Eu sempre estive sozinha

ok...

acordei no dia seguinte no hospital mas não era eu quem estava na maca, era meu irmãozinho

-Miguel, você está bem?- perguntei no mesmo instante que fiquei conciente

-eu preciso de você- ele sussurrou extremamente baixo. me debrucei sobre a cama e o abracei mas seus braços pareciam fracos demais para me abraçar de volta

-o que tá rolando?!- olhei para minha mãe

ela tinha os olhos cheios de lágrimas. meu pai, por mais que fosse um péssimo pai estava com a cabeça abaixada

-ele está indo para um lugar melhor, não temos o que fazer- aquela noticia fez tudo o que eu passei ontem a noite, todos meus sentimento e minhas confusões mentais parecem insignificantes

-miguel...- meus olhos estavam cheios de lágrimas

-eu to fraquinho- ele respondeu em outro sussurro 

-não... não...- comecei a chorar - você é forte meu bem- disse fazendo carinho em seu rosto

-eu tó... cansado- ele respondeu mais uma vez, baixinho.

foi ali que meus olhos se abriram, Miguel estava lutando há um ano contra seu próprio corpo. sua vida não estava sendo de fato uma vida, somente uma sobrevivência.

-feche os olhos, vá descansar, ok?- disse soluçando 

-ok...- essa foi sua última palavra.

seu funeral será amanha. aquilo tudo foi bem dificil de processar, meu combustível para viver estava.... morto.

não consigo explicar a dor que senti, era como se um pedaço de mim teria sido tirado. fiquei a noite inteira sem falar com ninguém, me desidratando de tanto chorar. 

era isso, meu irmão não estava mais comigo, estava em qualquer lugar melhor do que esse mundo. não conseguia me confirmar de ter perdido meu porto seguro.

a verdade é que eu sempre achei que ele precisasse muito de mim mas no fim das contas... preciso bem mais dele do que ele sempre precisou de mim.

nunca tinha me sentindo tão vazia em toda minha existência