Capítulo 18

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Mais alguns selecionados conversaram com a princesa e finalmente foram todos, eu estava faminto. O último selecionado voltou para o seu lugar. A princesa se levantou, e caminhou até o meio do salão.

- Aqueles a quem pedi que permanecessem, por favor, fiquem em seus lugares. Os outros podem acompanhar Mônica até a sala de jantar. Em breve vou juntar-me a vocês.

Ela tinha pedido que alguns ficassem? Será que aquilo era bom?
Levantei-me como a maioria dos outros e comecei a caminhar. Ela provavelmente só queria passar mais um momento com os que ficariam. Vi que William também era um deles, ele parecia ser da realeza, com certeza Vitória estava encantada por ele e talvez gostaria de o conhecer melhor, apenas. As câmeras que gravaram a todo momento desde que saí do jatinho, ficaram para trás a fim de gravar aquele momento. O que quer que fosse ocorrer estava me deixando preocupado mas por quê? Eu não gostava dela, e ela já havia dito que eu poderia ficar.
Entramos na sala do banquetes e nos deparamos com o olhar mais majestoso possível, Rei Matt e Rainha Amber. Também estavam ali mais câmeras, prontas para captar o nosso primeiro encontro com o casal real. Hesitei, pensando se deveríamos voltar para a porta e esperar que nos chamassem para entrar. Mas quase todos os rapazes
também um pouco hesitantes, avançaram enquanto Mônica vinha logo atrás. Me dei conta de o adequado no momento deveria ser uma reverência. Então assim que entrei no salão fiz uma reverência, vi um sorriso no rosto da rainha enquanto me observava e um olhar de satisfação do rei.
Mônica dominou a cena.

- Senhores - ela disse -, receio não termos chegado a conversar sobre isso. Sempre que entrarem em um cômodo onde o rei ou a rainha estiverem, ou se Vossas Majestades entrarem em um cômodo onde vocês estiverem, a atitude correta é uma reverência, assim como Alexander fez. - Vi todos me observarem, e um olhar mortal de Victor. - Em seguida, quando lhes responderem, endireitem o corpo e tomem assento. Vamos fazer juntos agora? Alexander, não será necessário que repita.

Todos fizeram uma reverência na direção da mesa.

- Bem-vindos, rapazes - disse a rainha. - Por favor, sentem-se em seus lugares e fiquem à vontade no palácio. É um prazer recebê-los.

Sua voz tinha um tom agradável. Era calma como a própria rainha, mas nem um pouco mecânica.
Serventes vieram à mesa, e encheram nossas taças com suco enquanto nossos prato entravam em grandes travessas cobertas por uma redoma, que os mordomos retiravam na nossa frente.
O rei Matt abençoou nossa refeição e todos começaram à comer. Eu tinha muita fome, mas tinha receio de não parecer educado, então no primeiro momento observei como os outros se comportavam, e depois os imitei. Algum tempo depois Victória entra no cômodo e antes que pudéssemos nos mover diz com um sorriso:

- Por favor senhores não se levantem, aproveitem o café da manhã.

Então ela se dirigiu à mesa principal de frente para a enorme mesa dos selecionados, faz uma reverência para o rei e beija o rosto da rainha, se sentando no meio deles, com Simon à esquerda de seu pai, e Elizabeth à direita de sua mãe.
Reparei que William ainda não havia chegado, e nem os outros. Olho em volta, contando quantos faltavam, oito selecionados estavam ausentes.
Josh Lennox, que se sentava à minha frente, respondeu a pergunta que eu fiz com os olhos.

- Eles foram embora - Afirmou.

Oi? Embora? O que eles fizeram para serem rejeitados em cinco minutos? Mas imediatamente fiquei grato por ter sido honesto com ela. Simples assim, já éramos vinte e sete.
As câmeras deram uma volta pelo salão e depois nos deixaram aproveitar o café da manhã em paz.
Eu estava um pouco perturbado com aquela eliminação súbita, mas Victória não parecia inquieta. Ela comia tranquilamente, e ao vê-la lembrei que seria bom acabar meu prato antes que esfriasse.  As panquecas estavam perfeitas, não finas como as que eu fazia em casa.
Sem me esquecer de usar o pegador, tirei um pedaço de torta de morango do cesto que estava no centro da mesa.
  Era tão doce e a massa folheada estava tão macia que cada milímetro de minha boca se concentrou nela, consumindo todos os meus outros sentidos. Não queria ter soltado nenhum ruído, mas aquela torta era sem dúvida a coisa mais deliciosa que já provei. Dei outra mordida antes mesmo de engolir o que tinha na boca.

