Lily Apaixonada

Quinze Anos

A última peça de sashimi jazia, intocada, no prato de Lilian. Ela amava comida japonesa tanto quanto qualquer um, mas depois que comeu a segunda barca de sushi e sashimi, ela sabia que não comeria mais nada naquela noite.

— Posso? — Perguntou Petúnia, com o hashi apontado para o pedaço de salmão e Lilian empurrou o prato em direção à irmã.

Aquele era o último fim de semana de seu pai no Brasil. Na segunda, bem cedo, ele iria dirigir até a cidade vizinha para pegar um avião que o deixaria em Guarulhos. De lá, ele embarcaria em outra aeronave com destino a Londres, na Inglaterra. Durante o próximo mês, seriam só ela e a irmã, sozinhas em casa.

Por algum motivo, para se despedir, Benjamin decidira que iriam jantar juntos e levou as duas filhas a um restaurante japonês caro e disse que elas poderiam pedir o que quisessem. Lilian estranhou, imediatamente, a atitude do pai. Ele sempre estava viajando e já se ausentara por períodos mais longos, não era como se ela e Petúnia não estivessem acostumadas. No entanto, quando ele lhe deu a notícia da programação daquela sexta-feira, Lilian só pôde concordar.

Naquele momento, estava ansiosa para contar à Emmeline sobre a traição de Lucius. Não fazia ideia que Petúnia, sua querida irmã mais nova, já havia feito seu trabalho. Se soubesse deste fato, certamente teria convencido o pai a mudar os planos e não estaria sentindo o celular vibrar o tempo inteiro sem poder ler as mensagens que chegavam.

Naquela manhã, Emmeline decidira vingar-se do namorado beijando o melhor amigo dele na frente da escola inteira antes do primeiro horário. Lucius ficou furioso, é claro, sem entender o que estava acontecendo.

— Pra você aprender que eu não sou uma bonequinha que você usa e manipula quando quer. — Dissera Emmeline, com os olhos em fúria. — Ah, e caso você ainda não tenha percebido, a gente terminou.

Então, ela apenas se reuniu às amigas e foi para a sala, sem dar chances para Lucius falar coisa alguma. Minutos depois, a história do que acontecera na entrada no Hogwarts se espalhara e a escola inteira estava comentando sobre o assunto. Emmeline ignorou todos os colegas que a procuravam para saber o que havia acontecido, especialmente o ex-namorado. Naquela manhã, a menina com os cachos pintados de ruivo só falava com suas três melhores amigas.

— Toda vez que eu queria terminar, ele me convencia a continuar, porque casais tinham problema — Emmeline confessara, na hora do intervalo, quando Mary perguntou o que tinha dado nela e Marlene questionou o motivo daquela atitude não ser tomada há muito tempo. — Mas ouvir que eu estava sendo traída pela boca da irmã mais nova da minha melhor amiga... Não sei, acho que foi o suficiente para me fazer acordar e perceber que ele é um babaca.

E realmente havia sido. Pelo menos por enquanto. Lucius passou a tarde inteira tentando falar com Emmeline e recebendo um silêncio ensurdecedor como resposta. Lilian desconfiava que a atitude da amiga poderia mudar quando a raiva passasse, mas, por enquanto, ela estava se saindo muitíssimo bem.

Quando Lilian estava terminando de se arrumar para sair com os pais, no entanto, Marlene sugeriu que Emmeline respondesse Lucius, só para se divertirem. A ideia foi acatada pela menina, mas Lilian não viu o resultado da brincadeira, uma vez que estava presa em um jantar de família.

— Está preocupada com a sua amiga, querida? — Benjamin perguntou, percebendo que a filha estava bastante distraída. — Ela não acreditou?

— Graças a Petúnia — ela começou —, Emmeline acreditou em tudo.

Benjamin assentiu e calou-se.

— Pai — Lilian o chamou. Tinha algo incomodando-a, e não era apenas a conversa das amigas que ela não estava acompanhando. — Eu não quero ir para Londres.