21.

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Eu não fazia a mínima ideia pra onde o Lee estava me levando. Só estava aproveitando o momento mesmo. Minhas mãos rodeando a barriga dele e minha cabeça apoiada nos ombros do mesmo, sentindo aquele cheiro gostoso a baunilha do perfume de Minho.

— Agora é que você vai me sequestrar a sério — Falei quando Minho parou a moto e desceu.

— Não é sequestro se você deu permissão.

Ele estendeu a mão na minha direção, me ajudou a descer e a tirar meu capacete.

— Acho que não dei permissão — Ele riu e começou andando, fazendo eu o seguir — Onde tá me levando?

— Surpresa.

— Aish..

O Lee pegou minha mão e eu olhei surpreso pra ele - mas não larguei. Ele sorriu e começou me puxando por entre as ruas da cidade, vulgo, Busan.

Fomos andando e falando de assuntos aleatórios e observando os prédios altos e as diferentes cores que coloriam a cidade na noite.

Minho parou de me puxar quando chegamos na frente de um restaurante pequeno com duas mesas na parte de fora. Parecia haver nem muito nem pouco movimento dentro do mesmo, havia só as pessoas ideais.

O segui para dentro do edifício e vi que a decoração que o mesmo possuía era bem simples. As mesas enfeitadas com os pratos e talheres, com uma jarra e flores bem coloridas dentro.

Vi um grupo de cinco amigos comendo ramen no canto da sala e um casal comendo da mesma taça de sorvete.

Uma senhora com um sorriso enorme na face surgiu detrás da porta da cozinha e se dirigiu a nós, com o olhar fixo no Lee.

— Lee Minho. Há quanto tempo não vejo você por aqui. Já faz o quê? Três, quatro anos, certo?

— É — Ele coçou a cabeça com a mão que segundos atrás estava segurando a minha. Isso me causou um frio na barriga, que eu tentei ignorar — Tenho estado cheio de trabalho, você sabe como é.

Os olhos da mulher mais velha na nossa frente mudaram de direção e me olharam de alto a baixo.

— E quem é esse seu amigo? Você não costuma trazer muita gente aqui.

— Ah, o nome dele é Han Jisung.

A mulher me olhou mais uma vez de alto a baixo. Engoli em seco e tentei disfarçar o meu olhar de "por favor me ajuda" que direcionei a Minho.

Pra ser sincero eu estava me sentindo desconfortável pra caramba. Neste momento já tinha perdido até o rumo da conversa entre as duas pessoas do meu lado.

Parecia que todo o mundo estava olhando e falando de mim, mesmo eu sabendo que isso era, provavelmente, coisa da minha cabeça.

Minhas mãos começaram suando e tremendo levemente e minha respiração começou ficando irregular.

Senti uma mão pousar na minha bochecha e me virar lentamente.

— Ji, tá tudo bem com você?

Isso foi o ápice pra mim. Pequenas lágrimas começaram rolando pela minha cara abaixo.

— E-eu..

As mãos de Minho agarraram as minhas e com esse gesto eu consegui parar de encarar o chão e olhar nos olhos dele.

— Me desculpa, Srª Cho. Voltamos noutro dia.

A mulher acenou com a cabeça e Minho saiu pra fora do restaurante comigo.

A brisa fria do vento estava me batendo na cara por conta do quão rápido o Lee estava andando.

Por conta de estarmos em uma cidade era possível ouvir condutores estressados buzinando alto e barulhos de motores arrancando.

E por mais que eu não quisesse estar tendo esta situação neste momento é quisesse muito parar, as pessoas em quem Minho esbarrava pra poder passar comigo e os olhares que elas nos lançavam pioraram um pouco a situação.

Eu não fazia a mínima para onde ele estava me levando, mas sabia que ele era uma pessoa em quem eu podia confiar então só o deixei me levar.

Não sei por quanto tempo nós tivemos andando, sei que já tínhamos parado faz uns bons segundos mas eu não tinha tido coragem suficiente pra deixar Minho ver meu estado.

Parecia que eu estava sozinho. Não ouvia a respiração de mais ninguém sem ser a minha. Isso me fez acalmar um pouco a ponto de tirar a cara dos joelhos e abrir os olhos aos poucos.

Ouvi o som de ondas batendo nas rochas e desmoronando na areia. Vi gaivotas voando no céu e indo em pique em direção à água, voltando com um peixe nos bicos. Consegui sentir o cheiro do mar e baunilha?

— Pensei que você se acalmasse aqui — Me assustei com a voz do Lee.

Olhei para ele e o vi sentado na areia, tal como eu. Abraçando os joelhos com os braços e observando o mar.

— No dia em que nos conhecemos sua mãe disse qualquer coisa sobre você vir na praia quando tinha crises — Ele desviou a atenção das ondas para mim — Então te trouxe aqui.

Os cabelos dele estavam todos bagunçado pela conta do vento, mas ele meio que ficava bonito assim.

— Você quer falar sobre o que se passou lá?

— Não, não agora.

Ele assentiu com a cabeça e tornou a olhar para o mar. Eu me aproximei dele e me enconstei ao seu corpo, apoiando minha cabeça no ombro dele.

Ele largou os joelhos e levou uma mão até meus cabelos onde começou fazendo um cafuné bem gostosinho.

— Obrigada, Min. Sério.

— De nada, esquilinho — Ele depositou um beijinho na minha cabeça e continuou olhando as ondas do mar — Posso perguntar porque gosta tanto do mar?

— Minha mãe costumava me trazer aqui quando eu era criança. Ela dizia que era o sítio preferido da vovó. Eu nunca conheci minha avó, mas quando venho na praia me sinto perto dela e me acalmo. Você pode me achar estranho por eu falar essas coisas. Não devia ter falado isso..

— Porque eu iria fazer isso? Eu mesmo tenho um sítio assim.

Olhei pro garoto do meu lado surpreso.

— O restaurante em que eu levei você hoje. Ele é importante pra mim também. Eu ia lá com meu irmão mais velho.

— Mas você parou de ir, não foi?

— Hum-hum. Parei de ir lá faz 4 anos. Meu irmão morreu num acidente de carro e eu nunca me senti pronto pra voltar lá de novo.

— Então eu fui a primeira pessoa a ir depois da... — Minha ficha caiu e eu caí no choro novamente — Me desculpa, Min.. Eu não sabia que isso era importante pra você, se eu soubesse e-eu..

— Não precisa preocupar com isso agora — Ele riu de leve — Podemos voltar lá outro dia, quando você estiver pronto. Agora vamos só aproveitar. Isto foi uma boa mudança de planos.

— Hum.

Ficamos assim até acharmos que eram horas de voltar pra casa. Sentados na areia a observar o mar, com o Minho me fazendo carinhos no cabelo e eu o olhando enquanto ele olhava para as ondas.

Possessive || MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora