14-"A Itália parece uma bota"

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Terça, 14 de maio de 2019  8:48 am

Eu acordei e me sentei na beirada da cama. Olhei em volta e o quarto estava vazio. Miles deve ter ido comer e o Ezra não estava mais lá. Olhei pra o meu braço e vi que não estava mais conectado a sonda, devem ter tirado em algum momento da noite, mas eu não lembro direito. Fui ao banheiro e depois sentei no banco perto da janela. Me encolhi e abracei minhas próprias pernas e fiquei olhando pra baixo pra ver os carros passando ao longe e as árvores ainda mais longe. As árvores me lembraram a minha casa, e, olhando elas distanciadamente, pareciam um gato.

Quando eu tinha uns 11 anos, minha mãe disse que eu deveria procurar um hobby. Então eu comecei a procurar algo que gosto de fazer.
Certo dia, eu fui pra o centro da cidade com o meu pai. Ele foi resolver algumas coisas mas eu não deixei ele fazer isso de imediato. Eu vi a vitrine de uma loja de arte. Eu perguntei se a gente podia entrar e ele deixou, apesar de estar com pressa. A razão pela qual eu quis fazer isso foi que eu vi uma arte surrealista perto de um conjunto de lápis e simplesmente amei. Até aquela época eu era conhecida por não conseguir prestar atenção nas coisas e viver com a cabeça nas nuvens, então decidi fazer algo com isso. Comecei a colocar isso no papel.
Gosto de ver como algumas coisas se parecem com outras. Tipo, se você olhar por muito tempo pra as luzes que refletem em um rio durante a noite, você vai ver uma cachoeira embaixo da água. Se olhar pra partituras musicais vão ver rostos felizes ou tristes e olhares desconfiados. Alguém teve que dizer "a Itália parece uma bota" pra o mundo inteiro começar a ver assim. É como procurar desenhos nas nuvens só que em todo lugar.
Acho que os surrealistas estão trancados dentro dos cínicos em algum lugar dentro de sua personalidade.
Faz muito tempo que eu não tenho tempo pra olhar pra as coisas direito, essa é a primeira vez em muito tempo. Acho que a arte ficou trancada dentro de mim enquanto eu ficava presa em uma cela. Há prisões que você é colocado dentro e tem a prisão que você leva pra todo lugar que vai.

(Autora: Tente lembrar disso)

Ouvi a porta sendo aberta, mas eu gostei tanto da vista que não me dei ao trabalho de virar a cabeça no mesmo momento.

Ezra- Ash?

Virei a cabeça. Sim, eu sei, sou muito hipócrita.

Ashley- Oi Ezra.

Ezra- Tudo bem?

Ashley- Sim, eu tô bem, meu amigo calculista- me virei e soltei minhas pernas.

Ele soltou um riso leve.

Ezra- Não faz mais isso comigo- disse enquanto vinha em minha direção com passos lentos e cautelosos.

Ashley- Fazer o quê? Te deixar preocupado?

Ezra- Sim, e por não me avisar que o seu irmão é sonâmbulo. Ele quase socou a minha cara umas quatro vezes só nas últimas duas noites- riu.

Ashley- Uma vez ele gritou enquanto dormia e se assustou com o próprio grito.

Nós rimos juntos por um segundo ou dois.

Ezra- O que você tá fazendo?- disse enquanto se sentava ao meu lado.

Ashley- Olhando pra fora. Faz um bom tempo que eu não tenho uma vista assim.

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