36 - O bebê de Micaela.

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Mariano contou à cidade inteira que Melissa estava em tratamento de uma doença grave. Só não esperava que Melissa ficasse mesmo doente.

O doutor agora ficava de plantão na casa dos Marianos e Melissa, contraiu rubéola e tuberculose.

Ela já não era mais que um farrapo, em cima da cama, e apesar dos cuidados intensos, a família estava se preparando para o pior.

***

Micaela também não estava nos seus melhores dias. Seu bebê estava com 34 semanas, e ela sentia tantas dores na coluna que nem conseguia dormir.

Mas era orgulhosa demais pra contar que precisava de ajuda.

Os rapazes da comitiva viviam lhe fazendo favores, o que lhe dava um pouco de alento, mas ela não gostava de depender deles, e os colocava pra fora de maneira exasperada.

– Deixa de frescagem, cambada! Gravidez não é doença! Já agarrei tanto boi brabo pelo rabo, acha que não vou lidar bem com uma coisa dessas?

Os rapazes, ainda assim, estavam todos solícitos e alertas. Micaela se sentia agradecida, mas um bloqueio dentro dela a impedia de demonstrar fraqueza, e aguentava todas as dores sozinha.

Naquela manhã, começou a sentir dores nas costas. A princípio foi uma fisgada intensa, que a fez perder o fôlego, mas segurou a dor, até que passou.

Micaela não contou pra ninguém, pois não os queria preocupar. Ainda faltavam seis semanas para a data prevista, então, provavelmente eram só gases.

Micaela desceu ao rio, para lavar roupas, e então, quando estava no meio da tarefa, foi acometida novamente pela dor. A onda de dor passou, mas dez minutos depois, nova dor, agora mais forte e mais prolongada. Micaela queria terminar sua tarefa, mas a cada dez minutos era paralisada por aquela dor.

Ela pediu que Mirela corresse até o rancho em busca de ajuda, enquanto isso, segurou nova onda de dor. Estava sozinha, e o medo a dominou.

Ainda faltava muito tempo para concluir sua gestação, e aquelas dores só podiam significar problemas a vista.

Adivinhando seus pensamentos, sua bolsa se rompeu. Micaela estava alucinada pelas dores, que agora vinham sem intervalos. Estava em pânico, e hiperventilando, foi então que sentiu alguém lhe segurando por trás, e posicionando suas pernas apoiadas na pedra do rio.

Micaela não conseguia ver quem era, e simplesmente se deixou conduzir.

Depois de outras três ondas de dor, Micaela sentiu seu filho descer viscosamente por suas pernas.

Depois de outras três ondas de dor, Micaela sentiu seu filho descer viscosamente por suas pernas

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Ela o apanhou, e o retirou da água. A pessoa que estava atrás de suas costas, a apanhou nos braços, e a levou até a margem, e só então ela se deu conta que era o mesmo ser do rosto descarnado.

Ele a colocou debaixo de uma árvore na sombra, e ajeitou suas roupas, colocando o bebê, ainda conectado ao cordão umbilical, sobre o peito dela. Ela agarrou o braço dele, e perguntou quem ele era, mas não obteve resposta.

Era uma vez... no sertão Onde histórias criam vida. Descubra agora