Capítulo 22

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         Não esperei Seth estacionar, descendo do carro ainda em movimento, o que o fez gritar comigo em preocupação.

         — Você fica. Não podem te encontrar de jeito nenhum — disse rapidamente.

         Tropeçando pela rua em meio a um chuvisco, cheguei até a porta dos Olsen e apertei a campainha, tentando manter a calma.

         Vicky atendeu com certa desconfiança:

        — Nina? O que você... — ela disse baixinho.

        — Ei. Cadê o seu irmão? — Perguntei, sem rodeios.

        A garota piscou várias vezes e parecia em conflito.

        — Quem é o inconveniente que veio pedir autógrafos agora?! Os seguranças estão dormindo por um acaso?! — Victor Olsen veio de dentro da casa.

            Me sobressaltei e rapidamente olhei para trás para garantir que Seth não faria a besteira de ir atrás de mim.

           O homem com o sorriso convencido que mais parecia uma tatuagem em suas feições falsas me encarou de cima assim que chegou à porta:

           — Oh, olá... — seus dentes se alargaram. — O que foi? Tem uma turminha de baderneiros com você? — ele seguiu meu olhar.

           — Não! Er... S-Sr. Olsen. Boa noite. Sou Nina Lavelle, não sei se lembra -se de mim...

           — Eu sei quem você é — sua voz aumentou um tom diverso, e os dentes juntaram-se em um sorriso novamente — agora a questão é: o que veio fazer na minha casa em uma hora tão inapropriada?

           — Paul. Quero falar com o Paul — apertei meus punhos, tomando coragem.

           Victorie arquejou e começou a sumir para dentro da residência.

            Devagar, o sorriso de Victor foi sumindo, seus lábios tornando-se uma linha fina e trêmula.

           — Do que se trata? — Ele piscou devagar.

            — É particular — algo no meu interior dizia que alguma coisa estava muito errada, precisava ser firme e uma boa mentirosa.

            — Bom. Acontece que o irresponsável do meu filho está doente. De cama. — Olsen bateu as mãos uma na outra e as entrelaçou, sugando o ar entre os dentes. — Resultado de todas essas noites de bebedeira com os amigos. Às custas do meu bolso.

           — Eu gostaria muito de vê-lo.

           — Infelizmente não poderá. Mas garanto que ele está bem, minha cara. Não tem com o que se preocupar. Logo o verá na escola — o homem aproximou o rosto do meu, voltando a sorrir com todos os dentes.

           Ficamos daquele jeito por longos segundos. Uma espécie de batalha mental. Algo na energia daquela família me deixava tonta e nervosa.

            — Tenha uma boa noite, princesa dos Lavelle — ele disse quase em um tom infantil, como se estivesse se controlando.

            A porta foi batida na minha cara sem mais nem menos, e com violência sem medida.

Todos, Menos NósOnde histórias criam vida. Descubra agora