Capítulo 4

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   No dia seguinte, acordei cedo sem Leda precisar gritar da escada, me arrumei com mais capricho do que o normal, sentei na mesa do café da manhã com modos excepcionais, e comi tudo o que ela ofereceu sem fazer cara feia. Leda sorriu satisfeita, e me deu um beijo na testa, fazendo com que eu me sentisse melhor pelo outro dia. Ficamos bem sem precisar trocar muitas palavras. Para me desculpar com Carl, apenas deixei que ele fizesse seu trabalho, me deixando na Duman High sem atrasos, como sempre.

  — Er... vou estar aqui na hora da saída. Se eu for pra casa da Vicky ou da Isabella, você mesmo me deixa lá, ok? — sorri gentilmente enquanto ele abria a porta do carro para mim, como se eu fosse uma princesa.

  — Tudo bem! Tenha um ótimo dia, querida Nina.

  — Você tamb...

  — Niiiiiiiinaa! — o grito estridente de Vicky alcançou nossos ouvidos, infelizmente.

  Carl deu um sorriso nervoso, e entrou às pressas no carro. Nem mesmo ele suportava a Vicky. E sobrou só para mim.

  — Vocês são garotas de sorte! — Vicky chegou até mim, junto com Isabella, que estava com seu sorrisinho convencido de sempre.

  — Ah... é mesmo? — tentei fingir animação, mas eu já não conseguia ter forças para isso, principalmente depois de ter tido uma conversa de verdade na noite anterior.

  Isabella entrelaçou o braço esquerdo no meu, e juntas começamos a subir a escadaria, enquanto Vicky subia de costas, de frente para nós, falando com um entusiasmo que a impedia até de respirar:

  — Como você sabe, meus pais apresentam o programa local Talkative Olsens, e... depois de muito implorar, eles nos deram entrada livre para ver o programa ao vivo! Pensei até que podíamos tocar em algum momento, divulgar nossa banda, assim teríamos mais fãs no Halloween, mas... Isabella achou melhor não...

  — Vicky, você é muito estabanada, e Nina ainda é muito insegura! — Isabella falou calmamente, como se tivesse razão em cada palavra.

  — Eu sou? — questionei. Sempre me senti muito segura tocando guitarra.

  — Ah, querida... É claro! Você erra muitas notas.

  — O quê? — sussurrei meio incrédula, soltando nossos braços. Lembrando bem dos ensaios, era Isa quem atrapalhava tentando aparecer mais do que o resto da banda.

  Isabella começou a me criticar como se não fosse nada demais, porém, algo me chamou atenção no meio dos outros alunos no estacionamento da escola: era Seth. Que vinha acendendo um cigarro, distraidamente, com um longo agasalho preto.

  — Enfim... será na noite de Terça-feira! Podemos jantar no clube depois, e... ah! — Vicky caiu de bunda na escadaria, me fazendo desviar a atenção de Seth.

  — Você tá bem? — perguntei tentando ajudá-la a levantar, mas o chão estava muito escorregadio por conta dos constantes chuviscos.

  — Victorie, quantas vezes eu tenho que falar pra você prestar mais atenção? Que merda... — Paul surgiu atrás de nós, soltando fumaça de cigarro em abundância pela boca.

  — Idiota... — Isa olhou com desdém para ela, e continuou subindo as escadas.

  — Eu tô bem! Tô legal. — Vicky riu meio sem graça, finalmente conseguindo ficar de pé com a minha ajuda, mas não agradeceu.

  Eles acabaram me deixando para trás na escadaria, tagarelando uns com os outros. Aproveitei para voltar a olhar para Seth, que estava encostado em um poste, fumando, olhando para o nada. Mas logo, ele acabou olhando em direção à escadaria, e me viu.

Todos, Menos NósOnde histórias criam vida. Descubra agora