Vigésima Sétima Estrela - Uma verdade obscura

209 45 109
                                    

Diante de tudo o que aconteceu, eu só enxergava um culpado: Christian Alvarez Leal

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Diante de tudo o que aconteceu, eu só enxergava um culpado: Christian Alvarez Leal.

Por causa dele, meu irmão Derek se foi.

Por causa dele, Marcel não pode mais viver a própria vida.

Por causa dele, meu pai acreditou que esquecer era a melhor solução.

O mundo seria um lugar melhor sem Christian Alvarez Leal tornando até respirar impossível e doloroso.

É arriscado, Tyler. Depois do que rolou com Derek sei que ele não hesitaria em tentar de novo, só que dessa vez com você.

— Não vou brigar com ele, só vou pedir para que ele dê a sua vida de volta — falei enquanto ia até a sede do CCH com passos bem largos.

E se ele não aceitar?

— O vídeo e as fotos vão vazar, isso não é negociável — rebati porque apesar de todos esses riscos, eu não ia andar pra trás. — Christian julga tanto a homossexualidade que chega a ser hipócrita o jeito como ele se diverte nas horas vagas. As pessoas precisam abrir os olhos e ver o óbvio.

Já adianto que não estou pensando na carreira dele e nem tiro a sua razão, só que isso é perigoso. Da última vez que tentamos ameaçar, não deu nada certo.

— Se ele quiser fazer a manipulação mental em mim, então que faça. — Dei de ombros sabendo que eu não deixaria isso rolar. Derek se sacrificou para que eu continuasse lembrando, então eu jamais faria a morte dele ser em vão.

Só que eu não podia ficar de braços cruzados vendo Christian viver todo feliz e saltitante pegando vários caras no sigilo enquanto destruía a felicidade de outros que tinham o mesmo segredinho que ele.

Me diz que está brincando.

— Quer ficar pra sempre preso no meu corpo? — perguntei já tendo certeza da resposta.

Não, mas eu tenho medo por você.

— Porque gosta de mim? — Acabei sorrindo.

É, acho que gosto de você.

— Muito? — Alarguei o sorriso.

Não fique se achando não, estrelinha.

Sacudi a cabeça e dei risada. Marcel foi essencial para que eu não desmoronasse de vez. Ele cantava todas as noites para eu dormir, me protegia dos pesadelos, me dava o melhor dos prazeres quando estávamos entediados e ainda me deixava meio nervoso quando tomávamos banho juntos.

Era quase como ter um namorado, só que sem poder tocá-lo, nem vê-lo. Digamos que era pra lá de frustrante querer tanto estar com alguém, sentir um abraço, ser beijado e não poder ter nada disso.

Mesmo com ele ao meu lado, eu me sentia incompleto por não poder amá-lo por inteiro.

— Ainda pensa na Camille? — questionei ao soltar um suspiro. — Quer dizer, vocês ainda namoram, né?

Gosto dela, sempre vou gostar. Só que no momento, estou tão perto de você que não sei se penso nela do jeito que eu deveria estar pensando. Não sei se isso faz sentido.

— Pra mim faz — admiti porque eu me sentia do mesmo jeito.

Apesar de Camille ter me magoado muito, eu ainda gostava dela mesmo ela não merecendo um pingo desse sentimento. Só que pro meu alívio, passei a pensar menos nela porque Marcel supria todas as necessidades de um relacionamento que eu fantasiava mesmo que ele não estivesse fisicamente ao meu lado.

— Quando voltar pro seu corpo, ainda ficará comigo? — Fiz a pergunta que poderia me destruir ou reconstruir dependendo da resposta.

É claro, estrelinha.

Sempre.

Mesmo tão machucado por dentro e por fora, acabei sorrindo e reuni coragem para entrar na sede do presidente tendo total ciência dos riscos que nos rodeavam.

Mesmo tão machucado por dentro e por fora, acabei sorrindo e reuni coragem para entrar na sede do presidente tendo total ciência dos riscos que nos rodeavam

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A recepcionista teve que ligar para o próprio presidente porque me recusei a sair, tanto que mordi os seguranças que tentaram me arrastar pra fora. Insisti para que deixassem ver Christian e que o assunto era urgente.

Não demorou muito para que liberassem minha entrada. Fui pelo elevador todo tecnológico que funcionava por comando de voz. Comecei a ficar nervoso antes mesmo de ir parar no último andar, onde ficava a sala daquele mal-amado.

Tenta ficar calmo. Nós merecemos uma explicação. Quem sabe assim ele nos conta o motivo pra ele fazer essa maluquice, hein?

— O motivo é que ele é um surtado — falei com uma careta que fez Marcel gargalhar.

Fiquei rígido quando as portas do elevador se abriram, mas acabei indo bem rápido. Tive que sentar numa salinha de espera por alguns minutos, o que não melhorou em nada meu nervosismo.

Assim que um cara de terno saiu da sala, se despedindo de Christian com um aperto de mão, reuni coragem e me levantei num salto. O presidente fez um gesto com a cabeça para que eu entrasse e mesmo com as pernas meio bambas, acabei indo sem soltar um pio sequer.

A sala era enorme e congelante por causa do ar condicionado ligado no máximo. A mesa de vidro dava um ar bem executivo. A planta de estimação dele perto da porta era um cacto, o que justificava muita coisa. Mesmo assim, era uma típica sala de empresário ou riquinho que nunca teve que pagar um boleto na vida.

— Sente-se, Victor — disse com um ar debochado, já que depois de tudo, ele com certeza tinha decorado meu nome completo no mínimo. — A que devo sua visita?

— Aposto que já sabe. — Me sentei na cadeira de frente pra ele mesmo sem o convite.

— Mais uma ameaça, imagino. — A tranquilidade dele me dava nojo.

Respire fundo e diga.

Estou aqui com você.

— Quero que coloque o Marcel de volta no corpo dele — falei com uma firmeza que até mesmo me surpreendeu. — Depois de você ter matado meu irmão por um erro, me deve isso.

— Não te devo nada, garoto. — Christian afundou na cadeira e trincou os dentes. — Deixa eu adivinhar: se eu não fizer isso, vai me expor?

— Exato. — Tentei sem sucesso disfarçar a tremedeira. — E se me levar para o subsolo pra me forçar a esquecer, as fotos estão programadas para serem expostas. Então, se eu não voltar para casa pra que isso seja cancelado caso decida me ouvir, acabou pra você, presidente.

Ele estava sereno demais para alguém que devia estar com medo da ameaça que já o irritou tanto no passado.

— Você quer que eu coloque Marcel Byron de volta no corpo dele. — Encarou-me com um sorriso sarcástico.

— Isso. — Prendi o ar e soltei quase na mesma hora.

— Temo que isso não seja possível porque o Marcel Byron que está na sua cabeça, não existe — disse para o meu total espanto.

— O quê? — Marcel e eu dissemos ao mesmo tempo.

O amor é uma piada ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora