Eu sempre estive sozinha

odeio pessoas com carisma.

eu eu eu eu eu eu eu eu eu, é isso o que você vai escutar se conversar comigo ou com qualquer outra pessoa e isso faz com que eu me pergunte se todos não somos narcisistas e que a única diferença seja que alguns simplesmente não conseguem esconder o que outros escondem bem até demais.

ou talvez eu só seja uma narcisista problemática que não me conformo com eu ser um pedaço de merda, então digo que todos são iguais a mim assim não me sinto tão sozinha.

passei uma hora na porra de um banheiro torcendo para aquele remédio fazer efeito e de verdade, não sei se fez mas decidi que seria melhor voltar. quando entrei todo me encaravam, quase diziam "caramba você não morreu?" me sentei, peguei um pedaço de papel e comecei a desenhar olhos. não sei porque mas só fui desenhando

-isso é sobre como todos te encararam hoje mais cedo? - aquela mesma garota de antes me perguntou

-hm... talvez, boa interpretação- olhei para o lado e ela estava sentada com o encosto da cadeira virado para frente. eu queria não ter encarado nem nada do tipo mas era impossível não reparar que os peitos dela estavam quase pulando quando ela os prensava no encosto 

-seus peitos estão meio para fora- eu sussurrei para ela como forma de aviso

-eu sei, gosta deles?- eu senti minhas bochechas ficarem vermelhas e ela riu - calma, eu estou brincando 

-me desculpa eu acabei olhando

-relaxe, faço de propósito

-então você é meio que mega focada em fazer garotos te olharem ou algo do tipo?- perguntei conseguindo imaginar que ela tinha daddy issues ou no mínimo foi muito rejeitada em sua infância 

-meu deus eu tenho cara de hetero?!- ela fez um gesto dramático pondo a mão na testa 

-com certeza, parece como ela- apontei para uma garota que era o esteriotipo completo de uma patricinha. ela riu e revirou os olhos, finalmente alguém conseguiu entender meu "humor"

-eu acho que devo levar para o lado pessoal- a garota me disse 

-relaxe, faço de propósito- eu amo repetir uma frase que me acabaram de dizer com um outro sentido e ao meu favor, é a coisa mais genial do universo.

me virei para frente e me debrucei planejando tirar outra soneca

-ei garota do cabelo vermelho!- era a mesma voz que tinha me chamado da última vez.

tentei ajeitar meu cabelo ao máximo e olhei para ela

-uau bom dia, finalmente acordou! temos que ir para o almoço

-temos?

-eu meio que achava que você gostaria de me acompanhar

eu dei um pequeno sorriso e me levantei

-hm claro

ela me levou até uma mesa com um grupo de 4 garotos, todos tinham mais ou menos o mesmo estilo e cabelos que pareciam não ser cortados a meses, o que chegava a ser mais diferente era um de cabelos cacheados. 

-ei meninos sejam legais com a...- ela deu uma pausa e olhou para mim - como é seu nome?

-nina

-com a nina, nenhum tipo de piadinhas- a garota lançou um olhar basicamente mortal ao garoto de cabelo cacheado- e não flertem com ela, ok?

-posso perguntar o porque?- o do cabelo cacheado perguntou como estivesse a desafiando 

-porque estou mandando- ela sorriu e se sentou me puxando para me sentar ao seu lado