41 - O casamento...

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Após o enterro, Nathan acompanhou Micaela, e pediu a mão dela formalmente, para Clarice e Maurício.

Clarice aceitou de imediato. A filha era viúva, com dois filhos, e não havia muito que pensar. Era uma oportunidade de ouro, então, como mãe, ela os abençoou e deu permissão.

Maurício foi mais pé-no-chão. Achava absurdo terem se conhecido ontem, e hoje já falar em casamento.

Perguntou, na cara de Nathan, se ele sabia de Jean, do amor que a irmã ainda tinha pelo ex marido, e toda a história tumultuada que os levou até ali, ao que Nathan respondeu afirmativamente, e contou que a própria Micaela lhe deu os detalhes.

Micaela, sabendo da preocupação do irmão, o tranquilizou.

– Mano... não fica aperreado... Ele se mostrou um bom homem. Tenho certeza que vou ser feliz com ele...

Maurício aproveitou e decidiu fazer um anúncio também.

– Bem, aproveitando que o assunto casamento veio à tona, estou no último semestre da faculdade, e vou ter que dar rumo na minha vida!

Maurício encarou Renata, que baixou os olhos, encabulada. Ele então a tomou pela mão e a trouxe até diante da mãe.

– Já faz tempo que a Renata e eu, estamos namorando! Eu não sabia como contar isso ao pai, já que ele nunca permitiria nosso namoro... mas agora que ele não está aqui, é o momento certo pra fazer esse anúncio. Família! Quero pedir que abençoem o meu compromisso com ela!

Todas aplaudiram, eufóricas, e Micaela estava sem palavras.

– Renata!!! Quer dizer que... Tu... E o Maurício!!! Oh meu Deus! Por que nunca me contou? E eu empurrando o Bina pra ti...

Renata sorriu encabulada.

– Sempre gostei do Maurício, mas era um sonho impossível! Ele era inalcançável, filho dos patrões... meu pai me matava se imaginasse que eu tava me enrabichando por ele, por isso nunca contei pra ninguém... mas daí o Maurício se declarou... eu tava morrendo de medo do juiz... a gente sabe do que ele é capaz... mas agora que ele tá na cadeia, não tenho medo de mais nada!

Micaela deu um forte abraço na amiga, dando os parabéns.

***

No dia seguinte, Micaela foi até o cartório, registrar as crianças. O doutor fez os papéis dos partos, colocando todas as informações de peso, medidas, teste apgar, etc... mas alterou a data do nascimento da menina, colocando no mesmo dia do pequeno Júlio, e colocou Micaela como mãe dela.

As crianças pareciam mesmo gêmeos, e ninguém estranhou, já que a menina se parecia muito com Micaela.

Na hora de escolherem o nome, Micaela se lembrou das conversas com Jean. Ele sempre falava que queria que o bebê fosse menina, e que fosse parecida com a mãe:

"– Quero que ela seja tão linda quanto você! Com esse jeito de deusa maia!"

Micaela teve a ideia de colocar nela o nome de Maya, seja lá o que isso quisesse dizer.

***

Micaela aproveitou, e passou na cadeia para visitar o pai.

Não era uma visita cordial, ela queria perguntar por que tanto ódio, ao ponto de acabar com Jean daquele jeito, e a resposta, só serviu pra magoá-la.

– Simplesmente por que tu não merecia ele! Melissa era a minha imagem e semelhança! Tu... foi minha primogênita, mas nem teve a dignidade de ser um varão! E muito menos se parecer comigo! Nasceu com a cara da tua mãe, só pra anunciar ao mundo que não era filha da Clarice! Como eu podia te assumir como filha? Eu ofereci ao Jean o melhor de mim! Mas ele desprezou minha Melissa... E se aliou a ti!! Justo a ti! Meu pior defeito!!! Eu não podia deixar essa afronta passar! Matei! E mataria de novo! Foi petulância demais trocar minha Melissa por ti!

Era uma vez... no sertão Onde histórias criam vida. Descubra agora