- Senhor Alexander? - uma voz me chamou.

As outras cabeças da sala viraram na direção dela, que pertencia à Victória. Fiquei chocado por ela se dirigir a mim, na frente de todos.
O pior de ter sido chamado assim de supetão era que minha boca estava cheia de comida. Mastiguei o mais rápido que pude. Não levou nem dez segundos, mas com tantos olhos postos em mim, pareceu uma eternidade. Notei o rosto orgulhoso de Victor enquanto tentava limpar a boca. Ele deve ter achado que eu era uma presa fácil.

- Sim, Alteza? - respondi assim que engoli a maior parte da comida.

- O que está achando da comida meu... Alexander?

Victória sorriu enquanto os selecionados ficaram surpresos pelo modo único que ela se referia a mim. Ela estava prestes a rir, ou por causa da minha cara de assustado ou por causa do detalhe que havia levantado sobre nossa primeira e altamente ilegal conversa.
Tentei me manter calmo.

- Excelente, princesa. Esta torta de morango... bem, tenho uma irmã que gosta mais de doces do que eu. Acho que ela choraria se a experimentasse. Está perfeita.

Victória engoliu um bocado de sua própria comida e recostou na cadeira.

- Acha mesmo que ela choraria?

A princesa parecia maravilhada com a ideia. Pensei na resposta e confirmei.

- Sim, é isso que eu acho. Ela não consegue controlar muito bem suas emoções.

- Você apostaria dinheiro nisso? — ela perguntou rapidamente.

As cabeças de todos os rapazes viravam de um lado para outro, como se eles estivessem assistindo a uma partida de tênis.

- Se tivesse dinheiro para apostar, com certeza o faria - respondi. Agradou-me a ideia de apostar sobre as lágrimas de alegria alheias.

- E o que gostaria de apostar em vez disso? O senhor parece ter um talento para os acordos.
Ela estava gostando do jogo. Muito bem. Então eu ia jogar.

- Bem, o que Vossa Alteza quer? - rebati.

Depois, fiquei pensando no que poderia dar a alguém que já tinha absolutamente tudo.

- O que o senhor quer? - ela replicou.

Ali estava uma pergunta fascinante. Quase tanto quanto pensar no que eu poderia oferecer a Victória era pensar no que ela poderia me oferecer. A princesa tinha o mundo a seus pés. Então, o que ia escolher?
Não era Um, mas estava vivendo como se fosse. Tinha mais comida do que podia dar conta e a cama mais confortável possível. As pessoas me serviam o tempo todo, mesmo que eu não quisesse. Se eu precisasse de algo, bastava pedir.
A única coisa que realmente queria era algo que fizesse aquele lugar parecer menos um palácio. Queria minha família correndo pelos corredores, ou não estar tão arrumado. Não podia pedir uma visita, porque só tinha passado um dia ali.

- Se ela chorar, Vossa Alteza deverá usar calça por uma semana - propus.

Todo mundo riu, de maneira discreta e educada. Até o rei e a rainha pareciam ter achado meu pedido divertido. Gostei de como a rainha me olhou, como se eu tivesse me tornado menos estranho a seus olhos.

- Feito - afirmou Victória. - E, se ela não chorar, o senhor me deve um encontro.

Alguém perto de mim soltou um resmungo. Ah! Percebi que, se perdesse, seria o primeiro selecionado ali a ter um encontro oficial a sós com a princesa. Parte de mim quis renegociar, mas se era para ajudar, como prometido, eu não podia rejeitar suas tentativas de ficar comigo.

- Alteza, seus termos são severos, mas eu os aceito - afirmei.

A Seleção: A linhagem continuaOnde histórias criam vida. Descubra agora