Capítulo 13

83 9 70
                                    

   — Você ligou para a residência das Lavelle, não estamos em casa neste momento, então deixe seu recado após o sinal. (Piii): "Marissa e... hã... Nina... sou eu, Leopold... o vovô. Estou extremamente envergonhado pelo meu comportamento no nosso último jantar em família, já faz dias, por favor... me dêem a chance de me explicar. Sinto falta de vocês. Bom... me liguem. Estarei esperando.

       A mágoa que estava em mim era muito grande para aquelas poucas palavras. Crispando meus lábios, me afastei do telefone e vi uma Leda preocupada olhando na minha direção, com certeza querendo implorar para que eu perdoasse meu avô. Respirei fundo e apenas me despedi, dizendo que voltaria logo.

    Antes de fechar a porta, ouvi mais alguma coisa:

    — (Piii): "Marissa... sou eu, Leopold. Entendo toda a sua irritação, mas preciso que fale comigo à respeito de negócios agora. Estamos com... problemas...

       
          ═───────◇───────═

   — Mas afinal... como foi que ele morreu?

      — Ninguém sabe. Seth e Samyra não falam nada a respeito disso. Não sei foi dentro da cabana ou em algum lugar da floresta...

       — De repente foi um acerto de contas?

       — Ah, mesmo doente... Khaos D'arc nunca foi uma criatura indefesa. Ninguém seria tolo de enfrentá-lo.

        Eu ouvia a conversa de algumas senhoras atrás de mim, seguindo o cortejo de Khaos com Carl ao meu lado, fazendo um esforço muito grande para não demonstrar o quanto estava emotivo.

        Dario, Seth, Elvis e Bohdi carregavam o caixão pela colina que levava até o cemitério, ainda nos enormes terrenos que pertenciam à igreja. Apertei meu abdômen, tentando aliviar a tristeza que me atingia ao ver o quanto Seth estava abalado. Tudo o que eu queria fazer era abraçá-lo, mas como fazer isso depois de ter me afastado sem lhe dar explicações?

        Como explicar o porquê sem ferir a memória de seu amado avô?

          Carl e eu nos aproximamos do local do túmulo, onde muitos choravam e jogavam flores em cima do caixão que estava descendo para a cova.

        Seth trancava o maxilar, sem tirar os olhos de onde o avô estaria descansando.

        — Adeus, meu bom amigo. — Samyra deixou uma lágrima cair, enquanto jogava uma rosa vermelha.

        A mulher enigmática abraçou Seth e fez carinho em suas costas como uma mãe carinhosa faria. Ele fechou os olhos como se pudesse conter uma dor aguda e depois engoliu em seco.

         Carl mexeu-se desconfortável ao meu lado e começou a fazer uma oração silenciosa. Os olhos do garoto estavam fundos e ele não conseguia manter a concentração em conversas com pessoas por muito tempo.

          Estava claramente perdido.

          — Eu lamento tanto por ele... — Carl desabafou de repente. — Sabe, eu perdi meu pai ainda muito jovem também. Haviam coisas que... apenas aquela famosa "conversa de pai e filho" poderiam resolver, e eu não as tinha. É um vazio que eu possuo. Às vezes... sinto que não sou o marido que Susan merece, por mais que eu me esforce. E queria que meu pai estivesse aqui com a solução, que com certeza ele tinha. Por isso meu maior medo... — o motorista suspirou. — É partir deste mundo sem passar tudo o que eu sei de bom para o August. Se eu me for... com quem ele irá aprender a sobreviver? A ser um bom homem? Santo Deus... não gosto nem de pensar...

Todos, Menos NósOnde histórias criam vida. Descubra agora