Capítulo 10

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    — Por... por que está fazendo isso? — o medo quase me impedia de falar.

     — Deixei isso acontecer uma vez... e não vou cometer o mesmo erro. Não com o Seth — Khaos parecia falar consigo mesmo, de dentes cerrados.

       — Do que está falando? — perguntei agarrando uma cadeira para me defender, tremendo.

       Será que ele estava perdendo a razão?
 
        Talvez tivesse usado drogas enquanto Seth não via.

        Lentamente, ainda apontando a arma, com a outra mão que possuía o punhal, ele pegou algo atrás de si e jogou no nosso meio.

           Meu caderno de desenhos perdido.

        Suas folhas revelaram-se com leveza, os monstros passando de um por um. Khaos fechou fortemente os olhos, como se não conseguisse suportar a visão.

          — Nenhuma mente sã conseguiria imaginar... tais coisas. — Ele quase cuspiu as palavras.  

           A lógica havia me abandonado. Tudo aquilo era por causa dos meus desenhos?

         — Eu não estou entendendo... é apenas um hobbie, Sr. D'arc — dei um passo para acalmá-lo.

         Ele esticou um pouco mais a arma, ameaçando. Recuei, mantendo contato visual. Carl era tão paranóico que me ensinou o que fazer em um assalto à mão armada.

         Simplesmente não reagir e passar confiança.

     — Vai ficar tudo bem... — tentei.

     — Claro que vai, eu mesmo vou garantir isso. E sou muito bom em resolver as coisas. — Ele apertou mais a arma.

      — O senhor... vai me matar? —  Engoli em seco, precisava continuar fazendo ele falar, isso daria tempo para que Seth chegasse.

        — Depende... tenho algumas perguntas e você irá respondê-las, sem mentir, como uma boa menina. — Um sorriso estranho surgiu em seus lábios.

           Demorei um pouco para absorver as palavras. Com aquela arma apontada para a minha barriga, as coisas eram mais confusas.

            Ele devia ter contraído problemas mentais apenas. Não me faria mal. Agarrei esse pensamento e assenti, trêmula.

      — Muitas coisas não fazem sentido nesse buraco de cidade e as pessoas... Bom... não é uma população local muito inteligente. E também... nada boazinha — Khaos deu dois passos para frente. — Em algumas investigações passadas, descobri que existe uma... "religião secreta" na cidade.

       — R-religião secreta? O-o q...

       — É. Uma coisa macabra. Eu lidei com alguém que estava com a mente tão imersa nessa loucura... quase me custou... Tudo. — Ele gesticulava com a arma.

        Conforme ele chegava perto, Parsley rondava meus pés, como se estivesse me protegendo.

         Khaos jogou a cabeça para o lado, me analisando.

       — Eu conheci o moleque impertinente do seu pai. Ele era... estranho, mas muito cabeça de vento para algo do tipo. Disse que ele foi embora? — sua voz era sádica.

       — Sim. — Solucei.

       A expressão do homem alto mudou levemente, como se estivesse compadecido. Ele olhou para baixo, analisando meus desenhos:

Todos, Menos NósOnde histórias criam vida. Descubra agora