Capítulo 7

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Na semana seguinte, inúmeros funcionários do governo estavam na nossa casa para me prepararem para a seleção. Havia uma mulher intrigável que parecia pensar que metade do meu formulário era mentira. Depois chegou um dos próprios guardas do palácio, para repassar as medidas de segurança com os guardas locais e inspecionar a minha casa. Aparentemente, eu tinha que me preocupar com possíveis ataques rebeldes que poderiam ocorrer. Ótimo.
Os rebeldes eram pessoas que se opõem ao governo e querem o fim das castas, como o governo não faz nada, eles fazem ataques ao palácio ou qualquer coisa envolvida, no caso, eu.
Um homem e uma mulher também vieram a minha casa para tirarem medidas para minhas novas roupas. Eu não sabia se ia gostar de usar roupas tão chiques, mas estava animado.
A última visitante chegou na quarta-feira à tarde, dois dias antes de eu partir. Sua função era repassar todas as regras oficiais comigo. Ela era alta, tinha cabelos pretos e um rabo de cavalo, também usava óculos da cor vermelha. Assim que entrou em casa, perguntou se tinha um lugar que poderíamos conversar em particular. Foi a primeira pista de que algo estava acontecendo.

- Podemos ir para cozinha se você não se importar. - Sugeriu minha mãe.

Ela olhou para Brianna e disse:

-  Na verdade, qualquer lugar está bom. Só acho que seria melhor pedir à sua filha mais nova que se retire da sala.

O que ela iria dizer que Brianna não pudesse escutar?

- Mãe? - Ela chamou, triste com a possibilidade de perder aquele momento.

- Querida, você não acha que deveria cuidar de suas plantas? Desse jeito elas morrerão.

- Mas...

- Bri, vamos lá. - Propus, a acompanhando até o jardim.

- Não se preocupe - Cochichei. - Conto tudo que acontecer à você, não perderá nada.

- Está bem. - Ela diz enxugando as lágrimas.

Minha mãe preparou um chá para a mulher e nos sentamos à mesa junto com meu pai que tomava café. Ela carregava uma pilha de papéis e uma caneta que deixou de lado quando iniciamos a conversa.

- Me desculpem, mas preciso tratar de assuntos que não se prestam a ouvidos jovens.

Tive uma rápida troca de olhares com meu pai.

- Senhor Carter, isso pode parecer um pouco grosseiro, mas desde sexta-feira passada o senhor é considerado propriedade de Illéa. Portanto, deve tomar certos cuidados com o seu corpo. Tenho diversos formulários que o senhor deverá assinar enquanto lhe passo informações necessárias. É meu dever informá-lo de que qualquer falha em cumprir nossas exigências implica sua exclusão imediata da seleção. O senhor compreende certo?

- Mas é claro. - Respondi inseguro.

- Muito bem. Comecemos com vitaminas. Visto que o senhor é um Seis, parto do pressuposto de que nem sempre teve acesso a uma dieta adequada. O senhor precisa tomar uma pílula dessas diariamente. Por enquanto, fará isso sozinho, mas no palácio haverá alguém para lhe ajudar. - Ela deslizou um frasco grande pela mesa junto com um comprovante que eu deveria assinar dizendo que recebera as pílulas. Quase soltei uma risada alta. Quem precisa de ajuda para tomar pílulas? - Tenho o resultado dos exames que peguei com seu médico. Nada com o que se preocupar.

- Então está tudo certo? Acabamos?

- Acabamos de começar senhor. Sei que se trata de um tema muito pessoal, mas também tive que tratar disso com os outros participantes. Por favor, não fique tímido ou envergonhado.

Ela fez uma pausa e continuou:

- Preciso que o senhor me confirme se é virgem.

Os olhos de meus pais quase saltaram para fora, era isso que Brianna não poderia escutar.
Em Illéa, ter relações íntimas antes do casamento é crime, por isso todos se casam cedo, era uma tortura esperar. Se tivessem esse tipo de relação e fossem descobertos, por uma gravidez ou denúncia, poderiam até serem presos.

A Seleção: A linhagem continuaOnde histórias criam vida. Descubra agora