Eu odeio ir para a escola e toda vez que digo isso minha mãe me repreende com "odiar é uma palavra muito forte" é, eu sei, exatamente por isso que a uso, mamãe. claramente nunca a respondi desse modo, só deixei de dizer que odeio as coisas na frente dela.
-tome seu remédio, Nina.- minha mãe disse cortando todos meus pensamentos
-ok, vou tomar- menti dando outra mordida em meu sanduíche.
-Caralho coma mais rápido ou vou me atrasar para o trabalho!- era meu pai mais uma vez berrando em meu ouvido, desejei poder tampar meus ouvidos ou só desaparecer pois odeio gritos
-eu estou tentando.- retruquei me forçando a não aumentar meu tom de voz
-David não grite com ela sabe que está cheia de problemas!- minha mãe disse apontando para a cabeça, todos sabíamos do que ela estava falando, para que tentar amenizar isso com um gesto?
-Mariana pare de me colocar como o errado na situação na frente das crianças, só está as influenciando a não me respeitar!
-nunca te respeitamos, só o tememos pai.- respondi mentalmente
peguei a mão de meu irmão mais novo e fiz um sinal para o mais velho me seguir, no caminho agarrei nossas mochilas e a chave do carro. o correto, o "certo a se fazer" era cumprimentar meus pais mas não queria atrapalhar sua discussão.
-Posso dirigir?- oliver, o mais velho abriu um grande sorriso para mim
-sim, daqui há alguns meses terá 16 e prometo te deixar dirigir- sorri se volta do modo mais falso que pude
-ah qual é! por favor, é bem pertinho- oliver tinha olhos pretos e puxados como os meus, ele tinha cabelos escuros, quase não os cortava então eram uma pequena bagunça, tinha um sorriso extremamente parecido com o meu e eu amava o sorriso dele, nele, não em mim.
eu tenho uma mania de achar traços ou cortes de cabelos ou até mesmo estilos de cabelos bonitos em qualquer um, menos em mim.
-vai pro banco de trás Oliver!- o empurrei e fechei a porta.
dei a partida e tirei o carro da garagem, ainda conseguia escutar os berros de meus pais.
-eles vão sempre ser assim?- meu irmão mais novo perguntou, ele também tinha traços parecidos com os meus e de meu irmão, era nítido que éramos irmão há metros de distância.
aquela pergunta doeu no fundo da minha alma, odeio ver o quanto eu era parecida com ele
-eu não sei, Miguel.- respondi.
ficamos em silêncio por um bom tempo
-nina, mamãe e papai não se amam né?- miguel perguntou me fazendo pensar o quão meus pais eram idiotas para deixar isso transparecer tanto ao ponto de uma criança de 5 anos sacar de primeira
-não, eles não se amam mais.... mas isso não importa, eu e Oliver nós amamos e vamos te amar muito.- olhei para Oliver esperando que ele confirmasse
-sim, verdade.- fico feliz pelo próprio bem dele que tenha confirmado.
Oliver começou a distrair miguel com assuntos aleatórios quais não prestei atenção. mais um dia, um dia que muitos considerariam perfeito porque está ensolarado e "bonito" mas bonito é bem relativo. Não consigo achar esse dia perfeito.
depois de alguns minutos chegamos a escola, era a merda do primeiro dia de aula onde a maioria dos alunos tem a esperança de mudar ou serem populares sim porque você ser popular vai te encher de alegria e dinheiro, sim porque você ser popular te impede de ser um merdinha depressivo e inseguro. se impedisse porque todos esses populares tem que se encher de maquiagens e filtros? porque a maioria chora todo dia? pessoas são muito cegas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eu sempre estive sozinha
RomanceUma garota desenvolve depressão durante suas férias e volta a escola completamente mudada, não quer suas amizades superficiais de antes, nem sequer quer viver. no primeiro dia de aula ela acaba falando com uma garota, não porque escolheu e sim para...