Parte 8

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Nota da autora: MIL PERDÕES pela demora em atualizar. Eu vou passar por um procedimento cirúrgico no próximo mês, entrarei de férias, além de estar estudando para tirar minha CNH, então está tudo um grande caos. Aos poucos estou me organizando pra voltar com tudo para as minhas fanfics. Aliás, MUIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIITO OBRIGADA pelos 1k. Estou feliz demais com a repercussão de Upside Down. Não me odeiem nesse capítulo, tá? Em breve tudo se ajeita. Boa leitura e me deixem saber se gostaram!

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Desejei apagar aquele final de semana da minha vida, mas quando um acontecimento nos marca da forma como a noite de sexta-feira me marcou, é impossível esquecer.

Impossível esquecer o cheiro de Miranda. Seu toque, seus beijos, o som dos seus gemidos ou a forma como seus lábios formavam um perfeito "o" sempre que eu tocava algum de seus pontos sensíveis.

Aliás, numa só noite, descobri que Miranda tem vários pontos sensíveis. Sempre que eu segurava em seu pescoço para beijá-la ou puxava os fios de cabelo que caíam sobre sua nuca, ela gemia. Ou quando eu mordiscava seu lábio inferior ou aprofundava o beijo até que nossas línguas iniciassem uma batalha desesperada. Mas era um gemido diferente. A satisfação era claramente maior. E a minha admiração por aquela mulher crescia na proporção em que o som de seus gemidos aumentava.

Miranda era única. Sempre fora. Mas eu nunca sequer imaginei poder compartilhar algum momento com ela além do profissional. Aliás, o nosso contato era uma linha tênue entre o ódio e o respeito. Cada reunião, cada nova edição, era o caminho para uma nova batalha entre nós dois. E agora... Agora eu sou uma mulher apaixonada por outra mulher. Sou uma pessoa que nem eu mesma consigo entender, com novos sentimentos, hormônios a flor da pele e um coração aquecido. Aquecido por lembranças que talvez não deixariam nunca de ser apenas isso: lembranças.

O caminho até o trabalho foi um martírio. Ensaiei o tempo todo um sorriso de naturalidade que não cabia espaço para incômodos vindos de Miranda, mas, apesar de insistir em pensar em como agiria, eu sabia que nada daquilo funcionaria. A presença daquela mulher me desestabilizaria mais que nunca e eu não estava pronta para lidar. Ainda assim, precisava trabalhar. Precisava mostrar que eu não sou apenas uma mulher sentimental que abandona o barco na primeira desilusão. Eu sou Andrea. Diferente de Andrey fisicamente, levemente diferente emocionalmente, mas idêntica profissionalmente. Eu me manteria firme e não deixaria com que Miranda me abalasse.

Contudo, não é sempre que as coisas saem como o planejado.

Tudo começou quando cruzei a porta do elevador e não consegui evitar de olhar para a sala da editora-chefe. A porta estava fechada, mas eu conseguia ver tudo que acontecia lá dentro devido à grande frente de vidro. Nunca entendi porque Miranda gostava daquela porta. Ela perdia totalmente sua liberdade e privacidade, ainda que tivesse uma cortina retrátil. Com o tempo percebi que ela não se importava em perder sua privacidade em troca de conseguir amedrontar toda a sua equipe ainda que não dissesse uma palavra e apenas os encarasse.

Lá estava ela, imponente como sempre, sentada em sua cadeira com as pernas cobertas por uma meia fio vinte na cor preta que deixava a sombra da sua pele clara ultrapassar os poros do tecido e criar um reflexo convidativo. Nos pés, um Louboutin impecável e que poderia facilmente custar o preço do meu aluguel. Não conseguia ver claramente o que ela vestia por cima da meia, pois a mesa do seu escritório cortava parte da visão, mas com certeza era tão bonito quanto o resto.

Mas ela não estava sozinha. Ao seu lado, com parte da bunda apoiada na madeira da mesa, havia outra mulher. De longe, ela parecia um pouco mais nova que Miranda e era tão bonita quanto. Seu cabelo era loiro, na altura dos ombros, e seu sorriso era grande. Ela vestia um terninho preto e visivelmente caro. Sua mão repousava sobre a de Miranda. O polegar de Miranda acariciava levemente sua pele. Então a mais nova se curvou, ergueu o queixo da outra com a mão livre e depositou um beijo suave em seus lábios. Aquela cena me causou um embrulho no estômago. E o chão sob meus pés desmoronou.

Upside Down | Em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora