Acabei me levantando na hora quase derramando o milk-shake. Cocei os olhos sem querer acreditar no que já estava mais do que óbvio diante de mim.
Senti meu coração acelerar de raiva, quase socando meu peito. Inflei as narinas e fui disparado até aqueles dois pronto pra exigir uma explicação mesmo que lá no fundo eu soubesse muito bem o que estava rolando.
— Camille — chamei com a voz mais rígida do mundo, o que não só interrompeu a troca de saliva entre eles como também a deixou pálida da cabeça aos pés.
— T-T-Tyler... — Ela desgrudou depressa de Marcel, que por incrível que pareça também estava em choque com a minha presença. — E-E-Eu...
Ela abriu um sorriso nervoso e umedeceu os lábios, borrando boa parte do batom sempre impecável que ela usava.
— Ele é o seu projeto pra amanhã? — Apontei com repugnância para o maldito Marcel Byron, que deu alguns passos para trás como se previsse a briga que com certeza ia rolar.
— Olha, sei que é difícil entender. — Camille pigarreou com os olhos cheios de lágrimas que em nada me comoveram. Essas lágrimas de crocodilo não iriam fazer meus chifres diminuírem. — M-M-Mas eu sentia que você estava cada vez mais distante. O Marcel estava comigo, me incentivando a pintar, ouvia o que eu dizia sem parecer fora do ar. Sei que passou por muita coisa, mas...
— Mas nada — interrompi sua desculpa sem pé e nem cabeça. — Você acha que o fato de eu estar mais distante é motivo o suficiente pra traição?
— A verdade é que nunca amei você — ouvir aquilo doeu muito mais do que deveria, tanto que alguma coisa pareceu esmagar meu coração ao ponto de minha respiração acelerar com o impacto sinistro. — O CCH...
— Nem menciona a droga desse nome. — Sacudi a cabeça porque sequer ouvir sobre essa maldita cura gay me fazia querer gritar.
— Nunca achou estranha a forma como entrei na sua vida? — Ela ousou chegar perto de mim mesmo eu sentindo um nojo surreal não só dela como do poste ridículo parado ao lado dela. — No seu momento mais frágil, com todos ao redor dizendo que você nunca iria me amar e tendo razão sobre isso.
— M-M-Mas eu amo. — Mesmo eu dizendo em voz alta, eu sabia que era inútil. Em Grande Sunshine, se você já esteve com um homem todos diriam que você era gay e ponto final. Ninguém entendia que sexualidade tinha um leque absurdo de possibilidades. Eles insistiam em enxergar um mundo cinzento mesmo que houvesse diversas cores do arco-íris bem diante de seus olhos.
— O CCH queria um parecer sobre o seu estado. — Ela tentou tocar meu ombro, mas é óbvio que recuei. — Saber se sua situação ainda estava crítica para poderem agir e depois daquilo que disse para o Marcel eu...
Sua careta enojada me desarmou porque de fato pensei que ela respeitasse minha sexualidade e que soubesse que naquele momento eu estava apenas irritando Marcel, até porque eu jamais tentaria qualquer coisa com alguém que fazia da minha vida um inferno.
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O amor é uma piada ✅
Science FictionPLÁGIO É CRIME! É proibida a distribuição e reprodução total ou parcial desta obra sem autorização prévia do autor. Tyler Tramontini sempre se via tropeçando pela vida até se encantar pela garota dos seus sonhos. Porém, tudo muda quando ela o troca...