Vigésima Quinta Estrela - Uma dança silenciosa

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Naquele dia depois que saímos do hospital, me encontrei com Bianca na praça e chorei em seus braços sem conseguir encontrar qualquer saída viável

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Naquele dia depois que saímos do hospital, me encontrei com Bianca na praça e chorei em seus braços sem conseguir encontrar qualquer saída viável.

Mesmo com o pouco dinheiro que juntei do meu trabalho da Montgomery's, consegui alugar uma quitinete bem baratinha um bairro horrível e perigoso. Ao menos, eu ainda teria onde morar.

Eu dormia num colchão no canto do cômodo. Estava há semanas usando a mesma roupa antes de Bianca me presentear com algumas das suas. Eu a amei muito por estar do meu lado mesmo que as coisas estivessem difíceis.

Me revigorava quando todos os dias após meus dois turnos cansativos no trabalho ia até o estúdio para vê-la dançar. As pessoas costumavam me olhar torto devido as roupas que eu usava, mas tentei me manter firme e decidida.

Eu não iria mais abrir mão de quem sempre fui.

Muito menos por uma sociedade porca.

— Eu costumava pescar com a minha mãe no lago — murmurei, me sentando na cama e encarando o vazio

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— Eu costumava pescar com a minha mãe no lago — murmurei, me sentando na cama e encarando o vazio. — Era nosso passatempo favorito. — Tentei sorrir, mas não tinha mais nada de feliz naquela lembrança.

E o que houve?

— Minha mãe não sabia nadar, mas eu sim. Quer dizer, eu era o melhor da faculdade. — Dei de ombros. — Até você roubar o título de mim.

Nem vem com essa de novo.

Consegui esboçar um leve sorriso, o que era algo inédito pra mim depois de tudo.

— Um dia, fomos pescar como sempre só que acabou rolando uma tempestade daquelas. Nossa canoa virou e caímos. — Comecei a tremer com a mera lembrança. — Tentei salvá-la, mas o lago estava impossível. Era muita chuva, muita água. Eu tive que nadar para me salvar, mas ela estava muito no fundo e afundava tanto que para eu a salvasse, teria que morrer tentando.

Ah, Tyler!

— Cheguei em casa correndo e liguei para os bombeiros. Quando acharam o corpo dela, já era tarde demais. — Abaixei a cabeça enquanto meu coração parecia estar sangrando de tanta agonia. — Meu pai nunca me perdoou porque eu a matei. Fui burro e incompetente. De que adiantava um título de melhor nadador se eu não conseguia nem salvar minha própria mãe?

A culpa não foi sua, estrelinha.

— Eu deveria ter morrido tentando salvá-la, é o que um filho faria — admiti o que tanto me machucava.

Não. Você fez o que pôde. Deu seu melhor. Foi sim uma fatalidade, mas foi por culpa da tempestade. Vocês só estavam no lugar errado na hora errada.

— E-E-Eu queria poder te abraçar — murmurei aos prantos. — Q-Q-Queria que estivesse aqui comigo de verdade.

Eu sempre vou estar com você, mesmo sem uma forma física.

Assenti enquanto eu me rendia a dor que tanto me aprisionou durante todo aquele tempo.

Após uma insistência louca de Davi, o presidente acabou oferecendo a Emma uma indenização pelos danos causados, algo inédito na história do CCH

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Após uma insistência louca de Davi, o presidente acabou oferecendo a Emma uma indenização pelos danos causados, algo inédito na história do CCH.

Com isso, Emma conseguiu reconstruir um pouco a sua vida com a promessa de que se mudaria o quanto antes para a Ilha das Flores. Aquilo alegrava Bianca e ao mesmo tempo a quebrava, visto que Bianca não possuía aquela liberdade de poder ir com ela.

— O bom é que não vou precisar ficar nessa quitinete horrível — disse Emma colocando a saia de balé rosa que Bianca lhe presenteou. Elas costumavam dançar pela sala rodopiando sem medo. — Ouvi dizer que o marido do rei da Ilha das Flores é um homem trans.

— É verdade — afirmou Bianca ao deixar que a garota segurasse sua cintura para que a dança começasse. — O Ian é incrível. Pelo menos, foi o que ouvi dizer.

— Vou poder ser eu mesma lá. — O peito de Emma subia e descia de tanta felicidade, acompanhando os batimentos acelerados. — Queria que viesse comigo.

— E eu queria ir. — Bianca se viu desolada com a mera hipótese de perdê-la. — Mas não posso bancar uma faculdade sozinha, então tenho que esperar eu me formar. Falta bem pouco.

— Posso esperar por você — disse Emma. — Olha, vou me mudar e conseguirei uma casa boa para nós duas.

— Será que vou conseguir trabalhar no mesmo hospital que o Davi? — perguntou Bianca quase se emocionando com a hipótese. — Será que vou conseguir me livrar desse lugar?

— Eu sei que vai. Grande Sunshine não merece uma pessoa boa e doce como você.

E então, Emma ligou a música clássica e as duas rodopiaram pelo cômodo estreito onde Emma morava enquanto as incertezas gritavam como ecos no ritmo frenético da dança.  

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