11 - Noite no celeiro.

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- Não, Noah! - Mirela atacou sem dó de si mesma - Uma donzela é uma moça pura, que nunca foi tocada por um homem! O cavaleiro a defende de tudo porque quer que ela permaneça pura até o dia em que ele possa possuí-la!

Mirela segurou os soluços ao lembrar de seu passado doloroso.

- Eu não sou mais donzela! Quando eu era criança, saí por aí, sem supervisão, e homens maus me capturaram... E me fizeram todo tipo de mal.

Mirela não conseguiu prosseguir. Noah passou o braço em volta de seus ombros, e a fez recostar a cabeça em seu peito. Depois falou com muita sabedoria.

- Tu será sempre minha donzela. Infelizmente não posso voltar no tempo pra te proteger daquilo... mas daqui em diante, ninguém mais vai te ferir!

Noah apanhou o rosto dela com as mãos, e enxugou suas lágrimas com os polegares.

- E eu também não sou mais puro, como posso exigir isso de ti?!

Mirela o encarou, surpresa, mas dadas todas as peripécias dele por aí, e de sua estonteante beleza, não seria surpreendente se alguma "donzela" da região tivesse se aproveitado dele.

Mas o que ele disse em seguida, a surpreendeu e a emocionou.

- Tu não vai se lembrar... foi a muito tempo... eu me lembro, porque foi a única vez pra mim... a mamãe tinha acabado de salvar eu e o papai... Estava chovendo muito, e eu me escondi num lugar como esse... então tu apareceu! Toda feia e maltrapilha... E me abraçou, me protegendo.

Mirela sorriu, emocionada, enquanto seu rosto era banhado pelas lágrimas. Noah achava mesmo que ela tinha se esquecido daquela noite, mas ela lembrava... E estava emocionada por ele lembrar também. Ela tocou o rosto dele com ternura, e ele continuou falando.

- Nos beijamos por muito tempo... de todas as formas possíveis... Tu estava trêmula, mas não me impediu...

Noah ficou encabulado. Mirela sorriu com ternura.

- Noah! Eu me lembro de tudo! Mas na manhã seguinte você parecia nem lembrar!

Noah sorriu.

- Eu era realmente um garoto bobo naquela época. Vivia fazendo coisas erradas, e meu pai vivia me dando bronca. Eu tinha abusado de ti só porque era muda, e fiquei com medo. Eu não sabia se tinha lhe feito mal... tu continuava calada, e assustada... depois de um tempo, a mamãe me explicou que devo fazer essas coisas só com quem me der consentimento...

Mirela sorria e chorava ao mesmo tempo. Enlaçou o pescoço dele com os braços, e sorrindo emocionada, deu-lhe um beijo.

- Você é muito bobo mesmo, Noah! Você não abusou de mim... foram só uns beijos, e eu que tomei a iniciativa. Eu estava destruida! Tinham me feito muito mal, e eu não encontrava mais forças pra viver... nem forças pra falar eu tinha... até que você me mostrou que carícias também são demonstração de afeto... e naquela noite você me devolveu a vontade de viver.

Mirela tornou a beijar os lábios de Noah, agora com um olhar convidativo. Ali estava todo o consentimento que ele desejava. Noah se inclinou sobre ela, deitando-a no feno macio, e a beijou como ela nunca foi beijada antes.

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Era uma vez... no sertão Onde histórias criam vida. Descubra agora