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BÁRBARA MOREIRA

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BÁRBARA MOREIRA

Eu estava um poço de ódio hoje, eu estava em um dia péssimo e eu acho que qualquer pessoa que se atrevesse a olhar torto pra mim hoje eu gastaria o meu réu primário para meter bala, pensamentos de uma carioca no puro ódio

—Bárbara você está prestando atenção no que está fazendo? Pelo amor de Deus, será possível que vou ter que trocar de lugar com você de novo? Só me dá prejuízo porra— minha tia disse irritada de novo

—Tá me desculpa, eu sei que estou num dia ruim e-

—Todos os dias você quer dizer, você nunca faz oque eu mando direito— ela suspirou e eu desviei o olhar —Desse jeito vou ser obrigada a te despedir

—Não tia pelo amor de Deus, você sabe como eu preciso desse trabalho, eu prometo que vou me esforçar mas pelo menos para dar um sorriso aos clientes ou para não derrubar farinha de trigo no chão— disse tudo rápido demais

Ela parou por um tempo e pareceu me analisar antes de passar a mão no rosto e dizer:

—ok, vai pro balcão que eu tomo conta de tudo aqui— ela disse e eu concordei

Passei pela porta da frente e fui para trás das estufas de bolo, fiquei um tempo entediada, passei a mão na minha touca de cabelo e depois fiquei desenhando até o sino da porta ecoar pelo local dando a visão de um homem super alto entrando e atrás dele, vinha um garotinho segurando a sua mão

—Boa tarde, oque precisa?— perguntei tentando soar simpática mas não deu muito certo já que ele só me encarou e eu arqueei as sobrancelhas

—Estou procurando por bolo de pote, especificamente o de abacaxi— ele respondeu e eu tinha a sensação de que o conhecia de algum lugar mas ignorei isso até porque eu estava tempo de mas o encarando e ele percebeu isso —oque foi? Meu rosto tá sujo?

—Não, foi mal— falei morrendo de vergonha
—Vou  pegar o bolo, já volto— falei e ele assentiu

Busquei o bolo e coloquei dentro da sacola colocando por cima do balcão, analisei o garotinho e percebi ser o mesmo garoto de todas as manhãs, acho que ele me reconheceu também porque abriu um sorriso

Tenho que admitir que não gostava nenhum pouco de criança e que elas me deixavam extremamente mas nervosa do que o normal

—Oi tia do boiinho de abacaxi— ele disse e eu sorri mesmo querendo morrer por dentro por ter sido chamada de tia, qual é? Não sou tão velha assim

—Oi garotinho do bolo de abacaxi— falei e ele sorriu em minha direção de novo

Ouvir um pigarreio e levantei o queixo novamente olhando para o cara

—Quanto é?— perguntou tirando a carteira para fora

—15— falei e ele me entregou 50, dei o troco ele que guardava na carteira enquanto eu entregava a sacola para o garotinho

—Tchau tia, até amanhã— ele disse e eu concordei dando tchau com a mão e eles se retiraram

O resto do dia foi extremamente entedioso, mas eu preferia trabalhar do que ficar em casa o dia todo olhando pra cara do meu "pai"

Quando o meu expediente terminou eu segui caminho para a minha casa, procurei pela chave na bolsa e abri, eu estava planejando passar direto pela sala sem tocar uma palavra com ele e ignorar a sua existência como eu sempre fazia, prendi a respiração para abrir a porta mas logo a soltei quando vi que não tinha ninguém na sala e aparentemente não tinha ninguém em casa também por conta do silêncio, agradeci aos céus por isso

Tomei o meu banho e vesti um pijama ainda com o cabelo molhado, peguei o meu celular e já tinha mensagem da Malu e da Juliana Dizendo que amanhã teria uma resenha na casa dela >Malu< e que eu teria que ir querendo ou não, segundo elas era sexta feira e eu precisava aproveitar e sair um pouco

Qualquer coisa que me tire de casa eu geralmente aceito, o quão mas longe eu ficar do meu pai é muito melhor pra mim, até porque a companhia dele não é nada agradável para mim

No outro dia acordei cedo para trabalhar e já no começo da manhã estava ouvindo a minha tia reclamar em como eu não tinha responsabilidade alguma e que deveria certamente me demitir, todo dia era o mesmo papo, ela não mudava o disco nunca

—Você tá me ouvindo Bárbara? Eu não vou ficar tolerando essas suas faltas constantes—
Ela disse nervosa me olhando brava

—Tia eu já disse, o ônibus ele quebrou, eu não podia fazer nada, oque você queria que eu fizesse? Viesse voando?— questionei puta da vida

—Não usa deboche comigo porque você sabe onde isso leva— ela disse se aproximando de mim e agarrando o meu pulso mesmo sabendo o quanto eu odiava toque físico, os meus olhos se nublaram na mesma hora

—Não encosta em mim— eu disse nervosa puxando o meu braço —Você sabe o tanto que odeio essa merda e-

Fui interrompida quando ouvimos alguém pigarrear e então nos viramos e damos de cara com o homem de ontem e a criança do bolo de abacaxi, estranho o sino não ter tocado como de costume

Ele levantou uma das sobrancelhas e minha tia rapidamente mudou a postura dela sorrindo feito uma vaca falsa

—Bom dia, oque vão querer?— ela perguntou sorridente e ele desviou o olhar de mim para ela enquanto eu fazia meu olho voltar ao normal e parar de marejar

o boiinho de abacaxi de sempre tia— O garoto disse mas seu olhar estava em mim, direcionando suas palavras a mim enquanto ignorava completamente a existência da minha tia geise

—Você gosta mesmo desse bolo, hum?— sorri pegando o bolo e colocando na sacola, minha tia foi pra dentro

Goxto— ele disse

—Aqui está— sorri fraco colocando a sacola a sua frente e quando o menininho foi pegar a sacola ele esbarrou na minha mão sem querer e eu me assustei puxando a mão de uma vez fazendo o bolo cair no chão, por sorte estava dentro da sacola e do pote
—Me desculpa— falei meio sem graça pegando a sacola de volta e o entregando mesmo morrendo de medo disso acontecer de novo

—Tudo bem tia— ele disse

O homem então me estendeu os 15 reais e eu peguei agradecendo, ele pegou a criança no colo e se retirou

Depois do dia de hoje, vou precisar de um lugar foda pra ir

Olhos de oceano - Filipe ret Onde histórias criam vida. Descubra agora