não é mais a mesma coisa.

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hoje é sexta. há dois anos eu costumava a amar sextas, até antes de ontem eram só mais um dia normal e agora meu dia mais odiado. 

-aqui a chave- entreguei minha chave para oliver

-onde vai?

-cumprir um dever para qual o diretor me mandou

ele não fez mais nenhuma pergunta, me virei e sai.  não consigo explicar o tanto de deja-vu que tive. odeio me lembrar de que miguel não está estudando presencialmente. odeio o câncer e trocaria minha vida para poder curar miguel, para poder continuar com ele.

avistei casey ao longe, fui até ela

-me esqueci do caminho para sua casa- disse

-eu te levo- ela respondeu e estendeu a mão. passei direto por ela - ok.- casey começou a andar e passou na minha frente

fomos andando em silêncio pelas calçadas

-lembro de quando eu era mais eu- casey disse

-que?- respondi

-há dois anos atrás sabe? quando eu acreditava que realmente poderia ficar famosa tocando- ela soltou uma risadinha - talvez me zoarem um pouco me fez ver a verdade

-você parou de tocar?

-não totalmente mas deixei a banda de lado

-não! como que desistiu?!- ela me olhou assustada então abaixei meu tom de voz - você é muito boa em tocar, sua voz é suave e forte, é perfeita e a maneira qual você toca pode encantar qualquer um. casey, você não sente a música, você é ela.

casey parecia perplexa, sua única reação foi dar um grande sorriso

-obrigada- ela disse - e aquilo o que eu disse na sala sobre você não ter crescido em nenhuma parte, me desculpa. seus peitos são legais tipo... são bonitos

-como que é?- comecei a rir - ela tampou a boca com as mãos

-droga! isso soou tão errado.- rimos bastante até nossa barriga doer, a encarei por alguns instantes e ela parecia a mesma de antes

ficamos em silêncio até chegarmos em sua casa.

-olá senhora- disse ao avistar a mãe de casey

-nina?!- me surpreendi dela ainda lembrar meu nome. - como vai? deu uma sumida, não foi?

-sim, mas já voltei.- sorri para ela, não era um sorriso verdadeiro mas tanto faz.

-vão lá se divertir então- a mãe de casey piscou para ela discaradamente 

-mãeeeee pelo amor de deus!- ela pegou na minha mão e basicamente me arrastou para o andar de cima

-nada mudou- disse 

-é, não temos dinheiro para mudanças- casey foi me puxando para dentro do quarto e deitou na cama - vamos de verdade fazer algum trabalho?

- o diretor literalmente me obrigou a vir para cá ficar com você fazendo trabalhos.

-e vamos obedecer ele?

revirei meus olhos

-por um segundo esperei alguma coisa de você

-você é tão careta!- casey resmungou 

peguei minha mochila e me sentei na bancada de casey. 

-o diretor me entrego essa ficha- eu disse

-não tem duas?

-perguntei a mesma coisa e ele mandou eu trabalhar com você

-ótimo. - soou muito ironico 

-cala a boca, é você que vive implorando minha atenção na sala de aula

casey sorriu forçadamente, parecia que estava imitando meu sorriso.

-claro, eu te amo querida nina, me de um beijinho- ela forçou uma voz fina e chata.

-retiro tudo o que eu disse sobre sua voz ser bonita

-retiro tudo o que eu disse sobre seus peitos serem bonitos- juro, eu estava nervosa, estressada e queria ir para casa mas não consegui segurar uma risadinha

- ajuda nisso.- tirei a calculadora e comecei a fazer os cálculos pedidos

-então isso pode?

-vai a merda.- me virei para ela - vamos fazer o seguinte, deita na sua cama e sei lá, dorme e eu faço o trabalho

-o diretor não mandou fazermos em conjuntooooo?- ela estava tentando me irritar, eu sabia que estava então respirei fundo

-ok, pega a calculadora

-muito obrigada rainha da inglaterra

-cala a boca.

-isso é uma ordem ou um pedido da vossa alteza?- olhei para trás, casey tinha um sorrisinho "inocente", me levantei e a empurrei  na cama 

-é uma ordem.

-ei você me derrubou! me ajuda a levantar

-você se vira

-mas é justo, derrubou, levantou- me virei e estendi minha mão

-vem.- casey me puxou fazendo com que eu caísse por cima dela

senti minhas bochechas corando, nossas bocas estavam perto uma da outra depois de anos. a única coisa que fez com que não nós beijássemos foi minha mãos apoiadas logo acima de sua cabeça ela era o ser humano mais irritante com qual já tinha convivido e o mais irritante de tudo é que ela era bonita e isso é inegável 

-vossa alteza, pode sair de cima de mim ou me acha extremamente confortável?  

percebi que me distrai em cima dela ao ponto de ter passado alguns segundos ali sem me mover. me levantei, peguei minha mochila e comecei a guardar fichas, lápis, borracha, estojo e tudo o que vi em cima de sua mesa

-ei nina, o que está fazendo?

-você me odeia não odeia? então ok, está livre de mim, farei as fichas em casa, minta para o diretor que as fizemos juntas.

casey segurou meu braço

-tá maluca? olha o tempo, está chovendo pra caralho.

-você liga?- sai de seu quarto e fui direto para fora. não estava nem ai se iria pegar um resfriado, só não queria ficar perto dela.

-nina! espera! - escutei ao longe mas simplesmente ignorei.

Eu sempre estive sozinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora