Acordei com o barulho do meu celular tocando. Esfreguei os olhos pra tentar ver melhor e agarrei o celular que estava no criado mudo. Atendi a chamada.
— Bom dia, Jijico!
— Bom dia, mamãe. Como está o papai?
— Seu pai está bem. Os médicos falaram que o embate não foi tão forte assim. Ele só precisa de ficar aqui no hospital por mais uns dias.
— E sabem quem provocou o acidente?
— Infelizmente, não. O carro que foi contra seu pai bateu e se safou. Nosso carro que saiu disparado e foi contra a parede de uma casa.
— Essa pessoa não devia de andar aí à solta!
O meu tom de voz se alterou e saiu um pouco alto de mais, o que fez acordar a pessoa deitada do meu lado.
Olhei para o Minho, sussurrei um "desculpa" e vi o garoto se deitar novamente se agarrando à minha cintura. Sem perceber sorri.
— Eu sei, meu filho. A polícia já começou trabalhando no caso. Seu pai foi esperto e conseguiu ver a matrícula do veículo enquanto ele se afastava.
— Pelo menos isso — Houve uma pausa silenciosa de cinco segundos — Você vai ficar aí muito mais tempo?
— Sim. Quero passar esses dias com seu pai, para ele perceber que não está sozinho.
— Entendo completamente — Voltei a sorrir subconscientemente — Eu posso passar por aí mais logo?
— Preciso de perguntar pro médico, mas acho que não há problemas. Seus amigos podem almoçar aí em casa, se isso te animar. Só não queimem a casa fazendo o almoço.
Minha mãe riu do outro lado da linha e se despediu de mim. Coloquei o celular de volta no criado mudo e me levantei da cama, recebendo um grunhido do Lee pela falta de contacto físico repentina.
Calçei meus chinelos e saí do quarto, enconstando a porta atrás de mim sem fazer barulho, e desci as escadas em direção à cozinha.
Liguei a TV com o som no mínimo, só pra não parecer que eu tava completamente sozinho naquela divisão - Sei lá, eu gosto - e comecei aquecendo àgua pra fazer chá. Minutos depois eu estava sentado no sofá assistindo o noticiário, mas não assistindo o noticiário, com uma chávena de chá na mão direita e uma torrada, vinda de um prato que estava pousado no meu joelho, na mão esquerda.
Minha mente queria se focar no que estava passando na TV mas eu só conseguia pensar em se o meu pai estava realmente bem como a minha mãe descrevia.
Não tô querendo duvidar dela só que sei lá. Ela gosta de me proteger. E às vezes esconde a verdade de mim para não me magoar. Mas acontece que eu acabo sempre por descobrir e me magoo ainda mais.
Enfim.
E se quem embateu no meu pai tivesse alguma coisa contra ele?
Meu pai tem uma empresa pequena, o que não deixa de ser empresa né, e tem muita concorrência. Se não me engano ele estava voltando de uma reunião naquele dia.
Normalmente as reuniões costumam correr bem mas depende do tema do qual estão discutindo.
Isso me faz pensar no que aconteceu quatro anos atrás.
Meu pai havia acabado de ligar pra gente dizendo que ia passar no local das pizzas pra trazer umas pro nosso jantar e no caminho para casa encontrou um amigo que trabalhava pra ele.
Acontece que esse tal "amigo" estava meio embriagado e ameaçou meu pai de fazer mal a mim e minha irmã se ele não aprovasse um tal projeto que ele tinha trabalhado em durante mais de um ano.
Isso tudo enquanto ele apontava uma arma branca para meu pai.
Mas uma pessoa bondosa viu a situação em que papai estava e conseguiu chamar a polícia antes dele conseguir fazer alguma coisa.
Meu pai acabou despedindo esse empregado e nunca mais viu ele.
Isto tudo porquê?? Ah, lembrei.
Daí eu ter suspeitas de que esse acidente não seja realmente um acidente. Mas é só uma teoria que eu espero não ser verdadeira.
— Hannie? Tá tudo bem? — Uma voz meio grave soou do meu lado direito fazendo minha chávena de chá derramar um pouco de seu conteúdo.
Olhei para o lado e vi uma figura masculina quase que grudada em mim. Os cabelos dele estavam bagunçados por conta da longa noite bem dormida. O garoto expressava preocupação por todos os pontos de sua cara.
— Hum? — Disse antes de assimilar o que ele tinha me acabado de perguntar. Sou lerdo mesmo, não me julga — Ah, ta tudo bem. Só estava pensando.
— No seu pai? — Silêncio se instalou no cômodo por longos segundos.
Minha mente começou vagueando por mais teorias que provavelmente não seriam verdadeiras nem prováveis de acontecer.
— Sabe que pode falar comigo, certo?
Hyunjin me encarava com uma expressão ainda mais preocupada do que a que esboçava anteriormente.
Eu pousei a chávena e o prato com uma torrada meio comida em cima da mesa com cuidado. Bati minhas mãos uma na outra pra tentar tirar os restos de farinha e alguma gordura deixada pela manteiga derretida no pão.
Encarei o Hwang, que ainda não tinha parado de me olhar durante um único segundo desde que se tinha sentado do meu lado.
— Hyun.. É.. como eu devo dizer isso... Difícil? Eu não sei. Nunca desabafei com ninguém porque nunca tive amigos de verdade.
Ele continuou ali, olhando nos meus olhos. Com o rosto sério.
— Mas acho que não o vou conseguir fazer se você não parar de me olhar como quem quer sugar minha alma.
Hyunjin descontraiu os músculos da cara e do resto do corpo rindo do que eu tinha acabado de dizer e me dando uma pequena pancada com a mão no meu ombro.
— Eu tô preocupado por causa do meu pai. Tenho medo que não tenha sido só um acidente.
— Como assim, não tenha sido só um acidente?
— Isso já aconteceu antes. Um empregado dele o apanhou sozinho e o ameaçou — Fiz uma pausa pra pensar direito no que estava falando — Sei lá. Se calhar só estou pensando demais.
O Hwang colocou a mão dele no meu joelho e fez pequenas carícias.
— Pode ser como pode não ser. Ce já pensou em falar com o Minho?
Eu olhei para ele não entendendo onde o Lee se encaixava naquela história.
— Ele é líder de um gangue da máfia, lembra? Ele consegue descobrir até qual a marca da roupa interior do seu tio, se quiser.
Ata. Então se eu falar com o Minho ele consegue descobrir se foi acidente ou não. Mas porque raio o Hyun teve de dar exemplo da roupa interior do meu tio, hein?
— Ah, sim — Respondi sorrindo — Tem vezes que eu esqueço desse detalhe. Vou falar com ele quando ele levanta.
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Possessive || Minsung
FanfictionHan Jisung um rapaz normal e gentil, está andando sozinho para pensar e espairecer um pouco, e é sequestrado, sem motivo aparente, por Lee Know, o chefe da máfia mais temido da Coreia do Sul.