Capítulo 15

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- Então você teve muita sorte. - havia uma ponta de ciúmes em sua voz. - Meu pai conheceu minha mãe na seleção e são muito felizes, tenho esperanças de ter o mesmo destino, de encontrar um homem que Illéa possa amar, alguém que eu possa confiar, que seja meu companheiro e possa receber os líderes de outras nações, e acima de tudo, que possa ser o rei que Illéa merece. É uma enorme decisão que pode mudar o destino do país, entende a pressão que está sobre mim agora?

Ela conseguiu me deixar arrependido de minhas palavras, consegui sentir pena dela.

- Você realmente acha que aqui é uma jaula?

- Sim eu acho - Disse calmo e rapidamente acrescentei - Alteza.

Ela sorriu.

- Eu mesma já pensei nisso mais de uma vez. Mas você deve admitir que é uma jaula bem bonita.

- Para você, coloque homens no mesmo lugar brigando pela mesma coisa e veja o quão legal é.

Ela levantou as sobrancelhas.

- Mas já ocorreram discussões por minha causa? Será que vocês não percebem que sou eu que faço a escolha? - ela disse, rindo.

- Na verdade, não é bem assim. Eles brigam por duas coisas. Alguns por você, outros pela coroa. E todos pensam já saber o que falar e fazer para que sua escolha seja óbvia.

- Ah, sim. A princesa ou a coroa. Receio que alguns não saibam ver a diferença - afirmou, balançando a cabeça.

- Boa sorte com isso - comentei, seco.

Tudo ficou calmo depois dessa demonstração de sarcasmo. Olhei para ela com o canto dos olhos, desejando que dissesse algo. A princesa estava com o rosto cheio de preocupação. Parecia que essa ideia a estava infernizando já havia algum tempo. Ela respirou fundo e se voltou para mim.

- E você, pelo que luta?

- Na verdade, estou aqui por engano.

- Engano?

- É, mais ou menos. Bem, é uma longa história... Estou aqui. E não estou lutando. Meu plano é aproveitar a comida até você me chutar.

Ela riu tanto que se inclinou para trás e pôs a mão em minha coxa. Uma mistura bizarra de rigidez e calma.

- O que você é?

- Como?

- Três? Quatro?

Será que ela não prestava atenção?

- Sou Seis.

- Ah, sim. Então a comida deve ser um bom motivo para ficar.

Ela riu de novo e continuou:

- Sinto muito, não consigo ler o broche com o seu nome no escuro.

- Meu nome é Alexander.

- Muito bem, perfeito. Posso chamá-lo de Alex ou...?

- Alec. Mas prefiro que me chame de Alexander, é melhor que mantenha a formalidade.

Ela riu.

- Pensei que havíamos passado dessa parte, o senhor usa "você" quando vai se referir a mim.

Limpei a garganta, eu não tinha argumentos contra isso.

- Pois bem, como o senhor desejar, Alexander.

Os olhos de Victória se perderam na paisagem e ela sorria sem motivo aparente. Algo naquilo tudo a impressionava.

- Alexander, meu senhor, espero que encontre algo nessa jaula pelo que valha a pena lutar. Depois desta conversa, não posso deixar de imaginar como seria se você se esforçasse.

Minhas mãos que estavam apoiadas no banco, sentiram o toque quente das mãos da princesa.

- Se isso o deixar feliz, posso informar aos guardas que você prefere ficar no jardim. Assim, poderá vir aqui à noite sem ser incomodado pelos guardas. No entanto, acho que seria bom se houvesse sempre um deles por perto.
Eu queria. Qualquer tipo de liberdade me parecia uma bênção, mas não sei se era o certo aceitar algo dela.

- Não... não sei se quero algo que venha de você - eu disse, puxando minhas mãos de baixo das dela. Ela ficou um pouco surpresa e magoada.

- Como quiser.

Senti mais arrependimento. Não gostar dela não significava que eu podia magoá-la.

- Você vai voltar para dentro daqui a pouco? - ela perguntou.

- Sim - respondi com um suspiro, olhando para o chão.

- Então vou deixá-lo com seus pensamentos. Haverá um guarda perto da porta esperando.

- Obrigado, errr... Alteza.

Balancei a cabeça. Quantas vezes eu tinha a tratado indevidamente na conversa?

- Alexander, você poderia me fazer um favor? - ela pegou minha mão novamente. Parecia muito persistente.
A olhei com o canto dos olhos, sem saber direito o que dizer.

- Talvez - repliquei.

Seu sorriso voltou.

- Não conte isso para os outros selecionados. Tecnicamente, não devo conhecê-los até amanhã. Não quero irritar ninguém. Embora não possa dizer que seus gritos comigo tenham qualquer semelhança com um encontro romântico, não acha?

Foi minha vez de sorrir:

- Nem de longe! - respirei fundo e acrescentei: - Não contarei.

- Obrigada.

A Seleção: A linhagem continuaOnde histórias criam vida. Descubra agora