logo depois meus pais saíram e oliver também, ele chorou como um bebe para ficar mas só podia um visitante. me sentei com meu celular e um carregador portátil qual poderia o carregar mais de 3 vezes até 100 então eu estava tranquila.
-e aí, miguel, como vai?- perguntei em um sussurro
-vou bem, só um pouco de dor mas tenho que fingir que não dói tanto.- a resposta dele me surpreendeu
-porque tem que fingir que não dói tanto?
-porque se não mamãe e papai vão ficar muito chateados, não posso deixar eles chateados- meu coração doeu, doeu não só porque eu me identifiquei como escutei isso de uma criança de sete anos de idade.
-mas miguel, você não pode se esconder só para agradar os outros. vai fazer você se sentir mal- copiei e colei uma frase qual muitos me diziam mas eu nunca ultilizava
-então... posso chorar?- seus olhinhos já estavam cheios de lágrimas então não respondi, só me ajoelhei mais uma vez e o abracei.
nunca vi miguel chorar tanto em sua vida. ele conseguiu molhar sua faixa, tive de chamar os médicos para troca-la mas no fim de tudo ele acabou dormindo durante o processo de fazer outra atadura.
mesmo não conseguindo me ajudar eu poderia ajudar meu irmãozinho. e assim terá uma chance de ele crescer e ficar mais como o oliver do que como eu.
coloquei meus fones e uma música boa qualquer da minha playlist. estava tudo bem até eu quase morrer de susto quando meu celular começou a tocar. o contato estava salvo como "casey". olhei no relógio e já era dez da noite. o que ela queria?
-alô?- disse ao atender
-nina você tá bem?
-porque tá me ligando as dez da noite?
-longa história, não pude ligar antes mas agora consegui.
-casey, vai dormir, amanhã você tem aula.
-nem vem, me diga o que aconteceu ao ponto de você ter quase chorado na frente da escola inteira?
-porque te diria algo pessoal meu?- perguntei - você pode sair espalhando ou usar contra mim
-olha...- só consegui escutar sua respiração, parecia estar pensando - vamos fazer o seguinte, vou te falar algo pessoal da minha vida qual nunca disse para ninguém e que me envergonharia pra caralho.
-hm... ok.
-eu me sinto uma merda o tempo inteiro e a única coisa que faz com que eu me sinta minimamente bem é gastar horas me arrumando para parecer bonita assim sou desejada por alguém como nunca fui em toda minha infância. - foi tudo dito tão rápido e sem mudança no tom de voz que demorei para raciocinar: casey também não tinha saúde mental
-uau...- soltei e depois fiquei em silêncio por um tempo - eu achava que você era só a criatura mais segura do mundo
-acha que só você tem problemas, rainha da inglaterra?- dei um pequeno sorriso
-não, tenho certeza que você tem vários, do tipo: ser irritante, chata e me chamar de "rainha da inglaterra" porque não esquece do apelido qual mais detesto.
-ok, ok, me conta logo.- respirei fundo, senti meu coração acelerando. adolescentes eram crueis, deveria mesmo falar?
-meu irmão está com um câncer nos olhos terminais e acabou de perder um olho.
-eu sinto muito- ela disse- eu me lembro como olhava pro seu irmãozinho mais novo, você o ama muito, não ama?
-amo.- respondi e sequei uma lágrima
-como é o lugar onde você tá?- comecei a me concentrar no que estava vendo
-hmmmm... branco, com vários "bagulhos"de alta tecnologia
-aí tem cheiro de rico?- ela perguntou e comecei a me concentrar nos cheiros
-sim e de lavanda.
-tem algum barulho?- me concentrei.
-só sua voz irritante e uma máquinas- zoar casey era um tranquilizante
-ah cala a boca!- escutei ela rindo e imaginei seu sorriso, estava irritada novamente. - me diz aí alguma coisa que sente- me concentrei e apalpei algumas coisas
-hmm... meu celular quente, minha poltrona e só.
-tem algum gosto na sua boca?
-porque a pergunta?
-diz logo.- me concentrei em minha boca
-ok, sinto de macarrão qual comi há um tempo atrás.
-está chorando?- ela perguntou
-na verdade não...- acabei de reparar que meus pensamentos estavam viajando, concentrados em sentir coisas que esqueci completamente de meu irmão, de onde estava e todos meus problemas
-se quiser saber, eu posso ser muito idiota mas tenho ansiedade.
-espera acabou me de dizer outra coisa mega pessoal sua.
-então, aproveite e me diga outra sua.
-eu beijei um menino depois daquela festa
-ohhh quem?- a voz de casey se animou imediatamente
-não vou te falar, ele é bonito mas beija bem mal
-juro que não falo nada sobre
-beijei o jacob miller
-que?! todas as meninas dizem que ele beija mega bem!- ela começou a rir
-qual teu problema?
-você não se tocou? as meninas gostam do beijo dele menos você.
-posso ter um gosto diferente
-se quiser acreditar em sua desculpa péssima ok
-vou desligar essa merda- disse
-ok,ok parei!
ficamos em silencio por um bom tempo e comecei a pensar porque ela estava me ajudando, era estranho, ela não me odiava?
-i am going back to 505...- escutei uma voz suave vindo do telefone
-If it's a seven hour flight or a forty-five minute drive- sussurrei de volta
-In my imagination, you're waitin' lyin' on your side- a voz de casey estava muito mais bonita que antes
-With your hands between your thighs- sussurrei
ouvi uma risadinha do outro lado da linha
-eu sei que canto mal
-na verdade, achei bem bom, perderíamos ser uma dupla sertaneja- ela respondeu, senti a ironia mesmo há km de distancia. comecei a rir, era inevitável.
era estranho mas eu estava me sentindo bem melhor do que me sentia antes de ligar para ela.
-stop! stop! stop! you're going to take someone's eyes out!
-que?- ela parecia surpresa
-it's leviosa not lEviOsA
-eu peguei a referencia! harry potter livro um!- ela berrou muito animada. eu ri
-pare de gritar, vai acordar meu irmão, está tentando acordar uma criança doente?- disse ironicamente
-não, queria só estourar seus tímpanos, pessoas bonitas não podem ter os 5 sentidos bons
-pessoas bonitas? não disse que não iria repetir o quanto minha beleza irradia o mundo?
-eu sou uma mentirosa, não sou?
-sim, você tem razão pela primeira vez na vida- acabei sorrindo, não sei porque.
um tempo depois fechei meus olhos, só conseguia escutar a respiração de casey
-noite, casey
-péssima noite, nina.
acabei dormindo antes de conseguir desligar
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Eu sempre estive sozinha
RomanceUma garota desenvolve depressão durante suas férias e volta a escola completamente mudada, não quer suas amizades superficiais de antes, nem sequer quer viver. no primeiro dia de aula ela acaba falando com uma garota, não porque escolheu e sim para...