12 - A festa

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O juiz Mariano apresentou o filho Maurício a todos, falando dele com orgulho, por ser o único filho varão e pela faculdade que estava cursando.

Mariano preferia que o filho tivesse seguido carreira no campo jurídico, mas estava feliz com a escolha dele em se tornar engenheiro agrônomo.

Os homens importantes da cidade, com filhas bonitas na idade de casar, estavam todos ansiosos para que Maurício prestasse atenção a alguma delas, mas Maurício já tinha seu coração balançado por alguém, por isso ignorava o frisson que causou, e só estava ali para se divertir.

***

Micaela desfilava pela festa, toda orgulhosa de seu novo visual. Estava se sentindo a própria cinderela dos contos infantis... Mas temia ter o mesmo fim da personagem. Sabia que depois da meia-noite, quando a música acabasse e as luzes se apagassem, voltaria a ser a mesma menina insignificante de sempre, mas estava decidida a curtir o máximo que pudesse aquele momento.

Como uma fada madrinha, Fernando desfilava ao lado da prima, todo orgulhoso. Ele também sabia que era um momento passageiro, mas estava decidido a aproveitar ao máximo a situação.

Jean observava sua deusa maia à distância. Estava fascinado pela beleza dela, embora não estivesse surpreso, pois sabia exatamente o tipo de diamante bruto que ela era.

Mas Jean também estava enciumado de ver a maneira grudenta como Fernando manipulava a atenção dela. Num dado momento que Micaela ficou sozinha, Jean aproveitou para aproximar-se e cumprimentá-la.

– Olá, minha virgem dos lábios de mel... Devo dizer que estou morrendo de ciúmes dessa nova mulher que você se tornou... Agora está visível aos olhos de todos, aquilo que antes só eu tinha percebido. Queria anunciar a todos que você é minha, mas ao invés disso, quem está todo orgulhoso, desfilando ao seu lado, é o imbecil do seu primo Fernando!

Micaela encarou Jean com surpresa. Fez tudo isso para impressioná-lo, mas não esperava que ele se sentisse chateado.

Jean não conseguia disfarçar o ciúme, e Micaela ficou chateada com isso.

– Tu chama Fernando de imbecil, quando na verdade, deveria ser grato a ele. Ele está sendo gentil e atencioso comigo, mesmo sem ter nenhuma obrigação, e nenhum interesse. Abriu mão de dançar com as moças mais lindas da festa, simplesmente para não deixar que eu fique jogada por aí, desacompanhada, servindo de chacota para todo mundo. Quanto ao senhor, meu querido... Está aí, o tempo todo de braços dados com a Melissa, como se fosse o bichinho de estimação dela... E eu, mesmo vendo tudo isso, não posso falar nada pra ninguém e tenho que aguentar tudo calada!

Jean passou as mãos pelos cabelos num gesto de total desespero.

– O que você quer que eu faça? Se quiser, eu anuncio agora mesmo, para todos os presentes, que sou apaixonado por você e peço sua mão ao seu pai!! É isso que quer? Eu faço sem pensar duas vezes!!

Micaela olhou em volta, e algumas pessoas já começavam a reparar na conversa dos dois. Ela queria dizer que sim, que Jean era todo seu, mas sabia como o pai ia reagir, e para evitar uma confusão maior, tinha que esperar outro momento.

Ela queria que Jean entendesse isso, mas o ciúme dele já estava enfadonho. Com um tom de desagrado, Micaela murmurou.

– Eu não quero nada disso! Só quero que se divirta, e desfile por aí até a festa acabar sem que meu pai tenha um surto. Por favor, Jean! Temos uma vida inteira pela frente! Amanhã mesmo a gente pode falar sobre isso! Mas por favor! Não faça uma cena na festa!! Assim que tudo isso acabar, a gente conversa melhor!

Jean olhou para Fernando, que estava do outro lado do salão, procurando por sua companhia, e deixou o ciúme falar por ele.

– O que mais me incomoda é esse sujeitinho dando em cima de você a noite toda e você fingindo que não está percebendo!

Era uma vez... no sertão Onde histórias criam vida. Descubra agora