Capítulo 16

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      Lá estava eu, sem saber o que fazer. As pessoas esbarravam em mim o tempo todo, dançantes e alegres na festa improvisada na mansão de um dos playboys. Talvez aquilo fosse realmente o que eu precisava, apenas curtir.

          Por um momento as luzes se apagaram e apenas poucos feixes de luz coloridos começaram a dançar pelo local. Senti a presença da grande sombra erguer-se de algum lugar, mas quando eu virava não a via. Balancei a cabeça para cessar aquela bobagem.

         — Ei... — abordei Isa e Vicky em um bar. — Devo admitir que... — engoli em seco, não acreditando no que diria. — Arrasamos hoje.

         — Oi! Você veio! — A loira de longos cabelos pulou em cima de mim.

         — Nós arrasamos?! Em que mundo você tava, garota?! Parecia que ia ter um colapso no palco, não fez nada do que a gente combinou! — Isabella cutucou com força meu ombro.

           Uma raiva subiu pelo meu corpo, assim como a criatura que senti surgir de algum lugar da multidão. Respirei fundo, e dei apenas um sorriso de canto gélido:

        — O público gostou. Na verdade, eu disse nós apenas por condescendência. Só chamamos atenção pelo meu solo. Minta para si mesma como quiser, mas você foi só um espantalho no palco. — Falei de um modo frio que nunca achei que seria possível pertencer à mim.

         Isa arquejou, mas eu apenas arqueei uma sobrancelha. Vicky me ofereceu alegremente uma bebida, que aceitei e a sombra parecia querer chegar cada vez mais perto de nós. Enquanto a gêmea estava distraída, suavemente toquei o antebraço de Michaels e cravei minhas unhas nele:

        — É bom que pense duas vezes antes de tentar ficar me humilhando de novo. Não estou mais disposta a aguentar esses seus chiliques. — Sussurrei olhando no fundo dos olhos dela. — Fui clara?

        — Nossa... — Ela puxou o braço, com medo. — Que bicho mordeu você? — Sua voz saiu mansa.

         Quando ela se afastou, uma sensação muito ruim pesou sobre meus ombros. Não gostei de ter feito aquilo, mas no fundo era doce, com um toque de veneno.

        Comecei a beber sem ligar para o fato de que há pouco tempo havia ficado de estômago totalmente vazio.

          — Aí vem o time! — Vicky gritou animada, e todos começaram a vibrar.

         Aquele veneno pulsou mais uma vez nas minhas veias, beberiquei apática já conseguindo imaginar o Matthias entrando com todo aquele ar de falsa glória no meio da festa, com as desculpas furadas na ponta daquela língua de falso moralista, feitas especialmente para mim.

             — Droga...— falei com amargor. Não queria vê-lo, sabia que minha mente me enganaria para sempre perdoá-lo como sempr.

             Toda a luz do cômodo tornou-se vermelha e repentinamente me vi sozinha com sombras asquerosas no lugar de pessoas, por alguns segundos.

             Olhei para a minha bebida questionando se deveria continuar, pois os efeitos já estavam começando a bater com força no meu senso.

           Ao fundo daquela visão terrível  ouvi a gargalhada de Matt e achei melhor continuar, pois só bêbada era possível aguentá-lo.

       Comecei a esbarrar em todos  querendo ir para o lado de fora da casa, para área da piscina, na esperança de respirar um pouco e ver coisas menos medonhas, mas o lugar estava muito lotado.

Todos, Menos NósOnde histórias criam vida. Descubra agora