adolescentes reunidos em um quarto silencioso, mas ao mesmo tempo esse silencio era barulhento demais.

Isso foi uma revelação muito séria, acho que todos nós estavamos preocupados e perplexos demais em nossas cabeças para sequer emitir um som, diante ao problema que tomou proporções inesperadas.

Todd estava andando de um lado para o outro no quarto, ja Larry estava sentado em seu banquinho olhando para o quadro em branco,e Sally ao meu lado sentado na cama enquanto eu estava sentada no carpete com minha mão descansando em seu joelho.

-Isso é loucura- Por fim pronunciei, rompendo o silencio cheio de tensão instalado ali.

-Eu sei -Sally murmurou

-Eu ainda não entendi essas visões que eu tive, não faz sentido, eu não entendo o porquê elas acontecem...-Resmunguei fitando o chão com o mesmo sentimento de frustação anterior.

-Sobre isso Lia -Todd começou - Eu tenho um palpite que eu acho válido.

Voltei minha atenção à Todd, assim como aparentemente todos do quarto.

-Eu fiz minha busca, e aparentemente tem algumas pesquisas, pouquíssimas alias, sobre o seu caso- Todd continuou- Pesquisas sobre "P.E.S."

-Oh, isso é grave?- Perguntei expressando preocupação

-Lia, isso não e doença, essa sigla significa "Percepção Extra-Sensorial", é uma teoria da parapsicologia, pouco estudada por ser muito...como posso dizer? Fantasiosa.

-Ta...pode traduzir?- Larry questionou e Todd ajeitou os óculos.

-Sensitividade, ou capacidades que vão além dos sentidos convencionais para ser exato- Todd explicou.

-Tipo...um X-Man?- Comparei e Todd bufou.

-Isso...Só que sem a parte "X-Man"- Todd ironizou

-Então isso é uma teoria válida?- Sally perguntou

-É o meu "palpite que faz sentido"- Todd respondeu- E Lia, precisamos mesmo saber se está certo, então, se algo "paranormal" acontecer com você, me informe.

-Conversamos com fantasmas frequentemente Todd, seja específico- Brinquei e Larry deu uma leve risada e Todd revirou os olhos.

-Bem, segundo a minha pesquisa, e com o que eu acabei de dizer, a "P.E.S" pode aparecer de diferentes formas em diferentes indivíduos, no seu caso foi vendo as memórias dos espíritos, mas pode acontecer algo diferente graças a sua percepção sensivel- Todd explicou

-Tipo?

-Qualquer coisa estranha- Todd respondeu- você se lembra do que ativou suas visões? Tipo um gatilho ou algo assim?

- Não tenho certeza, acho que os fantasmas mesmo, mas quando eu sonhei com a Sanderson eu não tinha visto fantasma algum...Só o...cadáver.

-Acho que deve ser algo relacionado a enérgia ligada a isso ou sei lá -Todd disse em murmúrio.

Todos se calaram novamente.

É muita coisa pra digerir, mas ao menos tenho um norte indicado do que pode ser isso tudo que está acontcendo na minha mente, é confuso e estranho. Não acho que vou me acostumar com isso tão facilmente, isso é tão irreal, que a ideia de isso ser realidade se torna assustadora de mais para mim, e acredito que para todos nós.

-Cara...que viajem...-Larry se pronunciou.

- É muita coisa pra digerir -Falei

- Acho que não precisamos digerir tudo agora...precisamos organizar as ideias- Sally disse.

- Eu tenho uma pergunta- Larry pronunciou- Meu pai...Ele tem algo haver com isso?

Eu e Sally nos entreolhamos, eu não sabia o que dizer para meu amigo, simplesmente não era capaz de dizer a verdade e eu me sentia uma covarde por isso. Como eu iria explicar? "Seu pai virou um fantasma bizarro que esta se comunicando com o Sal!" Não! Eu e Sally combinamos de negar isso, antes de vir para a reunião.

- Não que eu saiba, sinto muito- Sally respondeu, e os olhos de Larry se abaixaram ao carpete em decepção.

Era como se o peso do mundo se instalasse em minhas costas, eu me sentia horrivel por fazer isso, dói e muito ter que mentir pra ele. Mas eu estou protegendo Larry, certo? Eu não sei o que Jim quer!

-Vamos nos aprofundar mais nisso?- Larry perguntou com um tom incerto.

- Acho que eu não conseguiria dormir se eu deixasse isso tudo de lado- Sally falou.

- É mais e se isso for verdade e der merda?- Larry disse

-Eu vou fundo nisso- Sally disse determinado

-Vamos- Todd acompanhou

- Não vou deixar vocês na mão, eu quero ver onde vai dar- Larry disse, e assim os garotos voltaram a atenção para mim.

Pode ser perigoso? Pode, mas minha curiosidade fala mais alto toda vez!

-To dentro!- falei, as vezes eu posso ser curiosa de mais...

Nos assustamos pelo barulho repentino da porta do quarto se abrindo rapidamente, revelando uma mulher com um doce olhar e com luvas de cozinha segurando uma bandeja recheada de biscoitos de chocolate, senhora Lisa!

-Olá crianças!...Que caras são essas?- Lisa disse terminando de entrar no quarto e percebendo nossas faces sérias em contraste a sua voz animada- Bem, o que quer que seja! Eu trouxe alguns biscoitos pra vocês!

Lisa colocou as bandejas sobre a cama e foi como se uma luz tivesse rompido a escuridão daquele quarto, em nossos rostos se esboçaram sorrisos, graças ao cheiro gostoso dos doces quentinhos.

-Valeu mãe! - Larry disse, se aproximando da cama e enfiando um cookie em sua boca rapidamente.

-Podem estar um pouco queimadinhos mas foi de coração- Lisa se explicou com uma risada.

-Estão otimos!- Todd disse com seu cookie já pela metade, e assim com um sorriso Lisa saiu do quarto e fechou a porta.

E o resto do dia foi nessa mesma energia, nossas conversas se diferticavam em video-games, filmes, quadrinhos e outras coisas mais. Coisas que faziam nossas mentes se distanciarem do peso da conversa anterior e do motivo da reunião ali no quarto de Larry.

Acho que naquele ponto estavamos sendo apenas adolescentes normais, daqueles que conversam baboseiras e fazem piadas imaturas e idiotas que só a gente ri, ou que passam horas na frente do video-game e comendo doces como se não houvesse um futuro.

Como se nem ao menos precisassemos nos preocupar com um futuro certo.

Apenas fingindo que não estamos vendo o tamanho de problema que se esconde por trás das paredes desse prédio que cada vez mais parece ser amaldiçoado por um passado repleto de dor e historias que foram desenterradas por nós.

Quatro adolescentes diante tudo isso.

Fragmentos Da Verdade (Sally Face)Onde histórias criam vida. Descubra agora