Algumas horas se passaram desde que Christopher, Amy e Charlotte saíram do meu quarto, já era madrugada, mas eu não conseguia dormir, tudo passava pela minha cabeça, eu ia conhecer a princesa, poderia daqui há alguns meses virar príncipe, poderia acabar indo pra casa, eu estava longe de casa, longe da minha família, longe da Olivia... uma sensação de desespero tomou conta de mim. Começou a me faltar ar, minhas mãos tremiam, parecia que eu iria cair ali mesmo. Com a esperança de que isso ajudasse, fui para a sacada do meu quarto, era bem alto, eu estava no quinto andar. Admirava o jardim, a natureza sempre me acalmou, mas ainda assim, eu não estava melhorando. Saí do meu quarto e desci as escadas correndo, esperava encontrar a porta que havia visto mais cedo que levava direto para o jardim.
Achei, estavam ali parados dois guardas, um de cada lado das grandes portas, ao me aproximar, eles se puseram a frente e me barraram.- Desculpe senhor, mas ninguém tem permissão para sair. - Um dos guardas fala.
- Eu preciso passar, não estou me sentindo muito bem.
- Me perdoe senhor, mas ordens são ordens.
Minha cabeça girava e eu já não conseguia me mover, me apoiei em um dos guardas e eles começaram a se preocupar. Um deles deu a ordem:
- Johnson, leve ele para a enfermaria, eu cuido de tudo por aqui...
- Não! Eu só preciso de ar, me deixem passar por favor.
- Senhor...
- Vocês são surdos senhores? - Ouço uma voz feminina um pouco distante. Era jovem, mas cheia de autoridade.
- P-Princesa? - O guarda diz assustado - O que vossa Alteza está fazendo aqui?
- O mesmo que este homem, não vê que ele precisa de ar? O deixe passar Johnson!
- S-Sim vossa Alteza.
Ele me solta e eu ando direto para o jardim, me sento em um banco e respiro fundo, ainda não havia percebido quem tinha mandado o guarda me soltar. Ela vem em minha direção e eu sinto uma pontada no estômago.
- Você está bem? - Ela pergunta curiosa.
Vendo que não respondi, ela se senta ao meu lado.
- Não entendi porque você veio para o jardim para tratar de um ataque de pânico, mas acredito que seja pelo mesmo motivo que o meu.
- Como sabe que era um ataque de pânico? - Ela me olha surpresa pelo modo que me referi a ela, um modo completamente errado, percebendo isso, corrigi. - V-Vossa Alteza...
- O senhor não é o único que tem ataques de pânico, o jardim me ajuda a ficar calma.
De repente, reparei no que ela vestia, era uma camisola rosa e fina que marcava um pouco suas curvas. Quase sem querer, meus olhos se fixaram em seus seios fartos. Percebendo, ela se encolheu um pouco, e eu me toquei no que tinha feito.
- ... O que está fazendo?
- Ah, nada.
- meu senhor eu....
- Seu??
- Bom... de certa forma sim.
- Eu não sou seu, não sou de ninguém.
- O que fiz para lhe ofender? Nos cinco minutos que nos conhecemos não lhe dei exatamente o que queria?
Encarava ela com um pouco de raiva, mas de certa forma sua delicada arrogância não era culpa dela, mas da maneira como fora criada.
- Com licença, meu senhor... mas você vai continuar me encarando sem responder? - Ela me perguntou, parecendo incomodada com o silêncio.
- Não me chame assim! Não sou tão "seu" quanto os trinta e quatro homens que estão presos nessa jaula.
Ela se aproximou, há poucos centímetros do meu rosto, sem parecer ofendida com o que eu disse. Ela estava seminua, mas com uma postura completamente confiante, e eu, completamente vestido com meu traje vermelho mas encolhido surpreso diante da atual situação.
- Eu o beijaria agora, mas creio que esteja muito cedo e o senhor me odeie.
- Pela primeira vez, concordo, Alteza. - Disse e dei uma sorriso malicioso falso, ela não poderia saber que eu estava envergonhado diante do que estava acontecendo.
- Sua afirmação anterior de você seria menos meu do que os outros, é falsa.
- Falsa?
- Sim. O senhor não tem ideia, mas eu posso lhe afirmar de que o senhor é mais meu do que os outros. - Ela abriu seu sorriso mais malicioso, o que acabou com a minha postura, ela era completamente diferente do que parecia ser na TV. - Mas a verdade, é que todos são meus, só preciso descobrir quem há de ser meu permanentemente.
- Você acabou de dizer "há de ser"?
- "Você"?
- Perdão. - Disse debochadamente - Vossa Alteza.
- Respondendo sua pergunta, receio que sim, é fruto da minha educação. - Ela riu.
- Educação - resmunguei. - Ridículo.
- Como é?
- É ridículo! - gritei.
- O que é ridículo?
- O concurso! Tudo! Você nunca amou ninguém na vida? É assim que quer escolher seu marido? Você é baixa a esse ponto? Você é só uma princesinha mimada e arrogante.
- Princesinha mimada e arrogante?! Está gritando comigo?! - Ela se levantou e almentou o tom de voz- Olha... eu sei que pode parecer isso, mas meu mundo é isolado, eu não conheço homens além dos funcionários, essa é a minha chance de ser feliz.... Tem noção disso? De como é?
Meu silêncio fez com que prosseguisse.
- Conheci alguns homens importantes desde que cheguei à idade de casar, mas raramente temos coisas em comum, além de que meu pai não permite que eu converse com eles fora de eventos importantes. Achar um homem na seleção é o que todos esperam de mim.
Ela achava isso engraçado, mas senti tristeza em sua voz.
- Por esses motivos, nunca tive a oportunidade de me apaixonar, e o senhor?
- Tive.
Imediatamente me arrependi de ter dito, era algo muito pessoal.
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A Seleção: A linhagem continua
RomanceUma nova seleção desta vez com homens, traz novas visões de vida tanto para Alexander quanto para a Princesa Victória. (Essa história foi inspirada na Seleção, muitos do acontecimentos do livro se repetem aqui, tentei diferenciar o máximo possível...