Sábado, 8 de junho de 2019 4:53 pm
(Ezra conta a história dessa vez)
Ezra- Senti sua falta- falei rapidamente como se não quisesse admitir.
Ashley- Sentiu?- sorriu.
Acho que depois que ela abriu um sorriso em seu rosto, percebi que ela também sentiu falta. Decidi ser sincero.
Não achava que iria admitir isso tão cedo, mas a vida tem seus meios.
Ezra- Não deixei de sentir sua falta nem por um instante - segurei as mãos dela, o que a fez ficar surpresa. - Pra cada canto que eu olhava no meu quarto só lembrava de você. Toda vez que eu olhava pra o pôster de Star Wars, ou pra os desenhos de constelações eu só via você... Não precisa usar seus poderes pra ecoar na minha cabeça.
Ela ainda estava com o colar com o símbolo Rebelde que eu tinha dado pra ela. Interpreto isso como uma prova de que também pensou em mim. Creio que ela ficou surpresa com minha confissão. Fechei os olhos pra evitar ver uma possível reação ruim, mas em vez disso recebo um abraço.
Ashley- Você não precisa usar seus poderes pra presumir que eu também gosto de você. Também senti sua falta- falou perto do meu ouvido enquanto me abraçava, sussurrando.
Ezra- Ainda bem, porque senão seria um momento bem constrangedor- retribui o abraço, aliviado.
Parece que tirei mais de uma tonelada de cima do coração. Não sei o que dói mais, a paixão ou saber que nunca a terá.
Ashley- Por que nunca disse nada? - distanciou-se pra ver meu rosto.
Ezra- Estava esperando o momento certo chegar. Também tive medo de estragar nossa amizade. Achei que se você não sentisse o mesmo as coisas ficariam extranhas, ainda bem que não aconteceu.
Ashley- Ainda bem que você falou - sorriu de um jeito que ninguém poderia jamais repetir. - Se você não tivesse feito isso, eu faria.
Ezra- Eu fiz uma coisa e eu tinha ido na sua casa pra chamar você e o Miles pra ver, mas quero que veja primeiro.
Quando eu não estava revisando os assuntos pra voltar pra a escola eu estava tirando proveito do presente que o Tio Hélio e a Court haviam me dado. A presente que estava no sótão, na verdade, era o próprio sótão. Disseram que eu podia ficar com ele. Tinha mobília empoeirada, mas o lugar era perfeito. Passei a semana arrumando ele. Queria mostrar pra o pessoal quando completasse um mês desde que escapamos, e é hoje.
Eu e a Ash corremos até minha casa. Subimos as escadas até o sótão. Posso dizer que ela gostou de como ficou, dado a sua expressão.Ashley- Ezra...- falou boquiaberta.- Ficou incrível! Como você fez isso só em uma semana?
Ezra- Encontro tempo onde muitos acham que ele não está. Aprendi com a vida.
Ashley- Esteve lendo poesia?- observava a prateleira de livros.
Ezra- Na verdade, tenho conversado muito com você. Se você fosse um livro você seria uma mistura de mistério com poesia, sem dúvida. Com certeza seus pais eram Sherlock Holmes e Shakespeare.
Ashley- Sim, eles eram- puxou um livro da prateleira, era o segundo livro de Sherlock Holmes: "O signo dos quatro" e parecia que estava procurando uma página. - "Desde então fico admirado mas naquele momento a minha aproximação parecia tão natural e, como ela me disse diversas vezes, havia nela também um instinto de me procurar para conforto e proteção. Então permanecemos de mãos dadas, como duas crianças, e sentíamos paz diante da escuridão que nos cercava"- leu o trecho que dizia isso e logo depois fechou o livro.
Ezra- Por que leu isso?- cheguei mais perto.
Ashley- Sabe, a melhor coisa desse livro não é o mistério sendo solucionado nem admirar a capacidade de dedução de Holmes. - Colocou o livro na prateleira, se aproximou de mim e pegou minhas mãos. - É ver que em meio ao caos alguns ainda encontram sua cara-metade. No final do livro o dr. Watson ficou noivo de Mary Morstan. Quem diria que a incômoda situação podesse juntar duas pessoas de uma maneira tão inusitada? Pra mim você nunca foi Sherlock Holmes, apesar de seus poderes. Pra mim você sempre foi Jonh Watson.
