CAPÍTULO 2

613 91 13
                                    


JUNGKOOK

Já haviam se passado cerca de três horas e ainda estávamos dentro do carro. Meu irmão mais velho estava tagarelando sem parar sobre como nossas vidas seriam ótimas agora que íamos morar perto de outros shifters, meu cunhado, que estava no banco do passageiro sorria todo bobão.

Odeio casal feliz.

Urgh!

- Qual foi Kook? - Jimin Hyung perguntou.

- Queria ir de moto.

- De Soul pra cá? Ta doido moleque! - respondeu Hoseok hyung.

- Não seria nada demais! - rebati.

- Chegar como um motoqueiro numa cidadezinha onde você é novo? Não causa boa impressão. - Hoseok hyung me olhava pelo retrovisor.

Fiz bico.

Foi involuntário.

- Bebezão! - Jimin Hyung provocou.

- Cala a boca!

- Cala você, bebezão.

- Hoseok hyung! - chamei.

- Calem os dois! - Hoseok hyung ralhou.

Cruzei os braços em clara revolta. Não era justo ser o mais novo.

«🖤»

Quando chegamos na tal cidade tudo parecia ter esfriado, as nuvens estavam mais escuras, as árvores pareciam mais densas e o vento muito gélido para o meu gosto. Não me entenda mal, eu gosto do frio, mas também gostava de ir para a praia, de mergulhar no mar e aproveitar o sol.

Pouco tempo depois de estacionarmos em frente a nova casa o caminhão com a mudança chegou e então tivemos que ajudar a colocar todas as caixas para dentro e eu fui ao encontro da minha moto que Hoseok hyung não me deixou pilotar até a cidade. Mais uma vez é muito injustiça quando se nasce por último nessa família.

O noivo do meu hyung, Namjoon, alguém por quem eu prezo bastante tentou me convencer de que essa não seria uma boa ideia e que seria perigoso demais e com a chuva na estrada o perigo de derrapamento havia se tornando ainda maior. Eu o respeito bastante então deixei para lá essa minha pequena birra e fui para o andar de cima com minhas coisas, Jimin hyung fez o mesmo e logo começou a arrumar o próprio quarto com o som alto.

Nós três éramos irmãos, filhos do mesmo pai, mas com mulheres diferentes. A mãe do Jimin hyung era a esposa oficial, já a minha mãe e a do Hoseok hyung eram amantes e isso criou certo estigma na nossa família por muito tempo por que ela nos criou muito bem como se fossemos todos filhos dela e quando ela veio a falecer, cerca de dez anos atrás sofremos bastante. Nosso pai sempre foi um homem amargo e pouco se importou conosco então por um tempo Hoseok hyung nos criou e quando ele noivou nos trouxe para perto e disse que nada iria nos separar e estaria aqui sempre que a gente precisasse.

Mais tarde naquele mesmo dia fui dar uma volta pela cidade e de cara senti o cheiro de diversos outros shifters pela cidade. Era uma mistura com o aroma humano, que é bem mais fraco, e nesse aglomerado se tornou quase imperceptível.

- Agora entendi o porquê dos Hyungs quererem tanto vir para cá.

O lugar transbordava liberdade. Não era uma cidade grande, muito menos super populosa, mas percebi que não precisava regular meu cheiro a todo momento para não incomodar humanos aleatórios que, mesmo não sentido de fato, meus feromônios ainda assim os atingiria de alguma forma.

Havia um grupo de colegiais, shifters também, eram todas cheias de sorrisos para mim e assim que parei próximo uma delas veio se aproximando.

- É novo na cidade? - ela perguntou num tom doce.

- Acabei de chegar.

- Oh! - Ela deu um risinho - Gostaria de sair com a gente? Vamos a uma lanchonete aqui perto.

Se fosse em outra época eu não iria hesitar em aceitar um convite e no final da noite estaria com uma ou duas em meio dos lençóis de algum motel próximo, mas desta vez iria passar. Havia algo nessa cidade, meu animal interior me dizia para continuar a caminhar pela cidade.

Depois de algum tempo voltei para casa, quando estava chegando na porta de casa um gato branco apareceu na minha frente do nada, não sei de onde esse bicho saiu, tentei desviar e bati num vaso feio na porta da casa do vizinho. Não preciso dizer que o vaso se quebrou em um milhão de pedacinhos, mas o infeliz do gato saiu ileso.

Quando cheguei já era hora do jantar e mesmo que a cozinha ainda estivesse uma bagunça meu hyung mais velho fez um bom jantar. Comemos em frente a TV na sala de estar usando talheres descartáveis porque ninguém sabia onde estavam os nossos.

A noite havia caído e iria sair mais uma vez, mas antes mesmo que eu pudesse raciocinar senti um cheiro bom, adoçava na língua e dava vontade de provar mais e mais. Foi quando eu o vi pela primeira vez.

Sua pele palida, cabelos negros como a noite.

Era um gato.

Bom, não literalmente.

Me aproximei do rapaz que de certeza era mais baixo que eu, ele estava catando os caquinhos do vaso.

- Tem um gatinho perdido por aqui. - comecei.

Ele me olhou de cima a baixo como se eu fosse uma aberração.

- Foi você, não foi? - ele começou me acusando - Foi você quem quebrou o vaso com essa maldita moto.

- Eu não fiz nada! - levantei minhas mãos em rendição - O gatinho está estressado?

- Quem é você, afinal?

- Jungkook, Jeon Jungkook, acabei de me mudar para essa casa aqui. - apontei para o imóvel.

- Hm. - foi tudo o que ele disse.

- Olha eu posso te levar para dar uma volta na Princesa. - apontei para a moto.

Ele me ignorou, levantou e limpou as mãos nas calças enquanto suspirava. Se virou para mim.

- Pode sair da frente, quero passar.

- Calma gatinho.

- E não me chama de gatinho.

- Tudo bem amor.

Ele me olhou como se quisesse me matar e sorri da forma mais carismática possivel.

- Muito menos de amor.

- E como eu deveria te chamar?

- Min Yoongi.

- Um belo nome, gracinha.

Ele revirou os olhos e saiu me deixando sozinho...

Ah gatinho, não me faça querer te caçar.

PUMA - Yoonkook shifterOnde histórias criam vida. Descubra agora