Segunda Estrela - Um selo de sobrevivente

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O ambiente era pegajoso

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O ambiente era pegajoso.

Havia uma grade me impedindo de fugir.

Me agarrei as barras com as mãos tremendo.

Eu queria fugir, mas não podia.

Eu queria gritar, mas tinha medo.

Ali, eu não passava de um número.

— Hora de acordar, estrelinha! — gritou Derek quase me fazendo cair da cama. — Você tem visita lá na sala.

— Não quero ver ninguém. — Afundei o rosto no travesseiro feliz por ter escapado do pesadelo, mas triste por ser obrigado a ficar remoendo tudo durante o dia.

— É a Camille — afirmou como se soubesse que aquilo melhoraria duzentos por cento tudo. — Ela vai tomar café com a gente antes da faculdade.

— Por que não disse logo? — Me sentei na cama de imediato. Camille era a minha doce e amável namorada.

Depois de tudo o que aconteceu, estar com Camille me deixava mais esperançoso porque mesmo ela sendo muito areia pro meu caminhão, por incrível que pareça ela gostava de ficar comigo.

— Teve outro pesadelo? — Derek me pegou pelo queixo pra examinar minha cara terrível de noite mal dormida.

— Não — menti sabendo que era inútil porque meu irmão tinha um sexto sentido quando se tratava de decifrar se eu dizia ou não a verdade.

Mesmo sem querer, minhas mãos foram parar debaixo do meu travesseiro onde eu guardava a prova de que de fato escapei das garras afiadas do governo. Segurei com firmeza o cartãozinho do CCH (Centro de Cura Homossexual) e tentei sem sucesso fazer com que minhas mãos parassem de tremer feito loucas.

''Senhor(a) Derek Tramontini,

Gostaríamos de informar que Tyler Tramontini abdicou de todas as memórias homossexuais e pedimos para que você não mencione nada relacionado a isso, caso contrário pagará uma multa no valor de 500.000 podendo sofrer acréscimos.

Atenciosamente,

Governo de Grande Sunshine, Ilha dos Cisnes.''

— Sabe, eu sempre olho pra isso porque as vezes eu tenho a impressão de que não foi real. — Engoli em seco me lembrando de quando fui capturado pelo governo a mando do meu pai. — Aí eu olho esse cartão e vejo que foi sim. — A vontade de chorar veio como uma torrente.

Nosso governo opressor possuía uma política bem rígida quanto a homossexualidade. Aqui, havia uma espécie de hipnose chamada de manipulação mental que nada mais era do que um artifício terrível que fazia com que os gays esquecessem que um dia foram gays.

Segundo o governo sem cérebro que tínhamos, o esquecimento era a melhor forma de curar a doença inexistente. Claro que eles podiam gastar esse tempo livre deles tentando buscar a cura do câncer, porém eram tão desocupados que gastavam energia até demais se preocupando com quem o outro dormia.

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