Primeira Estrela - Uma consequência da vida real

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— Eu vou te achar, Tyler! — Seu grito teve o poder de me paralisar

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— Eu vou te achar, Tyler! — Seu grito teve o poder de me paralisar. — Sempre acho.

E era verdade.

Não era difícil me achar.

Eu era patético ao ponto de me esconder debaixo da cama.

Comecei a chorar.

Cobri a boca com a mão pra sufocar os soluços.

Mas meu destino era previsível.

Os passos dele estavam cada vez mais próximos.

Minha perna esquerda mal se movimentava após a surra do dia anterior.

Torci para que ele fosse na direita ou que me matasse.

Sem dúvida a morte era melhor do que aquilo.

Apertei os lábios e fechei os olhos por um momento porque lá no fundo sabia que merecia aquilo ou coisa pior, já que me lembrava muito bem do que eu fiz.

Vi os pés dele diante da cama.

Me encolhi sabendo que era uma questão de tempo até que tudo desabasse de novo.

— Estou aqui, pai — ouvi a voz de Derek, meu irmão gêmeo que apesar de ter o mesmo timbre, possuía uma firmeza que nunca consegui copiar.

— Tyler! — rosnou meu pai com o ódio à flor da pele como sempre sem saber distinguir os próprios filhos quando estava caindo de bêbado.

Eu estava tão paralisado que não consegui sair dali e gritar que eu era Tyler. Eu que merecia ser castigado e não Derek.

Derek não devia me proteger de novo.

Não depois do que eu fiz.

Alguma coisa me cutucou e acordei na hora. Meus olhos estavam cheios de remelas e ao perceber que minhas bochechas estavam molhadas, tive certeza de que chorei durante o pesadelo.

Olhei ao redor meio sem conseguir me situar. Aquele não era meu quarto com estrelas coladas no teto, nem a cama que eu usava pra me esconder das merecidas surras.

Derek me encarava assustado como sempre mesmo que nem de longe fosse o meu primeiro pesadelo.

— Tá tudo bem, Tyler. — Meu irmão tentou me consolar ainda que eu estivesse tremendo da cabeça aos pés. — Papai não pode nos machucar aqui.

Quando finalmente reconheci o nosso novo quarto, onde agora morávamos com nossas tias longe de qualquer ataque inesperado, consegui ar o suficiente nos pulmões.

— E-E-Eu... — funguei sem conseguir nem falar direito. — E-E-Eu mereço.

Derek passou a mão nos cabelos escuros e lisos como os meus, tirando a franja impecável da testa.

— Não merece não. — Deitou do meu lado sabendo que eu ia precisar dele. — Não foi sua culpa, Ty.

Tentei não pensar naquilo.

Mas era impossível.

A culpa era um peso constante.

— Foi sim — sussurrei, antes de enterrar a cabeça no travesseiro porque nenhum pesadelo seria maior do que a dor de enfrentar as consequências da vida real.

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