Nós dois sorrimos sem desviar o olhar. Ela escorregou suas mãos em meus braços até o meu pescoço Simultaneamente, levei minhas mãos até a cintura dela e a puxei pra perto.
A cada segundo o meu rosto ficava mais próximo do dela. Nossos olhos alternavam entre os lábios um do outro e os olhos. Sentimentos estranhos tomavam conta e eles resultaram em um beijo, um beijo longo e maravilhoso. Paramos repentinamente quando o tio Hélio bateu no teto.Hélio- Tudo bem aí? - perguntou do andar de baixo. Sua voz estava abafada, mas conseguimos compreender.
Ezra- Tudo bem - gritei em resposta.
Sorrimos com os rostos próximos. Rimos da situação que poderia ter se tornado constrangedora se o tio Hélio tivesse visto.
Ezra- Nesse caso, pra mim você sempre foi Mary Morstan. Aceita, um dia, ser Mary Morstan?
Ela olhou além do meu ombro, sorriu e por fim respondeu.
Ashley- Aceito. E um dia aceitarei pra valer.
Rimos como dois tolos. Ela me abraçou logo em seguida e, por fim demos as mãos. Ao cessar dos risos decidi fazer um convite.
Ezra- Mais cedo perguntei pra o tio Hélio se poderia chamar você, seu irmão, o Ben e a Gwen pra vir aqui hoje de noite pra ver as estrelas. Se quiserem podem dormir aqui. O céu é mais bonito quando todos dormem. O que me diz?
Não pareceu que ela parou pra pensar por mais de um segundo.
Ashley- Sim! Vou ligar pra a Gwen. Preciso ir em casa pra buscar umas coisas- pegou o celular no bolso e parecia procurar o contato da Gwen.- Aproveito e chamo o Miles e o Ben. Volto em alguns minutos.
Ela saiu sorrindo com o celular próximo ao
Me ouvido. Fiz algo que qualquer louco por uma garota faria assim que conseguisse conversar com ela. Me contorci de alegria e gritei baixo como se fosse uma criança. Uma vez o meu avô me disse que a primeira obrigação de um garoto quando está apaixonado é agir como um idiota.
Ele disse que quando encontrou minha avó pela primeira vez se apaixonou por ela no mesmo momento. Alguns meses depois ela se mudou, mas ele continuou amando ela da mesma forma. Eles trocavam cartas. Todas as cartas que ele escrevia pra ela começavam com "Inesquecível Margareth". Naquele tempo quando as pessoas gostavam uma da outra faziam questão de estarem juntas sempre que possível. Não davam desculpas esfarrapadas nem nada parecido. Meu avô disse que se fosse pra amar alguém teria que amar de verdade, e eu vou fazer isso. Eu gostaria que ele estivesse aqui.
A última vez que eu usei o telescópio com alguém foi com com o meu avô. Talvez seja difícil não ficar sentindo falta dele durante a noite, mas vou estar muito bem acompanhado.
A noite caiu. Arrumei as coisas pra quando chegarem. Considerei as coisas que não podem faltar em uma noite com amigos: Pipoca, uma ótima seleção de filmes e balas azedas. É incrível a quantidade de coisas que a Courtney e o tio Hélio tem nos armários, mas fui no mercado pra comprar balas azedas. Talvez essa não seja o doce preferido da maioria, mas é o preferido da Ashley.7:57 pm
Todos chegaram juntos. Acho que não ficava tão feliz assim em tempos. A coisa mais difícil de todas foi evitar não olhar pra a Ashley daquele jeito que é diferente do que olho pra os amigos.
Depois que disseram "oi" pra o tio Hélio, que estava na sala, subimos pra o sótão.
Eu coloquei colchões no meu quarto pra todos dormirem lá caso não consigam virar a noite. Também coloquei um colchão grande no sótão perto da janela onde o telescópio estava. Quando ficou escuro chegamos perto do telescópio pra ver as estrelas.-----/-/--------/-/--------/-/--------/-/--------/-/-----
Publicado em 24 de dezembro de 2022
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ASSIM COMO IRMÃOS
Ciencia FicciónDepois da explosão do acelerador de particolas em Central City, terra 1, a vida de Ashley e seu irmão Miles, afetados pela matéria escura, vira de cabeça pra baixo. Muitas coisas aconteceram outras pessoas que viraram meta-humanos, mas pra o azar de...