o funeral já tinha acabado, não vou o definir pois para mim, foi só um grande borrão. chorei o suficiente para encher duas banheiras. me senti o maior lixo, o maior buraco negro do espaço.
não acredito muito que ele estaria me escutando naquele funeral mas me lembro de conversar com ele como se ele ainda estivesse aqui. não lembro o que falei, como disse, foi um grande borrão. lembro que Casey e Oliver foram os que mais me abraçaram. o tempo todo tive meu rosto enfiado no ombro dela.
comecei a me lembrar de um sonho antigo, onde uma mulher me colocava em uma cabine, a enchia de água e bastava a mim sair dali porém eu desisti tão facilmente de viver. não lutei contra nenhum tipo de impulso. eu sei o que isso significava, quero dizer, antes não. mas agora tenho certeza do que é.
Lembrei de todas as pílulas de antidepressivo que guardava há uns dois anos atrás. abri minha gaveta e as encontrei ali, cerca de 90 delas.
tive certeza que elas me matariam caso as tomasse de uma vez só.
comecei a tomar uma por uma, engolindo elas junto com minhas lágrimas. quando já tinha tomado cerca de 60 corri para o carro e ignorei meus pais gritando "onde vai?!"
cheguei em meu destino já tonta. tomei mais umas cinco antes de tocar a campainha
Casey atendeu a porta me dando um abraço
-precisa de um ombro para chorar?- ela perguntou.
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Eu sempre estive sozinha
RomanceUma garota desenvolve depressão durante suas férias e volta a escola completamente mudada, não quer suas amizades superficiais de antes, nem sequer quer viver. no primeiro dia de aula ela acaba falando com uma garota, não porque escolheu e sim para...