Algo em mim quebrou naquele momento. Talvez o que havia sobrado de tantos estragos.
Como aquilo poderia estar acontecendo? Era real?
Eu havia esquecido totalmente de que aquela possibilidade existia e que estava próxima. Ou me recusei a acreditar que estava ali.
Virei para Seth que continuava olhando para a cabana.
— O quê? — sussurrei. — De onde você tirou isso? Estava tudo bem ainda pouco... c-como, quando... É por causa do meu avô? Eu posso tentar fazer ele te deixar em p...
— Não é por causa dele, ou qualquer um deles. Eu... eu tenho que sair daqui, entende? Não dá mais. — Ele olhou para o longe, uma pequena ponta de montanha que era iluminada por um relâmpago. Provavelmente onde Cain caiu. — Não dá... — ele silvou como se controlasse algo dentro de si.
O ar não parecia o suficiente, olhei para os meus próprios pés para esconder o que estava sentindo, uma emoção que parecia vários tijolos sobre o peito.
— Essa cidade não me faz bem. Eu preciso ver o que me espera lá fora. Sair das sombras de Khaos, dos meus pais e de Cain.
E eu ficarei aqui com elas.
— Mas... e os seus amigos? Dario, Samyra... Jenna — sussurrei.
— Acho que todos concordarão que é o melhor para mim, no final.
O silêncio nos abraçou mais uma vez. Haviam tantos pensamentos tristes e ansiosos na minha cabeça, eu quase não conseguia entender o que estava acontecendo e o que sentia.
— Você vai embora... e eu... não vou te ver nunca mais? — consegui encará-lo.
Seus olhos azuis encontraram os meus. Não gostei nada de sua expressão triste e ao mesmo tempo relutante.
Por favor, não.
Fui incapaz de dizer qualquer coisa para impedir. Não queria ser egoísta.
No dia seguinte, eu estava na estrada alta que levava à saída de Dumanville, com Carl logo atrás de mim, e Seth arrumando algumas coisas em seu carro.
Olhei para o mar em uma súplica silenciosa, mas o que recebi foi uma enorme nuvem carregada vindo para a cidade.
— Então, boa vida, garoto. — Carl estendeu a mão para Seth quando ele se aproximou de mim. — Espero que encontre o que procura.
O jovem deu um sorriso leve e apertou a mão do motorista, que logo afastou-se para nos dar um momento à sós.
— Olha, obrigado. Se não tivesse conhecido você melhor, meus últimos dias aqui seriam... mais difíceis. — Ele contemplou a praia também.
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Todos, Menos Nós
Mystery / ThrillerUm monstro que nem todos vêem, realidade ou loucura? ◇───────◇───────◇ ⚠️OBRA PATENTEADA⚠️ ©2022 Dilara Le Faye. Todos os direitos reservados. • OBS: O livro entrará em revisão minuciosa após seu epílogo. Perdoem qualquer erro orto...