Capítulo 12

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     Encarando o corredor principal da Duman High alguns dias depois, tentei relembrar minhas técnicas de sobrevivência, mas estava triste demais para colocá-las em prática.

       De algum modo, Vicky e Isabella me encontraram e fomos para a sala de instrumentos para falar sobre o show de Halloween, cujo as duas estavam obcecadas para vencer. Pegamos guitarras e a bateria emprestadas, e começamos um ensaio improvisado.

        Isa colocava defeitos em mim o tempo todo, mas eu não conseguia absorver seus ataques.

         O mundo estava embaçado para mim.

         Um nó de inquietação formava-se na boca do meu estômago, junto com uma vontade de sair correndo.

            De repente, um vulto passou pela porta da sala e voltou, olhando na minha direção.

          Seth.

         Ele deu um sorriso e seguiu seu caminho, deixando tudo o que eu estava sentindo ainda pior.

        Precisava afastá-lo.

       Ele não merecia mais um peso morto.

        Não queria falar sobre minha conversa com Khaos, pois o avô corria risco de vida, e não queria dar motivo para os dois brigarem.

        Poderia dizer que não queria vê-lo, fingir ser uma idiota que só se importa com um círculo social idiota.

       Seria rápido.

       Mas não havia forças em mim para aquela mentira.

       Mais tarde, pensando no que fazer, vi Matt e Paul com alguns meninos, e claro que normalmente eu desviaria dali, mas Seth estava em um canto, me observando com uma certa expectativa. Com certeza me convidaria para algo. Talvez para ir ao seu chalé.

          Só havia uma saída rápida.

           — Matt... — agarrei o braço do meu melhor amigo, deixando o grupo surpreso.

           — Opa... ei! Como você tá? — ele riu meio bobo, me agarrando.

          Em relances, vi Seth com uma expressão confusa no rosto. Assisti quando olhou para os próprios pés e trancou o maxilar.

         De repente, quando um grupo de alunos passando empatou minha visão, ele não estava mais ali.

         Desde então, passei a ficar agarrada em Matt, odiando cada minuto em que eu desviava o rosto quando Seth aparecia.

         Depois de um tempo, ele sumiu. Vi Jenna no estacionamento certa manhã, olhando para um ponto em específico, talvez esperando o amigo, mas nada, nossos olhares se encontraram quando ela me flagrou encarando-a do alto da escadaria, e pelo jeito que me encarava, era como se eu fosse culpada.

          Eu era um nada.

          Seth não seguia as regras de ninguém. Meu suposto desprezo nunca seria suficiente para afastá-lo das suas aulas favoritas, como a de debate. Ela deveria saber disso, já que o conhecia há mais tempo. Talvez Khaos estivesse doente outra vez.

          Recusei-me a sentir culpa. Ou melhor, esperanças de que ele sentisse minha falta.

           Minha concentração estava baixa para as matérias, mas não para os monstros, que começaram a surgir com mais frequência. Neles coloquei toda minha frustração.

Todos, Menos NósOnde histórias criam vida. Descubra agora