Talvez esteja na altura certa de eu contar pra vocês o motivo de eu ter escondido, durante estes meus 19 anos de vida, o gay dentro de mim.
Falando assim até dá vontade de rir. Mas não ri, pelo amor.
O que eu estou prestes a contar pra vocês é uma experiência traumática vivida por mim.
Sou dramático, eu sei.
Tinha 7 anos.
Era só mais um dia normal na minha antiga cidade. Eu estava passeando com meus pais, minha irmã estava num campo de férias, e vi uma loja com coisinhas bem bonitinhas.
Vale realçar, neste caso, que eram coisas pra garota.
Pedi pra minha mamãe pra ir ver os produtos - que neste caso eram roupas - que a loja vendia e ela falou que não via problema nisso.
Eu encontrei lá um gancho pro cabelo rosinha que eu amei. Obviamente que minha mãe me comprou. Eu era só uma criança e ela não viu mal no que fez.
Anos se passaram e eu completei meus 12 anos.
Todo mundo foi na minha casa. Meus avós, meus tios, meus primos... Enfim, uma felicidade, né?
Todo mundo me ofereceu presentes bem bonitinhos. Um carro que dava pra eu comandar, um jogo novo pra minha PS4, roupas novas...
Quando todos haviam ido embora, minha irmã me chamou pra ir no quarto dela. Assim que eu cheguei lá ela estava segurando um embrulho roxo com nuvens azuis, bem à criancinha, sabe?
Ela falou pra eu pegar e o abrir. E foi o que eu fiz.
Dentro do papel de embrulho se encontrava uma saia xadrez preta e cinzenta escura.
— Vi você olhando pra ela na montra daquela loja no outro dia. Pensei que fosse gostar. Mamãe tentou convencer o papai a comprar ela pra você mas ele falou que você não era nenhuma garota. Eu juntei meu dinheiro e compre pra você.
Nesse momento eu tava chorando baba e ranho.
Fiquei tão contente que no dia seguinte, com toda a minha inocência, levei ela vestida pra escola. Era apenas uma criança e me sentia feliz. Pensava que mostrando meu estimado presente a todo mundo, eles fossem ter inveja.
Óbvio que levei escondido de meus pais, mas minha irmã sempre me incentivou.Todo mundo zoou de mim. Mesmo meus amigos. Eles falaram que não iam continuar falando com uma "bicha" e que agora tinham a certeza do que sempre haviam pensado sobre mim. Falaram que uma pessoa como eu merecia ficar sozinho.
Um deles me tirou uma fotografia com o celular e no dia seguinte fotos minhas estavam espalhadas pela escola inteira, coladas nas paredes, portas, privadas do banheiro.
Meus anos que eu passei lá foram o próprio inferno. Era zoado todo o santo dia. Mesmo quando tentava me esconder, eles me achavam.
Nos mudamos pra uma outra cidade porque meu pai tinha recebido uma promoção no emprego dele.
Aí eu já tinha 17 anos. Quase 18. Não muito longe do dia de hoje.
Foi difícil pra mim fazer amigos. Toda a gente que se tentava aproximar de mim, eu acabava afastando. Pois eu tinha medo que tudo acontecesse outra vez e que não me aceitassem.
Então optei por passar despercebido durante esse ano e meio em que vivi lá. Sempre usando minhas roupas pretas e largas. Sempre com os fones cobrindo meus ouvidos nos intervalos pra ninguém notar minha presença.
E isso deu resultado. Ninguém nunca me desrespeitou porque quase ninguém sabia quem eu era. Ou pra ser mais específico, quem eu realmente sou.
Até eu me mudar pra essa cidade nova, pra essa escola nova.
Até aquele garoto decidir apresentar a escola pra mim e me apresentar ao grupo de seus amigos. Até eu, por mera coincidência, ser sequestrado por os amigos do garoto que me apresentou a escola. Até aquele dia do verdade ou desafio onde eles me desafiaram a beijar o Lee. E até ao facto de minha irmã me fazer perceber que eu estava gostando do Lee, mas minha cabeça não deixava eu atuar por puro medo do passado e do que pudesse acontecer no futuro.
E eu confesso que ainda tenho medo de ser julgado. Que estes meus ditos amigos me virem as costas como meus supostos amigos me fizeram.
Mas agora que falo disso com vocês.. eu tô me lembrando que todo mundo, ou quase todo, dali é viado.
Então, não deve de haver problema em eu me assumir pros garotos.
Certo?
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Possessive || Minsung
FanfictionHan Jisung um rapaz normal e gentil, está andando sozinho para pensar e espairecer um pouco, e é sequestrado, sem motivo aparente, por Lee Know, o chefe da máfia mais temido da Coreia do Sul.