Nina tirou alguns comprimidos do casaco
-que merda é essa?- perguntei tirando eles de sua mão. os analisei o suficiente para dizer que eram seus remédios - vai tomar todos eles?!
-já tomei bem mais- ela me respondeu parecendo bem fraca
-que?!- meu coração disparou e puxei ela para dentro. - vomita essa merda agora!- minha mãe se virou assustada
-Casey?!
-espere mãe!- deitei Nina no sofá e tentei apertar sua barriga mas nenhum sinal de que ela jogaria aquilo para fora. -vomita!- gritei com lágrimas em meus olhos.
corri para a cozinha fazendo a gororoba mais nojenta que já tinha visto. coloquei ovo, açúcar, pimenta. qualquer coisa que pudesse a fazer vomitar de tanto nojo.
-liga para os bombeiros!- gritei olhando para minha mãe. felizmente ela pegou seu celular sem sequer pensar duas vezes
-para casey- ela me disse quando levei aquela massa pegajosa até ela
-não! você vai morrer!- falei tentando a dar um pouco da gororoba
-eu escolhi isso, quero ficar com meu irmão, Casey.
-mas... e eu?
-eu te amo, te amo demais e nunca quis admitir. Cante por mim.- Nina tinha um suave sorriso no rosto, aquele sorriso que eu tanto amei por anos.
-não! você tem que ficar!
-eu nunca quis viver mas você sim... é feita para esse mundo- sua voz estava enfraquecida
-coma essa merda!- falei empurrando o pote para ela. meus olhos já tinham se enchido de lágrimas
-não vai funcionar, desculpe.- abriu os braços - me da um abraço?
comecei a chorar histericamente em seus braços. mas Nina parecia calma, parecia que sua vida não valia de nada para ela.
-eu te amo muito, Nina- sussurrei sem saber se tinha dado tempo dela escutar.
***
a ambulância chegou tarde demais. era meio de se esperar mas ainda sim, me sinto um lixo por não ter conseguido a salvar para acabar tudo como um conto de fadas.
em seu funeral a assumi e assumi o que quer que tivéssemos tido juntas e seus pais por mais chocados que estivessem tinham de certa forma a aceitado.... queria que Nina soubesse que não estava tão sozinha quanto imaginava.
sei que vou encontrar nina em outras vidas... ou pelo menos espero. agora, meu foco é ser famosa, cantar o suficiente para Nina se orgulhar de mim.
***
estou focada na escola e na música como nunca tive antes, reatei minha banda antiga e mesmo que de uma certa forma esse vazio que Nina deixou esteja sendo preenchido por tarefas, nunca será a mesma coisa.
Queria que todas as pessoas que tivessem em mente suicido soubessem o tanto que isso pode afetar todos em volta, seus pais estão devastados, por mais que seja difícil não olhar para Oliver e lembrar claramente de Nina, ainda conversamos e por tudo o que ele me disse. nunca na história de toda humanidade teria como alguém estar mais triste que ele.
mas eu discordo, sei que dor não pode ser medida mas a dor que estou sentindo me faz com que eu não consiga dormir sem chorar por horas. a verdade é que eu só escondo bem demais.
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Eu sempre estive sozinha
RomanceUma garota desenvolve depressão durante suas férias e volta a escola completamente mudada, não quer suas amizades superficiais de antes, nem sequer quer viver. no primeiro dia de aula ela acaba falando com uma garota, não porque escolheu e sim para...