Vigésima Quarta Estrela - Um embate traumático

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Saí do hospital aos tropeços

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Saí do hospital aos tropeços. Eu não queria deixar Derek, mas ele conseguiu me convencer a voltar pra casa, tomar um banho e descolar um lanchinho mesmo que eu não estivesse sentindo um pingo de fome.

Mesmo assim, tem que comer.

Está fraco.

Soltei um suspiro e concordei com a cabeça enquanto ia caminhando até a praça, desviando de leve do caminho de casa.

— Vou pra casa, só quero um tempinho pra digerir tudo — falei, me sentando num banco perto de um lago que me dava calafrios.

Era o mesmo lago onde tudo aconteceu. A brisa bem suave era a mesma que tanto me deu pesadelos. Era irônico que eu estivesse ali depois de tudo, mas eu estava.

Ouvi passos atrás de mim, mas nem quis espiar pra ver quem era. Digamos que esse foi meu maior erro.

— Muita coragem sua aparecer aqui — disse meu pai, me fazendo levantar na hora. — O CCH foi tão incompetente em te fazer esquecer.

— O Derek...

— Como sempre limpando a sua bagunça. Agora ele vai morrer por culpa sua, assim como Eleanor morreu por culpa sua — disse aos prantos. — Não percebe que tudo o que você toca automaticamente apodrece?

Me afastei dele sentindo cada palavra como um tapa.

Fuja, estrelinha. Tem que sair daí logo. Esse cara é maluco.

— É meu pai — sussurrei e aquela afirmação foi o gatilho para que ele me encurralasse.

Fui dando passos para trás querendo escapar da surra que sem dúvida eu merecia. De repente, não tinha mais chão para que meus passos firmassem, então acabei me desequilibrando ao pisar em falso e caí no mesmo lago que foi o palco dos meus pesadelos mais terríveis.

Senti a água nos meus pulmões. Não lutei, não nadei porque eu sabia que seria muito inútil porque eu era fraco. Talvez, meu fim deveria ter sido ali desde o início e eu estava só driblando a morte levando pessoas inocentes comigo.

Fechei os olhos porque eu não queria ver nada daquele lago, só aceitar meu destino. Afundei, tentando relaxar o corpo mesmo que tudo em mim quisesse me obrigar a lutar.

Estrelinha, nade!

Vamos, cara! Você tem que nadar.

Ignorei Marcel e deixei que a água dominasse meus pulmões para o total horror dele.

TYLER!

Foi com esse último grito de súplica que senti meu corpo deixando de ser meu. Marcel tomou posse das minhas articulações e começou a usar seus dons de nadador para nos tirar dali.

Tentei pegar meu corpo de volta, mas nada feito. Pelo visto, meu corpo estava a favor dele naquela briga interna.

Assim que chegamos na superfície, vi meu pai boiando na água. Só dava pra ver os cabelos dele e assim como eu, ele tinha desistido. Só que diferente de mim, ele não tinha um Marcel para lutar por ele.

Saí daquela água gelada e comecei a tremer pouco antes de chorar só na minha cabeça, já que eu não poderia me aliviar nem com minhas próprias lágrimas. Eu quis tentar salvar meu pai, só que meu corpo não era mais meu naquele momento. Marcel me paralisou ao ponto de eu ficar preso na minha própria mente só observando o nada.

— Vou te levar pra casa — disse usando minha voz e senti meus pés dando meia volta e saindo daquela praça.

Tentei protestar dizendo que devíamos voltar para salvar meu pai, só que eu não era nada além de uma consciência a parte.

Eu estava pingando no chão quando cheguei em casa. Minhas tias estavam preparando a janta e conversavam sobre a visita que fariam ao Derek. Tia Samantha largou a colher na pia assim que me viu todo encharcado e tremendo, foi aí que Marcel resolveu me devolver a posse do meu corpo.

— O que houve, meu bem? — Tia Samantha foi logo pegando uma coberta para que eu me aquecesse, já que eu tremia de tanto frio.

— E-E-Eu vi meu pai — falei, mordendo com força minha boca. — Ele tentou me matar afogado. Ele se matou afogado — fui bem atropelado e direto porque até mesmo fazer rodeios me faria pensar no que eu mais queria esquecer.

— Ah, querido! — Ela começou a chorar ao me abraçar. — Vou preparar um banho quente. — Pelos soluços, eu soube que eu não era o único que temia meu pai. — Não posso te perder.

— Não vai — garanti mesmo que nem eu acreditasse mesmo naquilo.

Mesmo com ela quase implorando para que eu tomasse banho na banheira dela, insisti para usar o meu próprio banheiro. Uma chuveirada quentinha não era o ideal, mas ficar na banheira era quase a mesma sensação de estar naquele lago de novo.

Por que não lutou, Tyler?

— Meu pai está morto — murmurei ainda sem conseguir acreditar.

Por que não lutou?

Respirei fundo antes de admitir o que eu mais temia. Caso Marcel soubesse, talvez entendesse o motivo para que eu desistisse tão fácil da minha vida depois de ter destruído tantas outras.

— Porque eu matei minha mãe Eleanor — falei ainda incapaz de digerir nem um terço do que aconteceu. — Naquele mesmo lago.

O quê?

Respirei fundo e me preparei porque sabia que aquela seria uma longa e dolorosa história.

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