Odeio surpresas

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acordei, me olhei no espelho e como na maioria das vezes, não gostei do que vi. peguei um pouco de corretivo e igualei minha pele, tirando pequenas espinhas e minhas olheiras. peguei um pouco de blush na mesa da minha mãe e passei do mesmo modo que a via passando, passei um gloss, peguei um rímel e dei meu melhor para não borrar minha cara inteira.

não me pergunte porque de toda essa preparação, só estava querendo me sentir menos mal, menos feia e menos errada. não venha me dizer que o "errado" não existe porque ele existe e me persegue na internet, nas ruas e na escola. meus olhos são feios, meu nariz também e minha cintura... fina, mas não fina o suficiente.

-nina o remédio!- desci as escadas correndo, peguei o remédio e o coloquei de baixo da minha língua

mostrei minha boca para minha mãe e ela fez um "sim" com a cabeça, subi as escadas, cuspi o comprimido e o guardei em um pequeno pote escondido de baixo de um móvel qual somente eu e eu mexia.

voltei para a cozinha, respirei fundo e pensei em rezar para 300 deuses diferentes porém não tive tempo

-mãe

-oi- aquela voz sem energia, deprimente me respondeu

-posso ir toda sexta para casa de uma nova colega estudar? vai ser como um grupinho de estudos- parecia que eu estava descarregando um grande peso

-isso vai ser ótimo para suas notas que estavam péssimas ano passado, agora vai pelo menos tentar se esforçar- é, eu odeio como minha mãe tem que fazer de tudo para me diminuir.

-sim- respondi baixo e me sentei, não iria discutir pois tinha aprendido que não valia a pena. mesmo que eu estivesse certa ou fosse a mais inteligente, aquele ego inflado dela nunca permitiriam que sua filha tivesse a razão. As vezes tenho a impressão que ficamos mais imaturos ao longo do tempo.

-feliz sexta galera!- Oliver desceu as escadas correndo - mãe, vou a uma festa, prometo não beber e nem fazer merda

-já tem festa na primeira sexta?- perguntei

-sim, não foi convidada

-não.

-ah, eu posso arrumar um convite para você

-eu vou na casa de uma amiga

-Casey? aquela que é super sua AMIGA- ele disse amiga de um modo muito estranho, revirei meus olhos mas ele insistiu chegando perto de minha orelha - eu vejo como ela te encara, tá sempre puxando um assunto com você hein

-cale a porra da sua boca antes que eu me levante e te de um murro- sussurrei com um sorriso, como se estivesse dizendo a coisa mais amigável do mundo

-claro querida irmã- ele copiou meu sorriso e se sentou ao meu lado.

-vou indo- disse saindo da mesa e indo direto para o carro

-você deixou seu café da manhã aqui!- oliver gritou

-eu sei!- respondi





-caramba está gata hoje- era um dos amigos do meu irmão, ele nem conversava comigo mas literalmente se debruçou sobre mim quando eu estava arrumando meu armário

-hm obrigada- respondi e fechei a porta do armário

-ei espere!- o rapaz pegou no meu braço - eu só queria que saíssemos ou qualquer coisa

-não era como melhor amigo do meu irmão?

-sim, mas tenho certeza que ele vai amar saber que podemos unir nossas famílias- ele lançou uma piscadela para mim

-ele não iria gostar de saber que está flertando comigo

-jura?- ele sorriu de canto e se inclinou para frente

-e ai Nina!- era Casey, ela fez uma Cara feia para o rapaz e passou a mão pelo meu ombro - ela é linda certo?

-totalmente- ele respondeu

-você poderia achar isso todo dia, não só quando ela se arruma- O sorriso do garoto desapareceu e o sorriso de Casey aumentou - tenha um bom dia.

E me levou para sala

-muito obrigada- sussurrei em seu ouvido

-meio que te devo essa por te ignorar no almoço de segunda

-muse a desculpa, está a usando a semana toda- ela colocou o dedo na frente da minha boca

-shhhhhh finja que não fiz isso porque somos amigas e só por uma dívida boba e se mantenha no roteiro- a palavra "amiga" me fez sentir acolhida, é, éramos amigas.




Eu estava encarando a janela e pensando seriamente em pular dela o mais rápido possível por cerca de 30 minutos até uma bolinha de papel cair em minha mesa, era Casey.

"Tenho uma surpresa para você"

"me conta oq é" odeio pessoas que me deixam ansiosa, joguei o papel em sua mesa, ela leu, se ajoelhou do meu lado e ficou perto do minha orelha. porque sempre ficava mais difícil de respirar nesses momentos? parecia que ela tinha algum tipo de super poder completamente bizarro.

-sua maquiagem está linda- ela sussurrou, por algum motivo minhas bochechas coraram, acho que Casey percebeu pois riu- esse não é o segredo mas gostaria que você soubesse.








dei as chaves para Oliver na hora da saída

-então já vai com sua namoradinha?- Oliver perguntou

-A nina namora uma menina?!- miguel nos encarou e percebi que nunca tinha falado sobre esse assunto com ele, na verdade nunca me veio isso em mente

-acontece as vezes, do mesmo jeito que meninos também podem namorar meninos.- Oliver explicou e fiquei impressionada com o jeito que ele levou aquilo a sério

-se cuidem meninos, caso estejam morrendo, miguel, você está no controle- sorri para Oliver e sai antes que ele começasse a reclamar.

foi fácil achar Casey, seu cabelo a destaca. Ela estava de costas e eu não tinha ideia do que fazer para a cumprimentar, seria idiota demais só ficar parada esperando que ela virasse.

-ei- soltei e me arrependi três segundos depois, soou muito estranho.

-oi! vamos indo?- ela pegou na minha mão e foi me levando sem esperar a resposta

no meio do caminho, casey começou a examinar minha mão

-cor preferida?

-branco- respondi sem pensar

-ah não, diga outra

-preto?

-ótimo

continuamos caminhando, ela me olhou e depois olhou para nossas mãos que ainda estavam juntas

-estou segurando para a guiar, sabe disso né?- seu rosto estava um pouco vermelho

-é, acho que eu seria atropelada nessa rua pouco movimentada se não segurasse minha mão- já sabia através das mensagens que Casey entenderia ironia então essa seria minha chance de finalmente poder falar do jeito que mais amo

-exatamente





Chegando em sua casa, tinha uma mulher mexendo sem parar em um computador, nem sequer olhou para trás quando chegamos e continuou assim mesmo com Casey se dirigindo a ela

-mãe, está é Nina, ela é minha nova amiga.- a palavra "amiga" soava muito bem, mais uma vez

-amigA?

-sim

-ok, só não transem pois estou trabalhando, prazer Nina.- fiquei em choque com a resposta, nunca, jamais, que minha mãe falaria algo assim em alto bom som ou aceitaria tão de boa eu ser lésbica

Casey sorriu para mim e me puxou até o seu quarto, abriu uma gaveta e tirou um esmalte preto

-topa?

Eu sempre estive sozinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora