acordei com a luz minha mãe me balançando. olhei pro lado, meu irmão parecia bem e ainda estava dormindo
-vá se arrumar para escola, seu irmão está com o carro te esperando logo na entrada -minha mãe basicamente me puxou da poltrona, senti uma grande dor em meu pescoço. devo ter dormido de mal jeito.
não demorei muito para chegar em casa e me arrumar mas de qualquer modo cheguei atrasada.
-senhorita Saito, porque da demora? terei de lhe mandar para a coordenação.- o professor disse logo quando cheguei na sala, ele avistou meu irmão logo atrás de mim - mandarei você também, senhor Saito.
-professor, nosso irmão está no hospital em circunstancias de morte e Nina passou a noite lá.- Oliver disse me fazendo tremer, estava guardando aquilo de todos há meses. não queria que tivessem uma falsa pena por mim ou me bajulassem.
-ah, neste caso, sinto muito. se sentem.- ele era o professor mais rígido mas todos eles sabem que seria errado mandar um adolescente para a coordenação por ficar no hospital com seu irmãozinho a beira da morte.
de qualquer modo, todos nos olhavam com pena. incrível como Oliver estraga absolutamente tudo. me sentei em uma das últimas cadeiras, como sempre, na diagonal para casey.
recebi um papel que caiu direto em minha mesa, olhei para trás, casey sorriu. "você ronca de um jeito especial" o papel dizia. minhas bochechas coraram... ela deixou a ligação aberta por quanto tempo? o quanto ela escutou?
"o que quer dizer com especial?" escrevi logo em baixo do papel e o joguei para casey
"é bonitinho como um porco" tinha escrito no papel quando ela mandou de volta. discretamente levantei o dedo do meio para ela.
depois de um tempo na mesma merda de aula coloquei fones de ouvido para não escutar o professor, eles eram pequenos e mais ou menos da minha cor de pele: brancos como o papel então ninguém veria. a música estava no máximo quando comecei a sentir uma bolinha de papel bater em minha cabeça, a ignorei. outra, também ignorei.
isso foi se repetindo tantas vezes que meu rosto ficou vermelho de raiva, me virei e fiz a coisa menos racional em todo o planeta terra: berrei
-vai a merda casey! - talvez os fones de ouvido tivessem me tirado um pouco do centro.
toda a sala olhou para mim mas incrivelmente, me senti mais aliviada. tirei rapidamente meus fones e pigarreei como se fosse amenizar alguma coisa.
-professor, podemos xingar na sala de aula?- casey perguntou com um sorrisinho, já o professor se virou completamente vermelho de raiva
-podem compartilhar a conversa de vocês duas com a sala?- ele tentou soar calmo, mas seu rosto vermelho não ajudou
-estávamos falando sobre o ronco de Nina não conseguiu me deixar dormir mesmo ele sendo extremamente suave... como porcos, sabe?- todos fizeram um som de "ihhhh", queria poder socar ela.
-ela não estava ontem com o irmão?
-sim, mas um dia desses...- casey foi se explicar mas o professor levantou a mão como um sinal de "pare"
-me poupe de suas explicações, já passou bastante vergonha.- ele apontou para a porta, mais uma vez, íamos para a diretoria
-mais uma vez?!- o diretor exclamou quando nos viu.
-diretor, desta vez...- comecei a explicar
-eu e Nina somos amigas, isso só foi um mal entendido com o professor.- a palavra "amigas" fez com que eu me perguntasse se ela estava inventando ou me considerava uma amiga.
-vamos fazer o seguinte meninas, este final de semana as duas passaram na escola a limpando.
-que?! Diretor eu tenho compromissos..- casey disse
-ok, então prefere uma advertência?- ela se mantéu calada. - que bom, cheguem as 8:00.
saímos da sala e automaticamente olhei casey com cara feia.
-o que foi? tirei nós duas dessa, sem nada no seu currículo.
-tirou? você estava jogando bolinhas de papel em mim!- esbravejei de volta
-era seu irmão.- ela respondeu e me senti culpada
-então... me desculpe.
-penso no seu caso- casey respondeu sorrindo
-e aquilo de falar que era minha amiga para o diretor?
-eu tive de mentir
-podia ter inventado diversas coisas, podia dizer que estávamos nos dando bem mas usou a palavra "amigas"
-tá, mas não somos amigas
-claro que não, nunca deixaria isso acontecer!- disse sem querer soltando um sorriso. - mas obrigada- falei quando estávamos perto da sala
-não estava brava comigo?
-mesmo você sendo uma merda, acabado de insinuar que domimos juntas para sala inteira e ser um porre
-ok, entendi a parte ruim, diga logo o que tem de bom
-você me ajudou- completei
-eu estava te devendo uma.
-por?...
-por ser uma merda todos esses anos
-mas aquilo não recompensou. - parei na frente da sala
-ah não comece
-você vai dizer a sala inteira que não dormimos juntas e que inventou aquela merda e aí, talvez tenha me retribuído 10 por cento.
-ah nã- abri a porta da sala fazendo casey ter de parar de falar.
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Eu sempre estive sozinha
RomanceUma garota desenvolve depressão durante suas férias e volta a escola completamente mudada, não quer suas amizades superficiais de antes, nem sequer quer viver. no primeiro dia de aula ela acaba falando com uma garota, não porque escolheu e sim para...