Capítulo XIX

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Acordo. Estava tudo escuro, já era noite. Olho para o lado e vejo Júlia e Tobias dormindo, levanto-me cautelosamente da cama para não acordá-los. Vou ao banheiro, lavo o rosto e volto, vou até o meu closet e pego uma caixa, a abro e pego um envelope, o envelope da carta.
Saiu do meu quarto e vou para o quarto da Júlia. Sento-me na cama e respiro fundo, abro o envelope com cuidado. Desdobro o papel e comecei a ler.

"Oi filha, se você está lendo essa carta, é porque, infelizmente, eu não tive coragem de te contar meu maior segredo e estou morto.
Primeiro, eu gostaria de dizer, você é a melhor filha que um pai poderia sonhar em ter. Eu te amo muito. Meus erros e pecados foram cometidos sob impulso, no calor da emoção. Sei que isso não tem justificativa, mas me perdoe.
Se você está lendo essa carta, certamente, Hugo, meu grande amigo, já tenha lhe falado tudo e já tenha encontrado seu irmão. Meu filho.
Ele deve está lindo, espero que se pareça com você e com a sua mãe, vocês são lindas. E, eu me arrependo amargamente do que fiz, estou pagando por isso. Os anos não me pouparam de toda a angústia e sofrimento, eu estou errado e peço o teu perdão.
Perdão filha, por ter mentido para você. Perdão por ter te escondido isso. Perdão por ter te privado de ter conhecido seu irmão, sei que você queria muito. Filha, me perdoa por ter sido tão inconsequente, insensato, injusto.
Eu amarei você e sua mãe até o fim, e quando eu morrer, esse amor vai continuar, aqui no meu peito. Nada vai nos separar, meu amor, nem a morte.
Filha, seja forte, sempre em frente, não se deixe abater por qualquer que seja a dificuldade, não deixe o mundo te derrubar, não deixe o mundo apagar o seu brilho, você é mais forte que qualquer obstáculo que vai encontrar pelo caminho e te digo que não serão poucos. Sempre que precisar de ajuda, peça ao Hugo e Christina, eles vão cuidar de você e serão como seus pais apartir de agora.
Se, alguma vez, sentir que está só, feche os olhos e lembre-se do quanto eu e sua mãe a amamos e verá que nunca esteve sozinha.
Quanto seu irmão, ele precisa de você e você precisa dele. Cuida dele. Acho que nem preciso pedir, era tudo que você sempre quis desde que soube que ia ter um irmãozinho/irmãzinha,né!?
Espero que consiga me perdoar.
Eu te amo, filha. Se cuida e seja feliz."

Fico por alguns instantes absorvendo o que estava na carta, não consigo conter as lágrimas. Mais uma vez me sinto impotente.
Levanto-me da cama, após alguns minutos, e saiu do quarto, volto para o meu quarto e guardo a carta no mesmo lugar de antes, pego minha toalha e vou até o banheiro, preciso de uma ducha fria, de preferência.
Tiro a roupa, entro no box e ligo o chuveiro. Fico alguns instantes ali, apenas vendo a água correr pelo meu corpo e cair no chão, saindo pelo ralo. Sou tirada bruscamente dos meus devaneios com o som do box se abrindo. Olho assustada e vejo Júlia já nua na porta.

-Posso tomar banho com você?
-Precisa pedir?
-Não.

Ela entra e eu saiu do chuveiro, para que ela possa sentir a água. Júlia dá um pulo para fora da água.

-Aí Lara, água fria do cassete.
-Para mim a água está ótima.
-Ótima nada, põe pra esquentar.
-Água fria faz bem para a pele e é anti idade.
-Não tô nem aí, põe pra esquentar.
-Okay.

Obedeço a ela. Depois do banho, nos trocamos, Tobias ainda dormia. Olho para ele, um anjo dormindo, só dormindo mesmo, porque quando ele acorda, só Deus na causa.
Descemos as escadas e fomos para a sala, começamos a assistir um filme de terror, cujo nome nem adianta me perguntar, por que? Porque eu não ligo e a Júlia não quis dizer, aposto que até com o nome eu me borro de medo.
Estava eu com a cabeça apoiada no peito da Júlia quando um homem, de feição sinistra, aparece e mata a pobre menina que estava perdida na floresta.
Júlia adora fazer isso, sabe que tenho medo e põe esses filmes do capiroto pra eu assistir. Me encolho em seus braços e fecho os olhos, ouço gritos de pessoas. De repente, a porta se abre e escuto a voz de Christina, levanto-me com um pulo e vou cumprimentá-la, Júlia pausa o filme.
-Christina, tudo bem?
-Tudo querida, e com você?
-Ótima. Deve estar cansada, quer que eu leve essas pastas lá para cima?
-Não precisa, eu mesma levo.
-De forma alguma, eu insisto em ajudá-la.
-Tudo bem. Obrigada.
-Amor, não demore, temos que ver o final do filme, muita gente ainda vai morrer. -fala Júlia.
-Pode despausar o filme, vou por às pastas lá em cima e ver se Tobias está dormindo ainda.
-Okay.

Eu pego as pastas e subo as escadas em uma velocidade impressionante. Coloco as pastas em cima da cama de Christina e Hugo e vou para o meu quarto ver Tobias, ele estava despertando.

POV*JÚLIA*

É tão engraçado assistir filme de terror com a Lara, ela sempre morre de medo e arruma uma desculpa para não ver o final. Dessa vez, ela foi salva pela minha mãe.

-Assustando ela, de novo?
-Ah mãe, é engraçado.
-Tão engraçado que ela saiu praticamente cagando de medo.
-Aí mãe, não fala essa palavra assim, que feio.
-Uhum, como se você nunca tivesse falado. Da licença que eu vou tomar banho para jantarmos.
-E o meu pai?
-Viajou a negócios. Ele recebeu um telefonema urgente. Ele pediu para eu te avisar, mas a minha cabeça anda meio aérea.
-Tudo bem, mãe. Obrigada.

Ela me dá um beijo na testa e sobe para seu quarto. Despauso o filme e continuo a assistir. Meia hora depois o filme acaba e minha mãe desce. Vou até o quarto chamar Lara e Tobias para jantarmos.

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