Capítulo 18

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        Assim que pisei em casa, um relâmpago rasgou o céu e a energia caiu, deixando tudo em uma completa escuridão, deixando-me sobressaltada. Aquilo não era comum.

         Com o susto, acabei batendo as costas na parede e grunhi com a dor.

          — Oi! Leda?! — Chamei tropeçando pelo chão, minha única resposta foi um trovão. — Odeio quando essas drogas acontecem... — murmurei. Tinha que admitir que estava assustada. — Leda! Carl!

             O que houve com aqueles dois? Na hora em que eu realmente precisava não apareciam. Mas quando eu simplesmente respirava fora dos limites da mansão, brotavam para me apontar o dedo e proteger.

             Um estrondo de coisas caindo no chão no andar de cima ecoou pelo enorme cômodo principal após longos segundos de silêncio absoluto. Arquejei agarrando um objeto qualquer para fazer de defesa.

           Logo, houve uma espécie de grunhido.

          Alguma coisa estava muito errada no ar.

            Prendi a respiração, evitando qualquer movimento. O coração na garganta. O desespero crescendo. Onde estava a Leda? O que tinha na minha casa?

               Um barulho mais alto vindo da escada perto de mim soou. Pulei para longe tentando alcançar a porta de saída, mas ela parecia longe e inexistente.

               A escuridão rugiu ao meu redor e algo dançou maliciosamente nela.

                Ofegante fui andando de costas. Não queria me render ao medo e gritar, me contentando apenas em tremer enquanto a coisa se aproximava.

           Não.

           Rosas tinham espinhos.

          Ergui o objeto na minha mão direita para atingir o intruso ou a coisa, com um grito de guerra.

                     Meu pulso foi agarrado com força antes de eu atingir o alvo e uma luz branca me ofuscou. Quando me recuperei, não conseguia acreditar em quem estava diante de mim.

                  — Mamãe?! — Deixei minha voz sair em um suspiro de desespero, alívio e frustração pelo susto.

                  Ali estava ela, com os grandes olhos parecendo mais mortos que o normal, uma lanterna na mão direita, o rosto sem expressão e os cabelos um tanto bagunçados, o que era estranho.

                 — Mamãe... — repeti tentando ter a certeza de que não era uma das minhas alucinações.

              Achei que não a veria nunca mais. Não sabia dizer se sentia felicidade ou receio.

                — O que achou que ia fazer com isso? — Ela olhou devagar para o abajur inútil na minha mão, com descrença nas minhas habilidades de defesa.

                  — Você... você voltou... — sussurrei.

                Marissa soltou um som de incredulidade e endireitou a postura, largando meu pulso.

            — Por que seria o contrário? Eu moro aqui, não? E disse que voltaria.

           — Eu mandei mensagem... — senti medo quando lembrei das minhas palavras. Se ela ouviu, estava com certeza uma fera.

Todos, Menos NósOnde histórias criam vida. Descubra agora