28 - Um lugar fascinante e assustador.

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Micaela ficou apavorada. Nunca voou de avião, e nunca saiu do estado... já tinha viajado de uma cidade na outra, mas no lombo de um cavalo para levar o gado...

A ideia de viajar num avião, e ir para um lugar totalmente desconhecido, a deixava simplesmente apavorada. E foi Clarice quem salvou sua pele, sugerindo que Jean fosse com ela.

– Fora de cogitação! – Mariano exclamou, taxativo – Eles ainda não se casaram! Não pega bem viajarem sozinhos!

– Deixa de ser besta, homem! – Clarice não deixou espaço pra argumentos – Esses dois já ia se casar daqui uns dias! Além disso, Micaela é matuta, nunca saiu da fazenda... como quer que ela viaje sozinha pra um lugar assustador como São Paulo? Não tem nem cabimento, o doutor Jean vai viajar com ela, e vai ser o guia dela por lá. Ele conhece bem a cidade. Se ela passar mal, ele sabe onde levar... além do mais, as coisas por lá podem demorar... E Jean ficaria fazendo o que, sozinho aqui? Ele vai com ela... lá ele entrega ela pro tio Antônio, e vai resolver a vida dele... depois, quando ela estiver pronta pra voltar, ele traz ela de volta. 

– Dona Clarice tem razão, doutor Mariano! – Jean resolveu entrar no assunto – São Paulo é uma cidade monstruosa pra quem não a conhece. Será um prazer acompanhar sua filha, e se não estiver seguro, eu levo também a Mirela, e ela faz companhia pra irmã! Não se preocupe, eu pago as passagens!

Quando Jean sugeriu bancar a viagem, Mariano adorou a sugestão e deu o assunto por encerrado, ordenando que as meninas fossem logo preparar suas malas.

***

Micaela estava apreensiva, mas emocionada com a aventura

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Micaela estava apreensiva, mas emocionada com a aventura. Era a primeira vez que via os monstruosos aviões de perto, e seu coração quase saltou pela boca quando a aeromoça pediu pra apertar os cintos, e ela sentiu o avião decolar.

Ela fechou os olhos, e agarrou fortemente o braço de Jean, enquanto Mirela olhava pela janela, e gritava emocionada, com a paisagem que ia ficando pequena.

Micaela só conseguiu relaxar quando o avião tocou o solo de São Paulo. 

Assim que saíram da aeronave, Micaela sentiu as pernas fraquejar, e o pânico tomou conta dela por alguns instantes, ao ver aquele tanto de gente desconhecida a sua volta.

A animação de Mirela era fascinante, mas Micaela, ao contrário, parecia um coelho assustado, prestes a enfartar. Felizmente Jean estava ali, ao seu lado, emprestando seu braço para ela se apoiar.

***

Um homem com uma placa os aguardava, e Jean o cumprimentou com efusão e fez as devidas apresentações.

– Micaela, Mirela... esse é o Artur, motorista do meu avô, e um amigo de infância! Ele vai ficar encarregado de nos levar aonde precisar durante nossa estadia aqui... Arthur... essa é minha esposa, Micaela, e sua irmã Mirela.

Era uma vez... no sertão Onde histórias criam vida. Descubra agora